Sábado, 11 Maio 2019 19:27

'Nunca pensei que teria casa de bloco', diz baiana que recebeu doação de Deborah Secco e Hugo Moura

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Por Alan Oliveira, G1 BA.

Moradora de uma comunidade na zona rural da cidade de Canudos, no sertão da Bahia, a dona de casa Ivandi de Jesus Cardoso sempre viveu em residências construídas com taipa (terra batida). Ao longo da vida, ela nunca teve banheiro, água encanada e nem móveis onde vivia com os filhos.

Beneficiada pelo projeto Retratos de Esperança, que ajuda pessoas carentes no interior da Bahia, a dona de casa foi ajudada pela atriz Deborah Secco e o marido, o surfista e ator Hugo Moura, e, agora, vai ter uma casa de verdade. O imóvel começou a ser construído nos últimos dias.

Após contato por redes sociais com o projeto, o casal contribuiu para a realização do sonho de Ivandi, com direito a mobília e tudo mais que a família da dona de casa tem direito. A casa fica no mesmo terreno onde Ivandi mora atualmente. O imóvel tem previsão de ser entregue ainda neste mês.

 
Dona Vanda — Foto: Bismarck/Arquivo Pessoal

Dona Vanda — Foto: Bismarck/Arquivo Pessoal

Além de Ivandi, a residência irá abrigar o marido da dona de casa e os seis filhos do casal, que têm idades entre 6 meses e 14 anos.

Dona Vanda, como Ivandi é conhecida, conta que, como nunca teve água encanada em casa, o primeiro banho de chuveiro dela e dos filhos será na casa nova. Antes, a família se banhava de balde, na cisterna da moradia antiga.

 

Segundo a dona de casa, entre essa e outras dificuldades, o imóvel de taipa também chegou a oferecer risco para a família.

 

Em um dia de chuva, um pedaço da parede da residência caiu sobre a cama onde um dos meninos dormia. O barro atingiu a perna da criança, que não chegou a ter ferimentos graves. Contudo, o episódio alertou a família para o risco.

"[O barro] caiu em cima da cama do menino pequeno. Ele estava perto da parede, aí bateu na perna dele. Tem vez, quando chove, que cai nas camas dos meninos. Aí nós tiramos eles e colocamos na outra cama"

Dona Vanda conta que o que mantém as despesas da família são os bicos do marido e o valor que recebe pelo programa federal "Bolsa Família". Com o dinheiro que recebe, a dona de casa paga as contas e a alimentação dos filhos.

Em entrevista ao G1, Ivandi revelou que já chegou a passar necessidade com os filhos em determinados momentos da vida, quando o dinheiro não foi o bastante.

A família nunca teve condições de proporcionar melhorias na casa antiga e, por isso, a ajuda foi tão importante para uma vida mais digna.

"Estou tão feliz, alegre, porque eu vou ter minha casa. Nunca pensei que teria casa de bloco. Sempre sonhei ter meu sofá, meu armário, a cama de meus filhos, o guarda-roupas deles. Agora conseguirei"
 

Emocionada, dona Vanda agradece a Deborah Secco, que ela só conhece das novelas na TV.

"Agradeço muito a ela, pelo que ela fez pra mim. Desejo que ela faça o bem para todo mundo. Que deus nunca deixe faltar nada para ela"

Por meio de assessoria, a atriz também comentou a importância da ajuda à família.

“Muito feliz em fazer parte desse projeto lindo, mas esse é só um dos primeiros passos de uma longa trajetória, de muitas coisas que ainda temos pra fazer. Conto com todos vocês pra ajudarem da forma que puderem"

Projeto

 
Casa de taipa de pessoa beneficiada pelo projeto  — Foto: Reprodução/Instagram

Casa de taipa de pessoa beneficiada pelo projeto — Foto: Reprodução/Instagram

Além de dona Vanda, outras famílias da comunidade foram beneficiadas pelo projeto Retratos de Esperança.

No total, 13 casas, incluindo a de Ivandi, estão sendo construídas, com a ajuda de doações. Todas as pessoas ajudadas pela iniciativa moravam em casas de taipa.

O projeto foi idealizado em 2015 pelo fotógrafo baiano Bismarck Araujo. O profissional conta que encontrou na fotografia a forma de realizar um sonho: pedir ajuda para transformar a realidade de pessoas em vulnerabilidade social, assim como ele esteve.

Em 2016, o fotógrafo ministrou as primeiras palestras, mostrando pelas fotos a realidade sertaneja, sensibilizando pessoas e pedindo ajuda.

Um ano depois, o trabalho do fotógrafo se transformou em livro de fotografias, que teve renda revertida para construção da primeira casa entregue pelo projeto, na cidade de Santa Luz, a 274 km de Salvador.

 
Birmarck e crianças do projeto — Foto: Reprodução/Instagram

Birmarck e crianças do projeto — Foto: Reprodução/Instagram

Bismarck conta que o projeto não tem vínculos políticos e nem religiosos. Por isso, as ações são desempenhadas a partir de pessoas que:

  • Apadrinham pessoas (pelo site da Fraternidade Sem Fronteiras);
  • Realizam doações para o projeto;
  • Doam serviços nos atendimentos durante as caravanas e o "Retratos de Esperança Solidário";
  • Doam experiências e conhecimentos realizando cursos, capacitações, atividades educativas e recreativas;
  • Compram quadros, fotografias, livros, camisas e artesanato em sisal;
  • Doam seus dons em forma de produtos a serem vendidos para o projeto;
  • Apadrinham uma criança na escola (mensalidade e materiais escolares);
  • Se voluntariam, multiplicando o Retratos de Esperança em suas localidades, realizando eventos, vendendo produtos da ação e promovendo exposições fotográficas em prol do projeto.

São atendidos diretamente os municípios baianos de Retirolândia, Santa Luz, Valente, Riachão do Jacuípe, São Domingos, Canudos, Uauá, Poções, Brejões, Ribeirão do Largo, Lençóis, e indiretamente milhares de pessoas em outras cidades do estado e do Brasil, por meio de palestras, ações e doações pontuais.

 
Projeto Retratos de Esperança — Foto: Reprodução/Instagram

Projeto Retratos de Esperança — Foto: Reprodução/Instagram

 Evento do projeto — Foto: Reprodução/Instagram

Evento do projeto — Foto: Reprodução/Instagram