Apollo Rodrigues, 2 anos, estava com pneumonia aguda, segundo perícia. Aluno seria entregue de manhã na creche, mas foi achado desmaiado à tarde. Casal dono do veículo o levou a hospital, onde morte foi confirmada. Caso é apurado como homicídio por omissão.
Por Kleber Tomaz, Carlos Henrique Dias, g1 SP e TV Globo — São Paulo.
Laudo pericial da Polícia Técnico-Científica concluiu que o menino esquecido por sete horas sob um calor de mais de 37ºC dentro de uma van escolar na Zona Norte de São Paulo, em 14 de novembro de 2023, morreu por desidratação. Apollo Gabriel Rodrigues tinha 2 anos.
A informação foi divulgada na sexta-feira (22) pelo site Metrópoles e acabou confirmada neste domingo (24) pelo g1. O laudo foi finalizado no ano passado.
De acordo com a perícia, o aluno também estava com pneumonia aguda, o que pode ter contribuído ainda mais para sua morte, por estar com o organismo fragilizado. O casal dono do veículo responde atualmente em liberdade por "homicídio doloso do crime comissivo por omissão imprópria e alternativamente dolo eventual".
Segundo a Polícia Civil, Flavio Robson Benes, de 45 anos, e sua esposa Luciana Coelho Graft, de 44, assumiram o risco de causar a morte de Apollo por demorarem muito tempo para socorrê-lo. Eles disseram à investigação que se esqueceram de recontar o número de crianças que transportaram naquele dia.
Apollo deveria ter sido entregue ao Centro de Educação Infantil (CEI) Caminhar por volta das 7h, mas acabou sendo deixado dentro da van até as 15h30. O veículo estava fechado e parado num estacionamento. Apesar de ainda ser primavera, a temperatura era de 37,7º C do lado de fora. De acordo com a medição feita pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foi o segundo dia mais quente da história em São Paulo.
O casal contou que só percebeu que se esqueceu do garoto depois do almoço, quando usou o veículo de novo para buscar as crianças na creche. Naquele momento, Apollo foi encontrado desmaiado no banco traseiro. Eles o socorreram e levaram-no no mesmo veículo até a creche. Depois, pegaram a pedagoga da escolinha e seguiram juntos até o Hospital Vereador José Storopolli, onde a morte do garoto foi confirmada pelos médicos.
Flavio, motorista da van, e Luciana, monitora dos alunos no veículo, chegaram a ser detidos pela Polícia Militar (PM) em flagrante quando foram levados à delegacia. Eles foram indiciados pelo homicídio de Apollo. A van acabou apreendida e periciada pelo Instituto Médico Legal (IML) e pelo Instituto de Criminalística (IC).