Terça, 22 Novembro 2022 09:56

Escolas baianas são premiadas pela Defensoria Pública do estado por ensino antirracista: 'esperança

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Por g1 BA — Salvador.

Umas das frases mais conhecidas da filósofa estadunidense Angela Davis diz que "não basta não ser racista. É necessário ser antirracista". E é com base nessa linha de pensamento, que a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) premia, nesta terça-feira (22), oito escolas e uma professora da rede pública de ensino de Salvador.

Essa é a primeira premiação da DPE voltada para o reconhecimento de instituições de ensino e corpo docente que promovem a formação dos alunos voltada à educação para as relações étnico-raciais na Bahia. O evento aconece a partir das 14h no auditório da Escola Superior da Defensoria, no bairro do Canela, em Salvador.

 

"Decidimos tratar essa questão no ambiente escolar, que é a segunda comunidade da criança. A primeira é a família. A gente sabe que a escola é um ambiente que está inserido no ambiente racista. As crianças negras têm a primeira vivência com racismo no ambiente escolar. A ideia desse projeto é chegar antes das situações", explica a defensora pública Laissa Rocha, da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.

A defensora lembra que já existem leis que ensinam o estudo da cultura afrobrasileira nas escolas. Mas um diagnóstico da Defensoria mostrou que há escolas que sequer conheciam as leis.

 
"A premiação é muito com o objetivo de destacar praticas educacionais", diz.

Para essa primeira edição do selo, a Defensoria apresentou um edital que contempla algumas categorias: Selo Compromisso: Prêmio Oru; Selo Reconhecimento – Prêmio Idanimo; Selo Excelência – Prêmio Uora; Selo Inovação e Criatividade na Educação Pública – Prêmio Kerawa. Os certificados recebidos pelas instituições terão palavras em idiomas africanos, reforçando a relação de valorização étnico-racial.

Além de oito escolas, a educadora Maria Glácia Conceição Bastos será premiada. Ela foi vencedora do Selo Professor(a) Antirracista – Prêmio Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva.

Para a defensora Laissa Rocha, durante o processo de avaliação das escolas foi possível notar diversas ações que são realizadas pelas unidades de ensino. Ela considera que as práticas representam esperança de um sociedade mais igualitária.

"Tivemos gratas surpresas, tanto em escolas públicas quanto em escolas privadas, com trabalhos louváveis. Escolas não só com educação antirracista, mas com educação afrocentrada. Tivemos surpresas boas e muito positivas. Pudemos aprender muito com essas escolas", disse.

"Vemos que estamos começando a caminhar e apesar de escolas que trabalham questões isoladas, como em novembro para o negro, ou em abril para o indígena vemos ações, como uma lampejo de esperança para uma real transformação no futuro", disse Laissa.

Laissa Rocha apontou como um dos destaque da premiação, o fato de encontrar na Bahia escolas que iam além do que diz a lei em relação à educação.

"A primeira grande surpresa foi o fato de três escolas não apenas se limitarem a cumprir a lei, mas oferecerem uma educação afrocentrada. E a segunda foi em relação ao trabalho do professor. Ficou evidente como um trabalho de excelência contagia toda a escola", destacou.

Uma das unidades premiadas é Escola Afro-brasileira Maria Felipa. A escola particular que desde a fundação realiza o trabalho voltado para educação antirracista foi notícia em 2019, quando defendeu um professor transgênero, do seu quadro de profissionais, ter sofrido discriminação após uma mulher interessada em matricular o filho na unidade desistir da matrícula porque o professor era transgênero. A postagem viralizou nas redes sociais.

Escola afro em Salvador educa a partir de diferentes culturas
 Escola afro em Salvador educa a partir de diferentes culturas
 

As instituições de ensino premiadas estão localizadas em bairros de Salvador como Água de Meninos, Cabula, Federação, Itaigara, Ribeira e Vila Laura. A coordenadora da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Gisele Aguiar diz que o lançamento da premiação evidenciou a importância de as escolas institucionalizarem a educação para as relações étnico-raciais no sistema de ensino brasileiro.

"Nós pensamos em reformular o edital para as próximas edições, no sentido de aprimorar ainda mais essa certificação. E, entre os pontos de destaque, para nós ficou claro que, quando há engajamento do corpo docente, da coordenação e do corpo diretivo das escolas, se busca a implementação das leis, mesmo que com poucos recursos", disse Gisele Aguiar.

No total, foram 21 escolas e seis professores inscritos disputaram a certificação na capital baiana.

Vejas as unidades e a educadora premiada pela DPE

  • Escola Afro-Brasileira Maria Felipa
  • Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos
  • Escoa Experimental
  • Escola Maria Gregória dos Santos
  • Escola Municipal de Itacaranha Manoel Faustino
  • Creche Escola Villa Encantanda
  • SARTE - Escola SEB Unidade Nobel
  • CMEI Angelina Rocha de Assis
  • Professora Maria Glácia Conceição Bastos - Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos