Além dele, o primo e dois amigos de Natanael Bispo, de 21 anos, ainda não foram achados. Homens trabalhavam no local do acidente.
Por G1 BA.
A busca por informações sobre o paradeiro de familiares desaparecidos tem tirado o sono de centenas pessoas, desde que Brumadinho (MG) foi atingida por um mar de lama, após o rompimento de uma barragem de rejeitos minerais, na última sexta-feira (25). Até a noite deste domingo (27), 58 pessoas já tinha sido localizadas mortas e 305 ainda não tinham sido encontradas.
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Entre os desaparecidos, estão o pai, um primo e dois amigos de Natanael Bispo, de 21 anos. Os quatro são da cidade de Santo Amaro, no recôncavo da Bahia, e trabalhavam no local atingido pela lama no momento do acidente. Natanael está acompanhando as buscas em Brumadinho. Após 48 horas, o jovem reclama porque ainda não sabe o paradeiro dos entes queridos.
Em um vídeo enviado ao G1, o baiano comenta a angústia da busca por informações. Emocionado, Natanael cobra respostas das autoridades. [Assista ao vídeo acima]
"São trabalhadores que estão lá, desaparecidos. Familiares não têm notícias. Foi uma faca que foi cravada aqui no meu peito. É meu pai, meu primo, meus conhecidos que estão lá... colegas meus. São seres humanos. Tem muito pai de família, muita mãe de família, que tem que levar o sustento para sua casa. E nenhuma posição. Nós somos familiares. Nem uma notícia nós temos o direito de ter. Já fizeram 48h e, até hoje, nada", comentou o jovem.
Os baianos desaparecidos são: Alex Mário Moraes Bispo (primo de Natanael), de 22 anos, Ademário Bispo (pai de Natanael), de 51, Ednilson Dos Santos Cruz e George Conceição de Oliveira, de idades não informadas. Eles eram funcionários de uma terceirizada da Vale, que é responsável pela barragem. Os nomes deles estão na lista de desaparecidos divulgada pela empresa.
De acordo com Natanael, todos os quatro baianos moram em Mário Campos, município a cerca de 20 minutos de Brumadinho. Eles saíram na manhã de sexta para trabalhar e depois da tragédia não fizeram mais contato.
"Falei com ele [Ademário] 11h40. Ele estava no refeitório, almoçando. Quando fiquei sabendo da tragédia, por volta de 13h30, liguei para ele e não consegui mais falar. Não tenho notícia nenhuma, informação nenhuma", contou.
O jovem contou que Ademário mora há um ano e meio em Mário Campos, mas prestava serviços para a Vale há cerca de 6 meses. Segundo Natanael, o pai tinha dito que não ia trabalhar na sexta, dia da tragédia, mas mudou de ideia após o amigo George oferecer uma carona.
"Ele não ia trabalhar, foi porque George foi de carro próprio, e não precisou ir no ônibus [da empresa] tão cedo. Ele disse que não queria ir trabalhar", disse.
Após o desaparecimento dos baianos, a prefeitura de Santo Amaro divulgou uma nota na redes sociais, se solidarizando com os familiares. A cidade tem cerca de 12 mil habitantes. A população também acompanha as buscas, à distância.