Cinco irmãos e o pai morreram vítimas da doença em Ituporanga, no Vale do Itajaí. José Joarez Almeida morreu na terça (11).
Por Carolina Fernandes e Bianca Bertoli, G1 SC e NSC.
O homem de 48 anos que foi o sexto integrante de uma família de Itupoanga, no Vale do Itajaí, a morrer vítima de Covid-19 tinha homenageado os irmãos mortos em uma missa no dia 17 de abril. Na data em questão, a morte do irmão Antônio de Almeida, de 50 anos, completava sete dias e de Maria Rosimara de Almeida Hellmann, de 34 anos, 18 dias.
Na missa, que ocorreu na Igreja Matriz Santo Estêvão, José Joarez de Almeida lamentou a morte dos irmãos e cantou uma música em homenagem a eles. (veja vídeo acima).
"Pela situação que vivemos, não podemos abraçar ninguém. Tristeza pelo momento que vivemos, mas uma alegria grande de ter tido eles [os irmãos] como espelho de vida. Deixaram uma lição bonita de vida: viva a vida hoje o amanhã não importa", disse.
Emocionado, José afirma no vídeo que no dia seguinte, em 18 de abril, o irmão completaria 51 anos. Antes de iniciar a homenagem, José relembrou momentos com os irmãos.
"Tonho [como era conhecido Antônio] saía rindo para trabalhar [nos hospitais, como radiologista] e a Rosi foi uma mãe querida pelos nossos filhos, seus sobrinhos. Canta comigo, Tonho, porque eu sei que onde você está você fará isso", concluiu na missa.
A celebração também foi transmitida nas redes sociais da paróquia e teve 4,3 mil visualizações.
Um dia depois da missa, o pai de José, João Alci de Almeida, 70 anos, foi internado no Hospital Regional do Alto Vale, em Rio do Sul, na mesma região. Ele morreu após complicações da doença no dia 23 de abril.
Dez dias se passaram e a família perdeu Zelirde Almeida, 45 anos, e João Ercio Almeida, 43, faleceu dias depois.
José é a vítima mais recente e não possuía comorbidades, segundo o hospital. Ele morreu na terça (11), era pai e estava casado há cerca de 20 anos.
A mãe de José, Cecília de Almeida, teve seis filhos. Todos eles e o marido dela, João Alci de Almeida, 70, contraíram o vírus. Os sete precisaram de internação e apenas uma das filhas saiu do hospital com vida.
Indicadores genéticos
Para o infectologista Amaury Mielle, a situação da família surpreende a ciência. Ele explica que apenas um estudo poderia detalhar o motivo de praticamente toda a família não ter conseguido combater o vírus.
"Existem alguns indicadores genéticos falando de pessoas que têm uma proteção contra a Covid-19, um marcador genético chamado MAV1 e MAV2. Agora, o contrário, não temos. Não há evidências do porquê em uma mesma família ter incidência de infecção e no caso dessa, infelizmente, evolução para óbito", disse Mielle.
Perdas
A mais nova entre os irmãos, Maria Rosimara de Almeida Hellmann, de 34 anos, foi a primeira a falecer. Ela morreu em 2 de abril, no hospital.
Oito dias depois, em 10 de abril, o irmão Antônio de Almeida, 50, morreu. No dia seguinte, o pai deles foi hospitalizado. João Alci de Almeida morreu depois de ficar uma semana na unidade de saúde.
Dez dias se passaram e a família perdeu Zelirde Almeida, 45, e João Ercio Almeida, 43, faleceu dias depois. José Joarez de Almeida morreu na manhã de terça-feira (11).
Em entrevista à NSC TV, quando Almeida ainda estava no hospital, a mãe dele lamentou as mortes e disse que rezava pela recuperação do filho. "Parece mentira. Quando cai na real é um choque", disse