Pela manhã, Teich teve encontro com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Em seguida, assessoria da pasta anunciou a demissão. Ex-ministro não explicou o motivo da decisão.
Por Gustavo Garcia, G1 — Brasília.
Um dia antes de completar um mês no cargo e em meio à explosão de casos e mortes pela epidemia do coronavírus no país, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou nesta sexta-feira (15), em pronunciamento no Ministério da Saúde, que "escolheu" deixar a pasta.
Ele fez a afirmação durante um rápido pronunciamento no auditório do ministério ao lado do secretário-executivo, general Eduardo Pazuello, e de técnicos da pasta.
"A vida é feita de escolhas. E eu hoje escolhi sair", afirmou o ex-ministro.
Até esta sexta-feira (15), segundo levantamento exclusivo do G1 junto às secretarias estaduais de saúde, o Brasil acumulava 14.455 mortes provocadas pela covid-19 e 212.198 casos confirmados da doença.
O ex-ministro não explicou o motivo que o levou a tomar a decisão. Em entrevista no Palácio do Planalto após a fala de Teich, o ministro Braga Neto (Casa Civil) disse que ele saiu por "questão de foro íntimo".
Teich disse que não aceitou o convite para ser ministro em razão do cargo. "Eu aceitei porque achava que poderia ajudar o Brasil e ajudar as pessoas", afirmou.
Pela manhã, ele teve um encontro com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Em seguida, a assessoria da pasta anunciou a demissão. É a 11ª mudança em ministérios em pouco mais de 14 meses de governo.
Ao deixar o auditório do Ministério da Saúde logo após após o pronunciamento, sem dar entrevista, o ex-ministro foi questionado se o motivo da saída era a insistência do presidente Jair Bolsonaro em relação ao uso da cloroquina como medicamento a ser adotado logo no início dos sintomas da covid-19, doença provocada pelo coronavírus. Teich não respondeu.
Em sua fala, o ex-ministro agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro pela oportunidade de ter comandado o ministério e elogiou a dedicação da equipe que trabalhou com ele.
"Eu agradeço ao presidente Jair Bolsonaro a oportunidade que ele me deu de fazer parte do Ministério da Saúde. Isso era uma coisa muito importante pra mim. Seria muito ruim na minha carreira não ter tido a oportunidade de atuar no ministério pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Eu escrevi uma vez que eu sou uma pessoa formada. Eu nasci graças ao serviço público. Sempre estudei em escola pública. Minha faculdade foi pública, minhas residências foram em hospitais federais. Eu fui criado no sistema público.", declarou.
Ele disse que deixou pronto para governadores e secretários estaduais um plano de combate ao coronavírus. Segundo o ministro, um programa de testagem também está pronto para ser aplicado.
Trajetória no ministério
Teich deixou o cargo antes de completar um mês à frente da pasta. Apesar de uma nota oficial do ministério dizer que ele pediu demissão, assessores da Saúde afirmaram que o ministro foi demitido.
Nelson Teich tomou posse em 17 de abril. Essa é a segunda saída de um ministro da Saúde em meio à pandemia do coronavírus. Teich havia substituído Luiz Henrique Mandetta.
Assim como Mandetta, Teich também acumulou divergências com o presidente Jair Bolsonaro sobre as medidas para combate ao coronavírus.
Nos últimos dias, o presidente e Teich tiveram desentendimentos sobre:
- o uso da cloroquina no tratamento da covid-19 (doença causada pelo vírus). Bolsonaro quer alterar o protocolo do SUS e permitir a aplicação do remédio desde o início do tratamento.
- o decreto de Bolsonaro que ampliou as atividades essenciais no período da pandemia e incluiu salões de beleza, barbearia e academias de ginástica
- detalhes do plano com diretrizes para a saída do isolamento. O presidente defende uma flexibilização mais imediata e mais ampla.