Através do olhar atento, entusiasmado e curioso de Glória Maria, nós, brasileiros, testemunhamos a história, viajamos pelo mundo e absorvemos as mudanças do país e da própria TV. Ela desbravou e nos levou junto. Durante mais de cinquenta anos, foi nossa representante, nossa tradutora e nossa companhia.
Ela começou a carreira durante a ditadura militar no Brasil, corajosa desde sempre: foi expulsa de uma entrevista coletiva pelo ditador João Baptista Figueiredo.
De 1998 a 2007, Glória Maria apresentou o “Fantástico”. No programa, também ficou conhecida pelas matérias especiais e viagens a lugares exóticos, que ficavam ainda mais fascinantes sob o olhar dela.
Entrevistas históricas
Glória também realizou diversas entrevistas com lendas como Madonna, Michael Jackson, Harrison Ford, Freddie Mercury, Nicole Kidman e Leonardo Di Caprio.
Glória definiu seu encontro com Madonna como especial: “Eu saí daqui, e diziam que a Madonna era difícil. Foi antipaticíssima com a Marília Gabriela e debochou do seu inglês”. Ao chegar, Glória Maria foi informada de que tinha quatro minutos para entrevistar Madonna.
A repórter contou que entrou em pânico. Mas, na hora, disse: “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos.” Para sua surpresa, a estrela virou-se para a equipe técnica e disse: “Dê a ela o tempo que ela precisar.”
Já a entrevista com Michael Jackson, em 1996, foi durante a passagem do cantor pelo Brasil. A reportagem foi exibida em fevereiro daquele ano pelo “Fantástico”.
"É claro que o Michael Jackson não dá entrevistas porque ele precisa manter a imagem de um mito. Mas a gente pediu, pediu, e ele aceitou dizer uma palavra para os brasileiros. 'Michael, tell something to the Brazilian people [diga alguma coisa para os brasileiros]'", disse.
Viagens a mais de 100 países
No "Fantástico", Glória viajou por mais de 100 países. A jornalista seguiu sua volta ao mundo quando ingressou no Globo Repórter, em 2010.
Estreou com a matéria “Brunei Darussalam: A Morada da Paz”; um ano depois fez “Butão: O País da Felicidade” – as duas matérias sobre o pequeno sultanato no Sudeste Asiático, na fronteira com a Malásia.
Glória ainda passou pela França, Dubai, Vietnã, Laos, Camboja, Reino Unido, Suécia, Lapônia e Marrocos.
Durante viagem pela Jamaica, participou dos rituais de uma comunidade rastafári, que rendeu vários memes após a apresentadora fumar a erva do país.
Em entrevista ao "Mais Você", a apresentadora contou que "estava com muito medo. Eu saí de mim. Só voltei a mim umas dez horas depois. Eu incorporei outra pessoa, e eles me consideraram uma divindade, porque eu fumei e não engasguei."
Luta contra o racismo
O pioneirismo de Glória é reconhecido como inspiração para uma geração de mulheres negras no Brasil.
Em entrevista ao Globo Repórter, a jornalista falou sobre a importância do seu pioneirismo na luta contra o racismo.
"Racismo é algo que vivi desde sempre e a gente vai aprendendo a se defender."
Glória Maria foi a primeira pessoa a usar a Lei Afonso Arinos - que punia o racismo não como crime, mas como contravenção.
Consagrada e feliz
Entre seus trabalhos nos programas "Fantástico" e "Globo Repórter", Glória Maria tirou dois anos de licença para se dedicar a projetos pessoais e fazer trabalho voluntário na Índia, na Nigéria e na Bahia. Nesse período, adotou Maria e Laura.
O processo de adoção durou 11 meses e levou a jornalista a se mudar para a Bahia para estar mais perto das meninas enquanto a documentação era analisada.
Em reportagem da TV Globo, Glória falou sobre as filhas.
CRÉDITOS
Conteúdo:
- Rodrigo Ortega
- Marília Neves
Arte:
- Guilherme Luiz Pinheiro
- Verônica Medeiros
- Vitória Coelho
Desenvolvimento:
- Antonio Filho
- Augusto Carvalho
- Gustavo Neiva
- Karla Lencina