Terça, 10 Maio 2022 09:46

MP mira rede de bingos no Rio e delegada é presa em casa com mais de 2 milhões de reais

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Por Mariana Queiroz, GloboNews.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciou nesta terça-feira (10) a Operação Calígula, contra uma rede de jogos de azar explorada pelo bicheiro Rogério de Andrade e pelo PM reformado Ronnie Lessa — réu pela morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes — e acobertada por policiais.

Segundo as investigações da força-tarefa do MPRJ sobre o atentado à vereadora, Rogério e Ronnie abriram casas de apostas e bingos em diversos estados pelo menos desde 2018.

Até a última atualização desta reportagem, cinco pessoas haviam sido presas. Uma delas é o delegado Marcos Cipriano. Outra investigada é a delegada licenciada Adriana Belém. Na casa dela, a força-tarefa apreendeu cerca de R$ 2 milhões em espécie. Ela era esperada na Corregedoria da Polícia Civil para prestar esclarecimentos.

Agentes saíram para cumprir, no total, 29 mandados de prisão e 119 mandados de busca e apreensão. Foram denunciadas 30 pessoas pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Um dos endereços visados é a casa de Ronnie Lessa no Condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente Jair Bolsonaro tem um imóvel. O presidente não é alvo da operação.

Pelo menos dois bingos foram estourados pela força-tarefa.

Segundo a Polícia Civil, Adriana Belém e Marcos Cipriano não têm cargos atualmente. “Adriana Belém está afastada de licença, e Cipriano, trabalhando em outra instituição. A Corregedoria solicitará acesso às investigações para dar andamento aos processos administrativos necessários”, declarou. 

Adriana era funcionária comissionada da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer e ganhava cerca de R$ 10 mil. A pasta informou que ela será exonerada.

g1 tenta contato com os citados.

Acordo para caça-níqueis

O MPRJ afirma que a quadrilha “estabeleceu acertos de corrupção estáveis com agentes públicos, principalmente ligados à segurança pública, incluindo tanto agentes da Polícia Civil, quanto da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro”.

“Nesta esfera, integrantes da quadrilha, membros da Polícia Civil, mantinham contatos permanentes com outros policiais corruptos, pactuando o pagamento de propinas em contrapartida ao favorecimento dos interesses do grupo de Rogério”, destacam os promotores.

“Oficiais da PM serviam de elo entre o grupo e batalhões de polícia, que recebiam valores mensais para permitir o livre funcionamento das casas de aposta do grupo.”