Sexta, 03 Fevereiro 2023 08:59

Glória Maria, Ícone da Tv Brasileira

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Através do olhar atento, entusiasmado e curioso de Glória Maria, nós, brasileiros, testemunhamos a história, viajamos pelo mundo e absorvemos as mudanças do país e da própria TV. Ela desbravou e nos levou junto. Durante mais de cinquenta anos, foi nossa representante, nossa tradutora e nossa companhia.

 
Mais que uma jornalista, Glória Maria foi uma pioneira. Na Globo desde 1971, a carioca foi a primeira repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional, mostrou mais de 100 países em suas reportagens e apresentou a primeira transmissão em HD da televisão brasileira.
 Eu sou uma pessoa movida pela curiosidade e pelo susto. Se eu parar pra pensar racionalmente, não faço nada. Tenho que perder a racionalidade para ir, deixar a curiosidade e o medo me levarem, que aí eu faço qualquer coisa.

Ela começou a carreira durante a ditadura militar no Brasil, corajosa desde sempre: foi expulsa de uma entrevista coletiva pelo ditador João Baptista Figueiredo.

 A repórter ainda cobriu a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada japonesa no Peru pelo grupo terrorista Tupac Amaru (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).

De 1998 a 2007, Glória Maria apresentou o “Fantástico”. No programa, também ficou conhecida pelas matérias especiais e viagens a lugares exóticos, que ficavam ainda mais fascinantes sob o olhar dela.

 

Entrevistas históricas

Glória também realizou diversas entrevistas com lendas como Madonna, Michael Jackson, Harrison Ford, Freddie Mercury, Nicole Kidman e Leonardo Di Caprio.

Glória definiu seu encontro com Madonna como especial: “Eu saí daqui, e diziam que a Madonna era difícil. Foi antipaticíssima com a Marília Gabriela e debochou do seu inglês”. Ao chegar, Glória Maria foi informada de que tinha quatro minutos para entrevistar Madonna.

A repórter contou que entrou em pânico. Mas, na hora, disse: “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos.” Para sua surpresa, a estrela virou-se para a equipe técnica e disse: “Dê a ela o tempo que ela precisar.”

Já a entrevista com Michael Jackson, em 1996, foi durante a passagem do cantor pelo Brasil. A reportagem foi exibida em fevereiro daquele ano pelo “Fantástico”.

"É claro que o Michael Jackson não dá entrevistas porque ele precisa manter a imagem de um mito. Mas a gente pediu, pediu, e ele aceitou dizer uma palavra para os brasileiros. 'Michael, tell something to the Brazilian people [diga alguma coisa para os brasileiros]'", disse.

I love you, Brazil,
respondeu o astro, que se inclinou para dar um beijo em seu rosto.
  

Viagens a mais de 100 países

No "Fantástico", Glória viajou por mais de 100 países. A jornalista seguiu sua volta ao mundo quando ingressou no Globo Repórter, em 2010.

Estreou com a matéria “Brunei Darussalam: A Morada da Paz”; um ano depois fez “Butão: O País da Felicidade” – as duas matérias sobre o pequeno sultanato no Sudeste Asiático, na fronteira com a Malásia.

 Em 2010, esteve no Grand Canyon, nos Estados Unidos, quando andou de balão e desceu de bote o Rio Colorado. 

Glória ainda passou pela França, Dubai, Vietnã, Laos, Camboja, Reino Unido, Suécia, Lapônia e Marrocos.

Durante viagem pela Jamaica, participou dos rituais de uma comunidade rastafári, que rendeu vários memes após a apresentadora fumar a erva do país.

Em entrevista ao "Mais Você", a apresentadora contou que "estava com muito medo. Eu saí de mim. Só voltei a mim umas dez horas depois. Eu incorporei outra pessoa, e eles me consideraram uma divindade, porque eu fumei e não engasguei."

 Outra viagem que rendeu vídeos icônicos a apresentadora foi durante sua passagem pela Noruega, onde mergulhou em uma piscina com água supergelada e definiu a experiência com a frase: "É horrível! Mas ao mesmo tempo é bom".

Luta contra o racismo

O pioneirismo de Glória é reconhecido como inspiração para uma geração de mulheres negras no Brasil.

Em entrevista ao Globo Repórter, a jornalista falou sobre a importância do seu pioneirismo na luta contra o racismo.

"Racismo é algo que vivi desde sempre e a gente vai aprendendo a se defender."

Glória Maria foi a primeira pessoa a usar a Lei Afonso Arinos - que punia o racismo não como crime, mas como contravenção. 

Eu fui barrada em um hotel por um gerente que disse que negro não podia entrar, chamei a polícia, e levei esse gerente do hotel aos tribunais. Ele foi expulso do Brasil, mas ele se livrou da acusação pagando uma multa ridícula. Porque o racismo, para muita gente, não vale nada, né? Só para quem sofre,
contou.
 

Consagrada e feliz

Entre seus trabalhos nos programas "Fantástico" e "Globo Repórter", Glória Maria tirou dois anos de licença para se dedicar a projetos pessoais e fazer trabalho voluntário na Índia, na Nigéria e na Bahia. Nesse período, adotou Maria e Laura.

O processo de adoção durou 11 meses e levou a jornalista a se mudar para a Bahia para estar mais perto das meninas enquanto a documentação era analisada.

Em reportagem da TV Globo, Glória falou sobre as filhas.

A minha felicidade é olhar para as duas, é brincar, o abraço, o beijo, é a necessidade de elas ficarem comigo,
disse

CRÉDITOS

Conteúdo:

  • Rodrigo Ortega
  • Marília Neves

Arte:

  • Guilherme Luiz Pinheiro
  • Verônica Medeiros
  • Vitória Coelho

Desenvolvimento:

  • Antonio Filho
  • Augusto Carvalho
  • Gustavo Neiva
  • Karla Lencina