Terça, 16 Maio 2023 11:59

Fome atingiu 29 milhões de brasileiros no fim do governo Bolsonaro, diz estudo

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Por GloboNews.

Um levantamento publicado pela FGV mostrou que o número de pessoas em situação de vulnerabilidade aumentou no Brasil no fim do governo Bolsonaro. A fome chegou a atingir 29,2 milhões de brasileiros no final de 2021, em números só superados pelos do início da pandemia, em 2020.

No período após a pandemia, foi o maior número de pessoas afetadas pela fome no Brasil, com 29,2 milhões de brasileiros — Foto: Reprodução/GloboNews

No período após a pandemia, foi o maior número de pessoas afetadas pela fome no Brasil, com 29,2 milhões de brasileiros — Foto: Reprodução/GloboNews

O IBGE divulgou um estudo na última semana que mostrou uma queda na desigualdade no Brasil, chegando ao menor nível em 11 anos. Os motivos para isso foram a melhora no mercado de trabalho e o aumento do valor do Auxílio Brasil, programa social promovido pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Apesar disso, ao cruzar este estudo do instituto com os dados da Pesquisa Nacional por Domicílios (Pnad), da Pesquisa de Orçamentos Familiares e com os dados da inflação, o estudo verificou que mesmo com o aumento de renda de parte de brasileiros em virtude destes programas sociais, parte da população ainda não consegue ter o suficiente para garantir uma alimentação saudável. E o principal motivo é a inflação alimentar.

No final de 2021, o número de brasileiros que viveram algum tipo de insegurança alimentar chegou a 29,2 milhões – o que representa mais de 10% da população do país. Entre o fim de 2018 e o primeiro trimestre de 2019, o número era de 25,6 milhões. A quantidade deu um salto após o início da pandemia, chegando a 31 milhões, e mesmo após a aplicação dos fatores econômicos citados pelo IBGE, que aumentaram a renda de parte da população do país, o alto custo dos alimentos fez aumentar a fome entre o fim de 2021 e o começo de 2022.

 
Fome atingiu 29 milhões de brasileiros no fim do governo Bolsonaro
 
 
 Fome atingiu 29 milhões de brasileiros no fim do governo Bolsonaro

Daniel Duque, responsável pelo estudo do FGV, afirma que o aumento do valor dos alimentos supera a redução da desigualdade, uma vez que fatores como a Guerra da Ucrânia, problemas na produção e outros fizeram com que o aumento no setor de alimentos e bebidas chegasse a 40%. E a alta atinge mais fortemente as populações mais baixas, que não têm recursos para se alimentar com o que é mais básico.

“Certamente são questões correlacionadas, mas a gente está falando de fenômenos diferentes", explica Duque.

"Claro que a gente não quer uma distância entre ricos e pobres muito grande, então a gente tem que se preocupar com a desigualdade e tem que comemorar quando ela cai. No entanto, isso não significa que porque a gente observou um aumento da desigualdade que houve também necessariamente uma redução do número de pessoas em insegurança alimentar", argumenta.
 

Para o analista da FGV, a grande questão está na diferença entre o aumento da renda da população e o aumento dos alimentos, provocado pela inflação neste setor - que foi muito maior que nos outros.

"Isso vai depender da renda das pessoas, mas também do preço dos alimentos, e como a renda daquelas pessoas que estão no limiar mais baixo da sociedade vai funcionar com a alimentação”, concluiu.