Sexta, 14 Maio 2021 09:12

Mais de 350 mil pessoas assinam petição para cancelar a Olimpíada

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Por G1

Uma petição com mais de 351 mil assinaturas para cancelar a Olimpíada de Tóquio foi enviada à governadora da cidade nesta sexta-feira (14) com um apelo às autoridades para que "priorizem a vida".

A petição virtual "Cancelem os Jogos Olímpicos para proteger nossas vidas" foi criada no início do mês por Kenji Utsunomiya, advogado que já foi candidato a governador de Tóquio.

Os Jogos Olímpicos foram adiados em 2020 devido à pandemia e estão previstos para ocorrer entre 23 de julho e 8 de agosto deste ano. Os Jogos Paralímpicos devem ser realizados entre 24 de agosto e 5 de setembro.

Utsunomiya afirma que a quantidade de assinaturas reunidas em um prazo tão curto "reflete a opinião pública". "A questão é saber ao que damos prioridade: se à vida ou a uma cerimônia e um evento chamado Jogos Olímpicos".

A petição foi divulgada no dia em que o governo japonês ampliou o estado de emergência devido à pandemia em seis departamentos e ampliou a medida para mais três regiões.

O Japão enfrenta uma quarta onda de Covid-19, com um patamar de novos casos e mortes muito próximo dos recordes atingidos no começo de fevereiro e uma vacinação ainda muito lenta (veja mais abaixo).
 

"Decidimos adicionar os departamentos de Hokkaido, Okayama e Hiroshima aos que se encontram em estado de emergência até 31 de maio", afirmou o primeiro-ministro Yoshihide Suga.

Críticas aos Jogos

O advogado também relembrou que pesquisas feitas desde o ano passado apontam que entre 60% e 70% da população é contrária à celebração da Olimpíada.

O governo japonês e a organização dos Jogos têm sido criticados e pressionados a cancelarem o evento devido à pandemia — o que já foi descartado diversas vezes por ambas as partes.

O Comitê Organizador Local já disse que a Olimpíada vai ocorrer "independentemente da pandemia" e garante que os Jogos de Tóquio serão um evento seguro.

Utsunomiya solicitou à governadora de Tóquio, Yuriko Koike, que pressione o Comitê Olímpico Internacional (COI) a cancelar os Jogos.

"O COI tem o direito de tomar a decisão de cancelar ou não os Jogos, mas Tóquio, como cidade sede, teria que pedir insistentemente ao COI que cancele os Jogos", afirmou.

Ele disse também que vai continuar a reunir assinaturas e refutou as preocupações sobre o custo de cancelar um grande evento. "A vida das pessoas é mais importante do que dinheiro".

Na terça-feira (13), o sindicato de médicos do Japão disse ser "impossível organizar Jogos Olímpicos seguros durante a pandemia".

 
"Não podemos negar o perigo que representam as numerosas novas variantes do vírus que vão chegar a Tóquio a partir de todo o mundo", afirmaram os médicos.

"Nós nos opomos com força à disputa dos Jogos de Tóquio em um momento em que as pessoas em todo o mundo lutam contra o novo coronavírus", completa o comunicado.

Covid-19 no Japão

O número de casos e mortes por Covid-19 continua crescendo no país, com uma média de mais de 6 mil infecções por dia e quase 100 óbitos — patamares próximos dos recordes registrados em fevereiro.

Desde o início da pandemia, o Japão tem 671 mil casos confirmados e 11,2 mil mortes por Covid-19.

Enquanto isso, a campanha de vacinação avança a um ritmo muito lento, com uma média de 200 mil doses aplicadas por dia.

Japão é o 11º país mais populoso do mundo, com cerca de 126 milhões de habitantes, e aplicou até o momento apenas 5,27 milhões de vacinas (4,17 doses a cada 100 habitantes).

O número está muito abaixo de países que são referência na vacinação contra a Covid-19, como Israel (121 doses a cada 100 habitantes), Chile (84), Reino Unido Estados Unidos (ambos com 79).

 

O ritmo diário de vacinação do país em relação à sua população é de 0,16 doses aplicadas a cada 100 habitantes, patamar próximo ao da Índia (0,17) e do Brasil (0,20) e abaixo da média mundial (0,28).