Nas últimas semanas, país foi escolhido por duas vezes como 'Fóssil do Dia', anti-premiação que escolhe os países que tiveram a pior atuação no campo ambiental.
Por G1 e TV Globo.
O Brasil recebeu nesta sexta-feira (13) o prêmio de "Fóssil Colossal", um reconhecimento simbólico e não oficial que destaca um país por ações prejudiciais ao meio ambiente. O troféu irônico é dado pela Rede Internacional de Ação Climática (CAN) ao "pior entre os piores" da COP 25, cúpula do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em Madri.
Três motivos para a escolha do Brasil, segundo a CAN:
- Culpar ambientalistas pelas queimadas na Amazônia
- Vetar a menção dos Direitos Humanos no artigo 6.4, sobre créditos de carbono
- Se opor ao uso da expressão Emergência Climática na redação do texto final da COP
"O prêmio foi dado ao Brasil porque o país deixou de ser referência na COP", disse à TV Globo Kevin Buckland, porta-voz da CAN. "Nos últimos anos ele teve um trabalho excelente na redução de suas emissões, mas agora vemos surgir violações nos direitos humanos e a destruição em massa da floresta Amazônica."
Jaciara Borari, representante do povo Borari de Alter do Chão (PA), recebeu, pelo Brasil, a premiação em Madri. Ela lamentou que o país seja lembrado pelo desmatamento e defendeu que deveria se destacar como protetor das florestas e dos povos indígenas.
Jaciara Borari, representante do povo Borari, de Alter do Chão (PA), na COP 25 — Foto: Reprodução/TV Globo
"Eu recebi este prêmio com tristeza", disse Jaciara. "A gente está aqui para falar do aumento do desmatamento, da liberação de mais de 400 agrotóxicos, enquanto a gente poderia estar aqui falando do quanto de diversidade a gente tem."
A Rede organiza simultaneamente a premiação "Raio do Ano", esta reconhecendo os esforços em apoio ao combate das mudanças climáticas. Neste ano, a organização reconheceu os povos indígenas pela sua luta e a juventude que se uniu nas marchas pelo clima em todo o mundo.
Fóssil do Dia
Antes da anti-premiação final, organizada pela CAN, o Brasil recebeu por duas vezes nas últimas semanas o reconhecimento "Fóssil do Dia", por sua atuação no campo ambiental. O prêmio é dado a mais de um país durante o período da COP.
Na primeira vez, divulgada em 3 de dezembro, o governo brasileiro venceu "por culpar a sociedade civil pelas queimadas na Amazônia". Nesta quarta (11), o país foi "premiado" por por "legitimar a grilagem de terras e a anistia do desmatamento".
Além dos dois troféus de 2019, esse é o segundo ano consecutivo em que o presidente Jair Bolsonaro é vinculado ao Brasil no prêmio. No ano passado, quando já havia sido eleito, ele foi reconhecido pelos ativistas por ter se recusado a sediar no Brasil a cúpula que debate mundialmente sobre o clima. As declarações do então futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também foi lembrado por declarações sobre aquecimento global em seu blog pessoal.
Em 2017, o Brasil, durante a gestão de Michel Temer, também ganhou o destaque negativo por causa de uma medida provisória que propos reduzir impostos da exploração e produção de petróleo e gás.
COP 25
Começou na segunda (2), a cúpula do clima da ONU em Madri. Nela, representantes de quase 200 países, totalizando quase 29 mil pessoas, participaram de debates e articulações até 13 de dezembro.
O principal desafio da COP 25 é acelerar o combate às mudanças climáticas. Eventos climáticos extremos no mundo inteiro, como enchentes e queimadas, estão ligados ao aquecimento global causado pelo ser humano, conforme demonstram estudos científicos realizados em diferentes países.
Neste ano, o slogan adotado foi "Hora da Ação" (Time for Action). Desde 2015, quando foi assinado um grande acordo climático global, o Acordo de Paris, as conferências do clima anuais têm se dedicado a como colocá-lo em prática (veja no vídeo mais detalhes sobre a COP 25).