Músico goiano conta história da escolha do seu nome por guru indiano, fala da relação com os pais pioneiros do psy trance e das comparações com Alok: 'Já sofri muita pressão'.
Por Carol Prado, G1.
Embora menos conhecido, o DJ goiano Bhaskar guarda algumas das mesmas místicas que fizeram de seu irmão gêmeo, Alok, uma das figuras mais populares da música eletrônica no Brasil.
Uma delas tem a ver com a escolha de seu nome - que, a propósito, é mesmo Bhaskar, assim como Alok é Alok no RG. Foi uma sugestão do guru indiano Osho, líder do movimento religioso Rajneesh, que ficou no centro de um debate após o lançamento do documentário "Wild wild country" (2018). O músico explica ao G1:
"Cinco anos antes de nascermos, uns tios nossos - um deles, inclusive, é guru - foram à Índia e pediram nomes sânscritos ao Osho. Nossos pais escolheram Alok e Bhaskar entre os que ele indicou."
Vários membros da família adotaram nomes de origem hindú, incluindo os pais dos irmãos, os também DJs Ekanta e Swarup. Criadores do festival Universo Paralello, na Bahia, os dois foram pioneiros do psy trance no Brasil.
Mas os filhos escolheram caminhos diferentes, entre o techno, o house e o dance pop. "No começo foi difícil, nossos pais estranharam. Até hoje rola um pouco. Quando temos a oportunidade de tocar num evento mais underground, meu pai fica amarradão", diz.
Nas pistas desde os 12
Bhaskar, hoje com 27 anos, comanda pistas desde os 12. Começou ao lado do irmão e consolidou a carreira solo em 2016, com o single "Feeling so high". Sozinho, diz ter achado sua real identidade. "Tentei fazer coisas de vários estilos, tive que me encontrar."
O goiano já passou por festivais como Tomorrowland Brasil, Rabbit Eat Letuce (Austrália) e Half Moon (Tailândia). No próximo domingo (7), adicionará mais um ao currículo: o Lollapalooza, em São Paulo.
Ele promete uma apresentação "dinâmica", capaz de competir com as dos "artistas de microfone" acontecendo em outros palcos. "Estou preparando um set para não perder o interesse nem por um minuto. Não pode ser um show introspectivo."
"Alok sempre foi um norte na música eletrônica no país". Bhaskar acrescenta:
"Ele me ensinou muito sobre como me portar em eventos mais comerciais. No início eu morria de vergonha de tudo."
"Tento mostrar para ele referências que, às vezes, ele não acompanha por estar num mercado mais comercial", conta.
"Nossas músicas são mais limpas, mais fáceis de digerir. Hoje é bem claro: os gringos sabem quando a música é feita por um brasileiro."
Com essa carga genética, é difícil para Bhaskar fugir de comparações. "Já sofri muita pressão, as pessoas ainda comparam muito. Mas, cada vez mais, elas veem que são trabalhos diferentes."
Diferentes, sim, o que não deve impedir novas parcerias. Mas isso é assunto para o futuro. "Muita gente espera isso. Mas não quero fazer música com ele só porque somos irmãos. Tem que aparecer a ideia certa."