A Colômbia ultrapassou o Brasil no ranking de avaliação internacional de educação com ações que estimulam o avanço da carreira dos professores baseado em mérito, provas de avaliação de aprendizagem, programas de trocas de experiência entre os docentes e o estímulo à autonomia em sala de aula. A política de ensino do país faz parte da série "Educação: nosso lugar no mundo", do Bom Dia Brasil.
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Na última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), de 2015, a Colômbia ficou em 57º lugar e o Brasil, em 63º. A prova foi aplicada em 70 países para estudantes a partir do 7º ano do ensino fundamental, com média de 15 anos (idade em que a maioria dos alunos de todos os países concluem o ensino médio).
O melhor resultado veio com menor custo. O gasto por aluno da Colômbia é mais barato do que o do Brasil: nosso vizinho destina US$ 2.459 por estudante, enquanto o Brasil aplica US$ 3.824 por aluno.
Para chegar a estes resultados, uma das medidas adotadas pela Colômbia é premiar o professor com base em suas experiências: o avanço de carreira é avaliado conforme o mérito do docente, e não por tempo de ensino.
Um dos exemplos é o professor Luis Miguel Bermúdez, um dos finalistas do Global Teacher Prize, considerado o Oscar da Educação. Bermúdez criou a disciplina de cidadania sexual e, com isso, conseguiu reduzir a zero o número de adolescentes gestantes. A média anterior era de 70 alunas grávidas todos os anos.
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O avanço também foi percebido na educação infantil. Na última década, a Colômbia conseguiu dobrar o número de matrículas de alunos de 0 a 5 anos. Outra medida apontada como responsável pelos avanços são as provas que avaliam o processo de aprendizagem, como as que ocorrem no Brasil. Os resultados servem para melhorar o ensino.
“Os colégios veem os resultados e querem melhorar. Isso leva tempo. O que realmente aconteceu foi uma melhora contínua”, diz Cecília María Vélez, ex-ministra da Educação da Colômbia.
A distância de qualidade entre as melhores escolas e as piores foi reduzida com o programa Todos a Aprender, em que as piores escolas recebem livros didáticos e ajuda dos melhores professores do país.
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O diretor Miguel Celín diz que no início houve resistência. “Muitos professores não aceitavam que alguém ia dizer como eles deveriam dar a aula. Mas então fomos neste processo, melhorando, e já estamos na metade da tabela. Falando de futebol, viemos da série B e já estamos na série A neste momento”, diz.
O estímulo à autonomia pode ser visto no Escola Nova, modelo que existe em mais de 20 mil escolas rurais da Colômbia e que estimula a educação participativa.
Neste modelo, não há quadro-negro ou salas separadas por nível. Alunos de vários anos ficam em uma mesma sala. As mesas são circulares e os alunos decidem em grupo o que vão estudar.