Cerca de 100 soldados trabalharam durante três dias às margens do Rio Grande, em Laredo, no Texas. Grandes grupos de caravanas da América Central estão em outro ponto da fronteira, em Tijuana, onde foram mal recebidos por moradores.
Por France Presse.
Eles começaram a trabalhar no frio da manhã e se movem rapidamente, desenrolando carretel atrás de carretel de arame farpado para depois prendê-lo a postes enfiados no chão.
A cerca foi instalada em três dias por aproximadamente 100 soldados do 19° Batalhão de Engenheiros do exército americano, que fica em Fort Knox, Kentucky.
Os efetivos não estão em uma zona de guerra, mas em Laredo, cidade na fronteira com o México, dominada por um trecho do Rio Grande.
O presidente Donald Trump enviou 5.800 soldados à fronteira para prevenir a chegada de grandes grupos de migrantes centro-americanos que viajam pelo do México, uma medida que os críticos denunciaram como uma tentativa de conseguir vantagem política antes das eleições de meio mandato celebradas no começo deste mês.
Soldados do 19º Batalhão de Engenharia de Kentucky instalam cercas de arame farpado nas margens do Rio Grande, em Laredo, no Texas, no domingo (18) — Foto: Thomas Watkins/AFP
Trump disse que o avanço da caravana de migrantes implicava uma "emergência nacional" diante no que classificou de "invasão".
Até agora, o aspecto mais visível da resposta de Trump é a cerca de arame, um obstáculo físico destinado a levar os migrantes em busca de refúgios a pontos da entrada organizados em território americano.
Apoio
Durante o final de semana, se pôde ver o pelotão do tenente Alan Koepnick estender a cerca de arame ao longo das margens de um parque tranquilo junto ao rio, perto do centro de Laredo.
Enquanto as famílias andavam com cães, faziam churrasco na grelha e relaxavam, os soldados montavam o arame, não sem rasgar os uniformes de camuflagem com as penas de metal.
Soldados do 19º Batalhão de Engenharia de Kentucky descarregam arame farpado para erguer cercas nas margens do Rio Grande, em Laredo, no Texas, no domingo (18) — Foto: Thomas Watkins/AFP
Koepnick reconheceu que alguns moradores de Laredo mostraram sua preocupação com as cercas e a presença das tropas.
"Mas também há muito apoio, pessoas que vêm, veteranos que apertam as mãos, nos trazem bolos, água... coisas assim", disse Koepnick à AFP.
Cerca de 100 metros atrás dele, pode-se ver um grupo de pessoas no lado mexicano do rio.
"Você verá pessoas do outro lado do rio, nos xingando em espanhol e jogando garrafas em nós, mas deste lado é mais positivo", disse Koepnick.
O tenente e seus homens ficam desarmados, embora um grupo de policiais militares armados permaneça ao seu lado como uma "força de proteção".
As leis dos Estados Unidos não autorizam os militares a exercer funções policiais. Portanto, os soldados não terão qualquer interação direta com os imigrantes.
Trump, que quer construir um muro ao longo dos 3.200 quilômetros de fronteira com o México, elogiou o trabalho militar na semana passada: "Eles construíram grandes cercas e construíram uma barreira muito poderosa".
Laura Pole, uma turista britânica que visita Laredo pela terceira vez, ficou menos entusiasmada. "Isso me lembra Hitler e os campos de concentração", disse ela.