Albino de Souza foi confundido com um assassino e acabou preso e torturado. Mesmo após a Justiça decidir pela inocência, um desencontro com os advogados adiou ainda mais o pagamento da indenização.
Por Fantástico.
O Fantástico deste domingo (31) mostrou um erro de 32 anos que começou a ser reparado agora pela Justiça de Goiás. A vítima é Albino de Souza, que foi preso em Anápolis no ano de 1991 acusado, sem provas, de estuprar e matar uma mulher. Ele foi confundido com o assassino e acabou preso e torturado.
A prisão aconteceu dia 18, mas ele só foi liberado dia 21, dia que apareceu o verdadeiro culpado. Depois de passar quatro dias numa cela, Albino foi solto - e procurou a Justiça. Foram 18 anos de insistência diante dos tribunais tentando provar o erro do Estado.
Os advogados de Albino entraram na Justiça em 1995, quatro anos depois da prisão. E só em 2013, o Superior Tribunal de Justiça decidiu a favor da indenização. Mas durante essa espera, Albino e os advogados perderam contato. E começou uma longa busca. Durante 10 anos, os advogados Pedro Sérgio e Miguel Thiago, vasculharam a cidade para localizar o paradeiro de Albino. Só o encontraram este ano.
Acontece que ele não tinha documentos, perdidos em uma enchente e vivia em situação de rua. No reencontro com os advogados, Albino teve a oportunidade de tirar a segunda via da documentação e abrir uma conta no banco para, finalmente, receber a indenização.
"Hoje começa uma nova história. (...) Agora estou me sentindo uma pessoa mais brasileira, que todo mundo vai chegar e observar e falar: 'não, ele tem documento, ele é gente agora. Não um bicho'", completa Albino.
Sua nova casa foi comprado com o dinheiro da indenização e ele diz que sua vida mudou com esse novo passo. O que ele reconquistou não vai apagar a injustiça que sofreu há 32 anos, mas oferece a ele a oportunidade de sonhar por uma vida nova em 2024.
"Eu vou continuar a minha vida, entendeu? Meu trabalho, na honestidade, que eu tenho certeza, o que eu quero fazer, eu vou fazer", diz Albino.