Corpos de pai, mãe, filhos adolescentes e tios foram achados em apartamento no Centro de Santiago. Bombeiros suspeitam de vazamento de gás.
Por Mariana de Ávila e Gabriela Lago, G1 SC.
Polícia do Chile investiga morte de 6 turistas brasileiros em um apartamento
A identidade dos seis brasileirosencontrados mortos em um apartamento em Santiago, no Chile, nesta quarta-feira (22), foi informada nesta quinta por uma parente da família. Cinco das vítimas eram catarinenses e uma, goiana. A polícia ainda não confirmou oficialmente os nomes.
Bombeiros chilenos suspeitam que um vazamento de gás tenha causado as mortes. O prédio, que fica no Centro da capital chilena, foi esvaziado durante as operações.
De acordo com a Polícia Civil de Santa Catarina, a família estava em Santiago para comemorar o aniversário de um dos filhos, Caroline Nascimento de Souza, que completaria 15 anos na sexta-feira.
Família morreu em apartamento em Santiago, no Chile — Foto: Noemi Fortunato Nascimento/Arquivo Pessoal
Um casal e os dois filhos adolescentes moravam no Balneário de São Miguel em Biguaçu, na Grande Florianópolis. O governo do estado publicou uma nota de pesar e a prefeitura decretou luto oficial por três dias. O segundo casal, formado pelo irmão e a cunhada da mãe da primeira família, morava em Hortolândia, no interior de São Paulo.
As vítimas são:
- Fabiano de Souza, 41 anos (Pai dos adolescentes e marido de Débora. Ele trabalhava como pedreiro e pescava para complementar a renda);
- Débora Muniz Nascimento de Souza, 38 anos (Mãe dos adolescentes e mulher de Fabiano. Ela trabalhava como professora)
- Caroline Nascimento de Souza, 14 anos (Filha de Fabiano e Débora. Ela completaria 15 anos nesta semana)
- Felipe Nascimento de Souza, 13 anos (Filho de Fabiano e Débora. Ele estudava em Biguaçu)
- Jonathas Nascimento Kruger, 30 anos (catarinense irmão de Débora e marido de Adriane, que residia em Hortolândia)
- Adriane Kruger (goiana mulher de Jonathas e morava em Hortolândia)
As informações foram repassadas por Noemi Fortunato Nascimento, prima de Jonathas e Débora. Ela também disse que parte da família de Santa Catarina busca doação de recursos para a viagem.
"O irmão da Drica [Adriane Kruger] está indo hoje para lá. Por enquanto, ainda não sabemos como será o translado, estamos aguardando por mais informações", explica a prima.
Ainda de acordo com a prima Noemi, a família também está recebendo informações do caso por meio de amigos de trabalho de Jonathas, que moram em São Paulo e estão em contato com a polícia chilena.
Jonathas e Adriana foram encontrados mortos no Chile — Foto: Noemi Fortunato Nascimento/Divulgação
Mãe de vítimas morreu
Pouco antes da morte da família, a mãe de duas das vítimas morreu em Santa Catarina. Parentes que estavam no Brasil chegaram a comunicá-los por telefone sobre a morte dela, mas perdeu o contato com o grupo logo em seguida.
Iete Isabel Muniz Nascimento morreu de câncer, segundo o Instituto Médico Legal (IML). Ela foi velada e cremada nesta manhã em Palhoça, na Grande Florianópolis.
O advogado da família catarinense, Mirivaldo Aquino de Campos, também confirmou a identidade das vítimas. "Vamos primeiro enterrar a mãe depois vamos ver o que fazer", disse o advogado da família catarinense.
Mortes no Chile
Segundo a imprensa chilena, vazamento de gás ocorreu nesse edifício residencial em bairro da região central de Santiago — Foto: Reprodução/Google Maps
Segundo o Itamaraty, um diplomata do Consulado do Brasil em Santiago foi alertado por um delegado brasileiro do incidente com a família. O delegado teria sido avisado no Brasil por parentes das vítimas. A imprensa chilena informou que o diplomata foi o responsável por acionar a polícia.
O comandante da polícia chilena, Rodrigo Soto, disse ao jornal "El Mercurio" que os policiais encontraram um forte cheiro do gás quando entraram no apartamento. Bombeiros ainda fazem perícia para comprovar o vazamento.
O edifício onde ocorreram as mortes fica na esquina das ruas Santo Domingo e Mosqueto, na região conhecida como Bellas Artes, Centro de Santiago. As autoridades ainda não sabem o que causou o vazamento nem por quanto tempo as vítimas respiraram o gás.
A família estava no apartamento desde domingo (19) alugado pela Airbnb. “Estamos profundamente consternados com este trágico incidente. Nós nos solidarizamos com os familiares e estamos em contato para prestar todo apoio necessário aos familiares neste momento difícil. A segurança de nossa comunidade de viajantes e anfitriões é a nossa total prioridade”, informou por meio de nota. A companhia não esclareceu sobre o seguro, e nem sobre vistoria em imóveis cadastrados.
Daniel Souza, que é irmão de Fabiano, chegou a tentar ligar para a família, mas não conseguiu contato. “Era um baita de um irmão. Não desejo nem para um inimigo. Uma tristeza muito grande, perder a família toda não é fácil. A última vez que falei pessoalmente com ele foi no dia que levei no aeroporto, depois pelo Whatsapp. Estava mandando fotos da viagem. Ontem eu tentei ligar para ele e não consegui. Tocava, mas não atendia”, disse.
Um guia de turismo chileno, Marcelo Midolo, que trabalha principalmente com turistas do Sul do Brasil, mas que não prestou serviço para esta família, enviou um áudio para a NSC TV. Ele explicou que uma agência de turismo brasileira o procurou para que ele ajudasse encontrar o grupo que estava passando mal em Santiago.
"Eu tentei ajudar, estava trabalhando, voltando de Viña del Mar e Valparaíso. Avisei a polícia chilena para que investigasse, para saber o que estava acontecendo. Ao chegar lá os bombeiros já estavam no local e perceberam que todos já haviam falecido. [...] É muito lamentável, eu trabalho com muitos brasileiros e tenho muitos amigos brasileiros, é lamentável tudo que aconteceu, e para todo o turismo chileno o que aconteceu é lamentável, lamentamos muito. Mas tentamos ajudar o máximo possível", disse.
Bombeiros atendem a chamado por vazamento de gás em Santiago, capital do Chile — Foto: @cbsantiago/Reprodução/Twitter
Luto
O governo do estado divulgou uma nota de pesar e informou que se solidariza com familiares e amigos. Além disso, disse que acompanha a investigação das circunstâncias das mortes pelas autoridades chilenas.
A Prefeitura de Biguaçu também também prestou solidariedade e decretou luto oficial por três dias. "A Prefeitura de Biguaçu está, neste momento, em contato com autoridades estaduais e federais para tratar de questões como o traslado dos corpos e local para realização do velório coletivo", informou.
A Escola de Educação Básica Professor José Basílico (EEB), que fica no Centro de Biguaçu, na Grande Florianópolis, lamentou a morte dos adolescentes pelas redes sociais. Caroline havia concluído os estudos na unidade de ensino no ano passado e Felipe se formaria este ano na unidade de ensino.
A diretora da escola, Grasiela Monteiro Epping, que também é professora de inglês, disse que deu aula para eles desde a creche e que eram alunos excepcionais.
Escola lamentou a morte da família nas redes sociais — Foto: Reprodução