Sexta, 13 Dezembro 2019 21:06

Brasil ganha prêmio 'Fóssil Colossal' na COP 25 por 'culpar ambientalistas pelas queimadas na Amazôn

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Por G1 e TV Globo.

O Brasil recebeu nesta sexta-feira (13) o prêmio de "Fóssil Colossal", um reconhecimento simbólico e não oficial que destaca um país por ações prejudiciais ao meio ambiente. O troféu irônico é dado pela Rede Internacional de Ação Climática (CAN) ao "pior entre os piores" da COP 25, cúpula do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em Madri.

Três motivos para a escolha do Brasil, segundo a CAN:

  • Culpar ambientalistas pelas queimadas na Amazônia
  • Vetar a menção dos Direitos Humanos no artigo 6.4, sobre créditos de carbono
  • Se opor ao uso da expressão Emergência Climática na redação do texto final da COP
 

"O prêmio foi dado ao Brasil porque o país deixou de ser referência na COP", disse à TV Globo Kevin Buckland, porta-voz da CAN. "Nos últimos anos ele teve um trabalho excelente na redução de suas emissões, mas agora vemos surgir violações nos direitos humanos e a destruição em massa da floresta Amazônica."

Jaciara Borari, representante do povo Borari de Alter do Chão (PA), recebeu, pelo Brasil, a premiação em Madri. Ela lamentou que o país seja lembrado pelo desmatamento e defendeu que deveria se destacar como protetor das florestas e dos povos indígenas.Jaciara Borari, representante do povo Borari, de Alter do Chão (PA), na COP 25 — Foto: Reprodução/TV Globo

Jaciara Borari, representante do povo Borari, de Alter do Chão (PA), na COP 25 — Foto: Reprodução/TV Globo

 

"Eu recebi este prêmio com tristeza", disse Jaciara. "A gente está aqui para falar do aumento do desmatamento, da liberação de mais de 400 agrotóxicos, enquanto a gente poderia estar aqui falando do quanto de diversidade a gente tem."

A Rede organiza simultaneamente a premiação "Raio do Ano", esta reconhecendo os esforços em apoio ao combate das mudanças climáticas. Neste ano, a organização reconheceu os povos indígenas pela sua luta e a juventude que se uniu nas marchas pelo clima em todo o mundo.

Fóssil do Dia

Antes da anti-premiação final, organizada pela CAN, o Brasil recebeu por duas vezes nas últimas semanas o reconhecimento "Fóssil do Dia", por sua atuação no campo ambiental. O prêmio é dado a mais de um país durante o período da COP.

Na primeira vez, divulgada em 3 de dezembro, o governo brasileiro venceu "por culpar a sociedade civil pelas queimadas na Amazônia". Nesta quarta (11), o país foi "premiado" por por "legitimar a grilagem de terras e a anistia do desmatamento".

 
 

Além dos dois troféus de 2019, esse é o segundo ano consecutivo em que o presidente Jair Bolsonaro é vinculado ao Brasil no prêmio. No ano passado, quando já havia sido eleito, ele foi reconhecido pelos ativistas por ter se recusado a sediar no Brasil a cúpula que debate mundialmente sobre o clima. As declarações do então futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também foi lembrado por declarações sobre aquecimento global em seu blog pessoal.

Em 2017, o Brasil, durante a gestão de Michel Temer, também ganhou o destaque negativo por causa de uma medida provisória que propos reduzir impostos da exploração e produção de petróleo e gás.

COP 25

Começou na segunda (2), a cúpula do clima da ONU em Madri. Nela, representantes de quase 200 países, totalizando quase 29 mil pessoas, participaram de debates e articulações até 13 de dezembro.

O principal desafio da COP 25 é acelerar o combate às mudanças climáticas. Eventos climáticos extremos no mundo inteiro, como enchentes e queimadas, estão ligados ao aquecimento global causado pelo ser humano, conforme demonstram estudos científicos realizados em diferentes países.

Neste ano, o slogan adotado foi "Hora da Ação" (Time for Action). Desde 2015, quando foi assinado um grande acordo climático global, o Acordo de Paris, as conferências do clima anuais têm se dedicado a como colocá-lo em prática (veja no vídeo mais detalhes sobre a COP 25).