Segunda, 11 Maio 2020 20:29

Pesquisa aponta crescimento de 105% de casos de Covid-19 em Feira de Santana após flexibilização do

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Por G1 Bahia.

Um estudo realizado por um coletivo que inclui pesquisadores do Instituto Federal da Bahia (IFBA), da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e voluntários do CoronaVidas.net aponta que os casos de coronavírus em Feira de Santana cresceram 105% desde o dia 21 de abril, quando a prefeitura do município decidiu flexibilizar o funcionamento do comércio, com a reabertura de estabelecimentos com até 200 metros quadrados.

No dia 21, Feira de Santana registrava 58 casos de coronavírus. Desde então, até a última sexta-feira (8), o município identificou 61 novos infectados e totalizou 119, com destaque para a semana seguinte ao decreto que autorizou a retomada do comércio, quando a curva de contaminação saltou de, em média, três casos por dia para um pico de 19 notificações em apenas 24 horas.

O pesquisador Fábio Barreto, que é mestre em Tecnologias aplicáveis à Bioenergia e doutorando em Difusão do Conhecimento (UFBA/IFBA), aponta que Feira de Santana demorou 24 dias para ter os primeiros 12 casos. Para atingir 50 casos, foram necessários 46 dias. Três semanas após a flexibilização do isolamento, o número mais que dobrou.

“"Feira de Santana teve um aumento significativo no número de casos. Esse número de casos acontece a partir da flexibilização do comercio. O modelo de incubação do coronavírus acontece a partir de sete dias e dura até 14 dias. Essa curva começa a crescer exatamente nessa mudança, onde temos um achatamento que deixa de existir. É preocupante. Quando você começa a perceber os números, que são exponenciais, a previsão é de que se tenha um aumento mais significativo nos próximos dez dias”, disse o pesquisador.

 
“Saímos de 58 para 119 casos no intervalo de 18 dias. Os dados representam um alerta para que as medidas de isolamento social sejam intensificadas em vez de afrouxadas, e podem ajudar a tomada de decisões por parte dos gestores públicos”.

O pesquisador aponta que o cenário pode piorar bastante ao longo de maio, caso a cidade não volte a adotar medidas restritivas mais duras.

“O que nos preocupa é que, em menos de três semanas, se tem o dobro dos casos de 46 dias. Temos um gráfico exponencial. Se fazemos uma projeção até o fim de maio, teremos mais de 300 pessoas infectadas em Feira de Santana. E isso preocupa. Medidas devem ser tomadas para que o distanciamento social ocorra, de forma que a cidade tenha a preocupação com o aumento de casos”, declarou.

 Evolução dos casos de coronavírus em Feira de Santana — Foto: Divulgação / Coronavidas

Evolução dos casos de coronavírus em Feira de Santana — Foto: Divulgação / Coronavidas

O prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, concedeu entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira e afirmou que a flexibilização do comércio não pode ser encarada como razão principal para o aumento de casos de coronavírus no município. Ele destacou que a cidade registrou aglomerações em mercados, durante a distribuição do auxílio fornecido pelo governo do estado para estudantes, e também nas agências bancárias, com a busca pelo auxílio emergencial do governo federal.

 

“"Esses dados mostrados por uma pesquisa, que é bem específica, direcionada, é bom que se coloque que foi feita sem avaliar muitas situações. No dia 20 de abril o governo do estado começou a pagar benefícios para 60 mil famílias de Feira de Santana. Estudantes foram para supermercados pegar a cesta básica. Isso ocorreu até semana passada. No dia 22 de abril, o governo federal começou a pagar o auxílio emergencial. A maior aglomeração não foi o comércio, foi a fila na Caixa Econômica. Tivemos transmissão comunitária. O número de aumento de casos é previsto. A Universidade de Feira de Santana projetava 200 casos para essa semana, mas não chegamos a esse número”, declarou Colbert Martins.

“Estamos flexibilizando há um bom tempo. É bom colocar o gráfico e dizer que está subindo, mas está subindo na Bahia inteira. Qual era a opção? Fechar a Caixa? Proibir famílias de pegar a cesta básica do governo?”, questionou o prefeito de Feira de Santana

Até a amnhã desta segunda-feira, a Bahia havia registado mais de 5,5 mil casos confirmados de coronavírus, com 202 mortes.

Distribuição de máscaras de proteção

Além de realizar pesquisas sobre o coronavírus, o coletivo Coronavidas arrecada doações para adoção de ações que contribuam na luta contra a COVID-19. Fábio Barreto conta que, na Bahia, foram distribuídas mais de 22 mil máscaras de proteção, repassadas ao governo do estado para auxiliar médicos em unidades hospitalares da rede pública.

 Pesquisador Fábio Barreto, do projeto Coronavidas — Foto: Divulgação / Coronavidas

Pesquisador Fábio Barreto, do projeto Coronavidas — Foto: Divulgação / Coronavidas

 

“O Coronavidas tem o papel de unir a sociedade civil. Hoje temos mais de 550 pessoas como voluntários em quatro estados do país, 18 cidades, que se envolvem em ações que combatam o coronavírus. Entregamos mais de 22 mil unidades no estado da Bahia. Tudo doação. A gente não entrega nada para o setor privado. Agora entregaremos máscaras de acrílico para a Caixa Econômica. Agente entende que o profissional que está ali, o bombeiro que atua para organizar a fila, o estagiário, o servidor, se adoecerem na agencia bancária, a gente vai ter um caos maior naquele ambiente de pagamento de auxílio”, comentou o pesquisador.

Para fazer uma doação, é preciso entrar no site do coletivo, escolher o projeto que se quer auxiliar e preencher os dados necessários. Na Bahia, estão disponíveis para doações ações em Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Jequié e Vitória da Conquista.