Terça, 05 Setembro 2023 10:26

'Pensei em deixar livre', diz menino de 10 anos que pescou jaú do tamanho dele em Jaborandi, SP

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Por EPTV.

O estudante Jordan Mati Gibram, de 10 anos, diz que ficou assustado ao pescar um jaú do tamanho dele e com o dobro do peso na segunda-feira (4) em Jaborandi (SP). Ao ver o gigante no Rio Pardo, o menino só pensou uma coisa.

“Eu não pensei em comer, eu pensei em deixar ele na liberdade, para ele viver mais e ficar livre”, afirma.

Jordan fisgou um jaú de 1,43 metro de comprimento e pesando 60 quilos. Ele estava com o pai, o delegado Jordan Viana Gibram, e um grupo de amigos. Ao perceber que estava difícil puxar a linha da vara após o arremesso, achou que o anzol tivesse ficado enroscado no fundo do rio.

 

“Eu senti que parecia um enrosco em pedras no fundo. Chamei meu pai e falei que a linha estava enroscada. Estava muito pesado e eu não conseguia puxar para lugar nenhum. Só na hora que pegaram na linha da vara que acreditei que era peixe. Fiquei assustado pelo tamanho, deu medo. Eu já peguei uns peixes, mas esse foi o maior da minha vida”, diz o menino.

20 minutos para tirar da água

Tirar o peixão da água deu trabalho para o pai de Jordan e para o chefe da pescaria, Cristiano Alves Duca, e mais um amigo. Depois de 20 minutos de luta com o animal habilidoso na água, eles conseguiram puxá-lo para a superfície.

 

“Nunca havia visto aqui no Rio Pardo. Já tinha ouvido falar, mas, pessoalmente, nunca. Se tivessem me falado, acharia que é exagero, era mentiroso. Pescador é mentiroso, mas tem vídeo e foto”, brinca Cristiano.

Assim como o menino, o chefe da pescaria, que atua há 30 anos no ramo, também achou que era enrosco. Mas quando o barco subiu o rio e a linha veio junto, entendeu que tinha peixe no anzol.

“Pedra não sobe o rio, aí falei: é peixe. Pensei ser pintado grande ou era jaú, mas jaú eu nunca tinha visto aqui. É a primeira vez. Foi uma maravilha, uma sensação diferente pegar um peixe desse tamanho.”

 

Peixão monitorado

Mais do que pescaria, o encontro virou lição. Pesquisadores da Unesp que desenvolvem o projeto Dourado pediram aos pescadores que segurassem o jaú para conseguirem monitorá-lo.

O peixão recebeu uma tag que vai monitorá-lo de agora em diante pelos rios que passar.

“Se daqui um ano esse peixe for capturado lá no Rio Mogi Guaçu, em Cachoeira de Emas, vamos saber que ele estará lá em Pirassununga. Pode ser até o Rio Grande ou mais distante, como o Rio Paraná. Pelo que sabemos, o dourado e o jaú são peixes que migram muito. Podem andar até 800 quilômetros para poder desovar”, afirma Shigeru Takata, pescador e dono de pousada.

Lição de vida

O pai do menino acredita que a pescaria, que era simplesmente lazer, virou uma verdadeira lição para a vida do filho.

“Eu espero que a gente consiga passar esse sentimento de que quando se consegue preservar, os filhos e os netos vão conseguir ter essa mesma experiência espetacular de pegar um peixe desse tamanho, num lugar preservado dessa maneira. Espero que eles aprendam pelo menos com o exemplo. O Jordan aprendeu na prática e da melhor maneira. Pescar e soltar depois para que se reproduza e possa entrar na linha de outro pescador e dar a ele a mesma alegria a ele”, afirma Jordan.

A criança, que até então tinha como recorde uma piapara de um quilo e meio pescada no fim de semana, ficou entusiasmado com a aventura e já vislumbra o futuro do jaú. “Eu acho que agora ele vai descer o rio para ir para outros rios”.

Segundo o biólogo Pedro Favareto, o jaú gigante encontrado no Rio Pardo é um ponto fora da curva.

“É uma longevidade acima do normal, fora do padrão que a gente encontra para essa região. De fato, é um sobrevivente, sem sombra de dúvidas, que encontrou meios de conseguir alcançar esse tamanho fora de padrão. O padrão seria um animal com 30 ou 40 quilos, na melhor das hipóteses, menos comprido.”

O peixão, agora monitorado, voltou ao Rio Pardo na tarde desta segunda-feira.