Mesmo em condições climáticas diferentes, planta endêmica na Ásia cultivada por engenheiro agrônomo cresceu após 10 anos. Calor acentua fedor.
Por G1 Ribeirão Preto e Franca.
Bonita aos olhos, uma flor-cadáver que recentemente se abriu em um sítio de Batatais (SP) tem chamado a atenção dos curiosos, mas logo os espanta por causa de uma característica peculiar.
Considerada uma planta exótica no Brasil, mas endêmica em algumas regiões da Ásia, a planta de grandes proporções da espécie Amorphophallus titanum exala um cheiro forte que se assemelha a carne podre e torna a proximidade quase impossível, principalmente em dias quentes.
“O pessoal vem, tira foto e sai correndo por causa do cheiro”, diz o agricultor e engenheiro agrônomo Paulo Eduardo Cerri, colecionador da espécie.
Flor demorou 10 anos para abrir em Batatais, SP — Foto: Fábio Junior/ EPTV
Presente especial
Há dez anos, Paulo ganhou as sementes de um amigo dos Estados Unidos, as plantou em cinco caixas d'água no sítio em Batatais e, mesmo a 16 mil quilômetros do habitat natural dela, conseguiu com que três brotassem e duas florescessem.
A Amorphophallus titanum é comum em florestas tropicais a oeste da Ilha de Sumatra, na Indonésia, onde o ar é muito úmido e a temperatura quase não varia durante o ano. A planta é famosa por ter a maior inflorescência do reino vegetal com até três metros de altura e 75 quilos.
“Ganhei o presente, plantei, esperei e hoje tenho as flores. Mas nunca achei que a planta chegasse a florescer, por estar em uma condição muito diferente da região original dela. Isso foi uma surpresa”, destaca.
Amorphophallus titanum que floresceu em Batatais, SP, é uma das espécies mais raras (e estranhas) do mundo — Foto: Fábio Junior/EPTV
Com a experiência, Cerri descobriu que a flor é resistente ao clima brasileiro, onde encontrou um meio de se manter.
“Nas épocas secas e frias do ano, ela entra em dormência. As folhas ficam secas e a planta dorme, ou seja, o bulbo fica debaixo da terra. Quando a condição do tempo melhora, ela rebrota novamente”, explica.
Mas a floração vem acompanhada do desagradável efeito colateral que faz jus à denominação de flor-cadáver. “Ela é mal cheirosa. Na hora do sol quente, o cheiro é muito desagradável. É o pior horário. Ninguém aguenta ficar por perto”, comenta Cerri.
Assim como o espetáculo visual, o odor dura somente três dias, período em que a planta se fecha para somente se reabrir em dois ou três anos.
No período seco e frio do ano as folhas secam e a planta entra em dormência no sítio em Batatais, SP — Foto: Fábio Junior/EPTV