Planos tradicionais de perda de peso são focados em restrição calórica e costumam levar a uma redução indesejável de massa muscular', diz médica.
Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro.
A médica Gabrielle Lyon cansou de receber pacientes que lutavam para perder peso sem sucesso. Pareciam “presos numa rodinha de hamster de frustração”, diz, e também apresentavam um padrão: todos tinham a musculatura – um “estoque de saúde”, como define – pouco saudável. Foi assim que criou o Protocolo Lyon, focado na ingestão de proteínas e no treinamento de força, que chama de medicina centrada no músculo:
“Na sociedade e na medicina, temos dito há muito tempo às pessoas para perderem peso. Ao abandonar o foco na gordura e centrar na musculatura, o paciente vai ganhar músculos, reduzir gordura corporal e se sentir com mais energia. Você pode criar um impulso positivo focado no que deve ganhar, e não no que precisa perder”, afirma.
A teoria e a prática do seu trabalho estão no recém-lançado “A revolução dos músculos: uma nova estratégia científica para envelhecer bem” (Intrínseca), que inclui casos, dicas de exercícios e até exemplos de receitas. A médica enfatiza que o papel das proteínas é crucial para a longevidade:
“A recomendação nutricional em vigor é de 0,8 grama por quilo de massa corporal, ou seja, um indivíduo que pesa 68 quilos deve consumir 54 gramas de proteína por dia. São números que subestimam as reais necessidades do corpo humano. Qualquer pessoa mais velha ou sob estresse tem que consumir aproximadamente o dobro dessa quantidade”.
A doutora Lyon explica que os músculos formam um tecido dinâmico que representa 40% da massa do ser humano, sendo fundamentais na queima de gorduras, no estímulo do metabolismo e na proteção contra doenças: “fazem do seu corpo uma armadura”, sintetiza. Elege o café da manhã como a refeição mais importante do dia, seguida pelo jantar – porque antecede o período de jejum noturno – e defende o consumo de alimentos de origem animal:
“Algumas das pessoas que trato foram soterradas com abordagens veganas que destruíram qualquer equilíbrio nutricional razoável e as levaram a consumir níveis assustadoramente altos de carboidratos. Muitas vezes acabam enfrentando problemas digestivos e não conseguem se livrar da fadiga. Nenhuma quantidade de treino no mundo é capaz de compensar uma dieta ruim”.
Seu objetivo é mostrar um novo caminho para quem acha que a melhor coisa a fazer por si mesmo no fim do dia é se ajeitar no sofá e maratonar séries, se servir com uma taça de vinho ou se deleitar com uma sobremesa. Aqui vão quatro “formas de fazer mágica com os músculos”:
- Uma vez a cada hora, faça de dez a 20 agachamentos.
- Trabalhe de pé.
- Aumente sua frequência cardíaca com uma caminhada rápida até o banheiro ou o bebedouro dez vezes por dia.
- Tenha uma faixa elástica sempre por perto e faça uma série rápida de dez repetições de rosca de bíceps entre uma tarefa e outra (há diversos tutoriais na internet).