por Claudio Dias - Estadão
A madrugada desta terça-feira, 24, foi de terror no município de Araraquara, a cerca de 270 quilômetros da capital paulista. A Polícia Militar estima que 20 bandidos agiram simultaneamente, a partir das 2h30, para roubar uma agência bancária no centro da cidade. Além de fazer um morador refém, veículos foram incendiados para dificultar a resposta policial. Até o momento, ninguém foi preso. Nenhum policial se feriu e não foi informado o valor roubado.
Parte do bando foi em direção a agência da Caixa Econômica Federal, ao lado da igreja matriz da cidade. Outros ficaram nos arredores, onde criaram uma espécie de ‘cordão’ de segurança, enquanto uma terceira ala da quadrilha se afastava da polícia.
Em frente ao 13º Batalhão da Polícia Militar do Interior, na Vila Ferroviária, veículos de moradores foram incendiados. Os ladrões ainda tentaram atear fogo em um caminhão estacionado, sem sucesso. Policiais militares foram chamados às pressas para reforçar a operação policial.
Um vizinho do Batalhão da PM presenciou a cena. Dois assaltantes ficaram no quintal da sua casa em frente ao Centro de Ressocialização (CR) feminino, ao lado do quartel, enquanto os comparsas incendiavam um caminhão e um carro. “Foi muito tiro. Eles, que estavam vestidos com roupas pretas e usavam armas longas, só falavam: não sai, não sai.”
Um protético de Araraquara, que pediu para não ser identificado por medo de represália, acabou na rota dos bandidos ao deixar a clínica onde trabalha. Ele foi rendido por integrantes da quadrilha no caminho para casa durante a madrugada na região central, ao passar ao lado do Hotel Municipal, um prédio tombado pelo patrimônio histórico.
Sob a mira de um fuzil, ele foi obrigado a ficar sem camisa, para deixar claro que não escondia nenhuma arma, e a sentar no chão enquanto acompanhava a movimentação dos bandidos. A um amigo, o protético disse ter visto um assaltante disparando tiros para o alto e mirando também nos postes de iluminação pública. “Meu medo maior era a polícia chegar, trocarem tiros e acharem que eu era um deles”, conta o protético que aparece em vídeos postados nas redes sociais sentado em uma esquina no centro da cidade.
Na fuga, o refém foi usado de ‘escudo’ pelos bandidos. Uma imagem mostra ele agarrado ao teto de um dos carros da quadrilha, um Toyota Corolla, justamente para evitar qualquer disparo da polícia caso houvesse um confronto; o que não houve. O protético foi deixado ainda dentro da área urbana de Araraquara, em um dos acessos com destino à Rodovia Antônio Machado Sant’ana (SP-255), estrada que liga a cidade a Ribeirão Preto.
Na rodovia, dois caminhões menores e um maior foram deixados atravessados e incendiados para dificultar o acesso da polícia e a perseguição aos bandidos. Ainda não foi informado quando os veículos foram furtados, o que poderia indicar o tempo de preparo da quadrilha para a ação desta terça. PMs de Ribeirão Preto e região foram acionados para apoiar as buscas. O helicóptero Águia, da PM de Ribeirão Preto, também está ajudando nas buscas, por ora, aos veículos usados na fuga. O acesso pela rodovia já foi liberado.
Com a área central de Araraquara fechada no início da manhã para o trabalho da perícia, houve dificuldade para o transporte coletivo que precisou alterar a rota para manter a continuidade das linhas. A situação já foi normalizada. Tanto a PM quanto a Polícia Civil ainda não se manifestaram oficialmente sobre o caso. A Delegacia da Polícia Federal em Araraquara também entrará na investigação.
O prefeito Edinho Silva (PT) garantiu que nenhum serviço público foi interrompido na cidade em razão da ação desta madrugada. Servidores já foram chamados para fazer a limpeza das áreas incendiadas e avaliar os danos causados nos arredores do Batalhão da PM. Ele confirmou que tiros foram disparados em direção à guarita do quartel. “Era uma tentativa de sitiar o Batalhão para que as viaturas que estavam lá dentro não fossem dar apoio aos policiais.” A Prefeitura busca imagens de câmeras de segurança para identificar qual foi a rota usada pelos bandidos.