Quarta, 30 Janeiro 2019 15:17

Brumadinho: cidade onde todos se conhecem, refúgio de natureza exuberante e polo de arte

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Por Humberto Trajano e Raquel Freitas, G1 Minas — Belo Horizonte e Brumadinho.

Uma cidade com ares de interior, encravada no entorno da Serra do Rola Moça, cortada pelo Rio Paraopeba, com uma população estimada de 39 mil habitantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cerca de 50 quilômetros de Belo Horizonte, assim é Brumadinho. A cidade de 80 anos completados em dezembro, que nasceu na época das bandeiras e se desenvolveu com base na mineração, foi palco de uma das maiores tragédias do país no último dia 25 de janeiro, o rompimento da Barragem da Mina do Córrego do Feijão, da Vale.

Brumadinho hoje é uma das maiores cidades da Região Metropolitana em área, são: 639,43 km². Belo Horizonte a nível de comparação tem uma área de 331,40 km². Conta com cinco distritos: Brumadinho, Aranha, Conceição do Itaguá, Piedade do Paraopeba e São José do Paraopeba, e diferentemente de várias cidades da Região Metropolitana, não tem favelas.

O acesso à cidade é feito ou pela BR-040, caminho para o RJ, ou então pela Fernão Dias. Indo pela BR-040, o caminho te leva ao Parque do Rola Moça; ao vilarejo de Casa Branca, onde há condomínios, pousadas, sítios e cachoeiras; ao distrito histórico de Piedade do Paraopeba; e a outras áreas rurais do município. Pela Fernão Dias, a estrada te leva ao centro da cidade e ao Inhotim – Centro de Arte Contemporânea.

Depois da mineração, a principal atividade de Brumadinho é a agricultura de pequeno porte. Segundo o IBGE, dos 20,5 mil hectares de lavoura, 17 mil são de produtores individuais, a maior área plantada é de pastagem. Mas a produção de hortaliças e frutas que abastecem a capital também se destaca. A prefeitura da cidade estimula a agricultura familiar e a produção de orgânicos.

Ainda de acordo com o Instituto, os vegetais mais produzidos são banana, laranja, mexerica e limão, goiaba, maracujá, tomate e batata doce. Brumadinho também compõe o cinturão verde de produção de hortaliças na Grande BH. Já a criação de animais é baseada em bovinos, suínos e aves.

Por ser de predominância rural, o Centro de Brumadinho é pequeno. Conta com construções históricas, já que a cidade abrigou o ramal Paraopeba da Ferrovia Central do Brasil, fazendo nascer e desenvolver o povoado, com a chegada de trabalhadores e imigrantes estrangeiros.

Conforme o IBGE, 19,5 % das vias públicas são urbanizadas e 65,4 % conta com esgotamento sanitário adequado. A maioria da população é católica. Em 2016, o salário médio mensal era de 2.4 salários mínimos.

Brumadinho é uma cidade em que todos se conhecem e, por isso, com quem você converse, sempre há uma história de dor e tristeza. Um parente, um amigo, um vizinho ou um conhecido que desapareceu após o rompimento da barragem. 

“Sempre foi uma cidade tranquila, é uma cidade que dá para andar a pé, é uma cidade que você pode fazer as coisas com tranquilidade, é uma cidade em que, realmente, todo mundo conhece todo mundo. E acho que, por isso, todo mundo está sofrendo junto”, diz a arquiteta Luiza Ferreira dos Santos Vieira, de 28 anos.

Desde a sexta-feira (25), essa tranquilidade do munícipio se transformou, e sua rotina foi completamente modificada.

Estradas foram interrompidas pelo mar de lama. Quatorze helicópteros cruzam o céu da cidade a todo tempo, e o barulho das hélices é praticamente constante. Aos 40 mil habitantes, agora se somam, por exemplo, centenas de bombeiros, policiais militares e até integrantes do Exército de Israel.

Pessoas de fora não são novidade em Brumadinho por causa do Instituto Inhotim, referência internacional no mundo das artes. Agora, porém, invés de turistas, a cidade atrai olhares de jornalistas de outros estados e até de outros países.

Moradores dizem que, além de lar, Brumadinho é refúgio, lugar de alegria. A auxiliar de serviços-gerais Sirlene Aparecida de Paula, de 43 anos, afirma que a festa padroeira e o carnaval estão entre as principais festividades do município. Entretanto, para ela, pelo menos para a festa que se aproxima no mês março, clima não haverá.