Brasileira disse lamentar o resultado da eleição no país vizinho. Neste domingo (27), a chapa peronista, que tinha Cristina Kirchner de vice, derrotou Mauricio Macri no 1º turno.
Por Deliz Ortiz, TV Globo.
Não pretendo parabenizá-lo’, diz Bolsonaro sobre vitória do peronista Alberto Fernández
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (28) que lamenta a eleição de Alberto Fernández na Argentina e que não parabenizará o novo presidente do país. "Lamento. Eu não tenho bola de cristal, mas eu acho que a Argentina escolheu mal", disse o brasileiro ao deixar os Emirados Árabes, onde estava desde sábado (26).
- indispor. Vamos esperar o tempo para ver qual é a posição real dele na política, porque ele vai assumir, vai tomar pé do que está acontecendo e vamos ver qual linha que ele vai adotar", disse Bolsonaro.
Com a ex-presidente Cristina Kirchner como vice na chapa, Alberto Fernández derrotou o atual mandatário, Mauricio Macri – resultado previsto ainda nas prévias eleitorais de agosto.
Com 97,4% das urnas apuradas, Fernández tinha 48,02% dos votos, e Macri, 40,46%.
Ainda de acordo com Bolsonaro, Fernández e Kirchner venceram as eleições porque as reformas propostas por Macri não deram resultado.
"Agora, o povo botou no poder quem colocou a Argentina no buraco lá atrás", disse o presidente brasileiro, que irá concluir nesta quinta-feira (31) uma viagem de duas semanas pela Ásia e pelo Oriente Médio.
Relações com o Brasil
Ao chegar ao Catar, o presidente brasileiro foi questionado novamente sobre as relações com o futuro presidente argentino. Ele disse que está preocupado, mas vai conversar com o governo de Fernández.
"Pretendo dialogar, sim [com Fernández], não vamos fechar as portas. Agora, estamos preocupados e receosos, tendo em vista até o gesto que ele fez de Lula Livre. Temos a informação de que muita gente do PT estaria lá na Argentina para comemorar com o ele o que seria a vitória dele."
No dia da eleição, Fernandez – que havia visitado Lula na prisão, em julho – postou numa foto em que fazia um L com as mãos, em sinal de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A imagem estava acompanhada da hashtag #LulaLivre e de uma mensagem de parabéns o ex-presidente, que completou 74 anos neste domingo.
"Também hoje faz aniversário meu amigo @LulaOficial, um homem extraordinário que está injustamente preso faz um ao e meio. Parabéns pra você, querido Lula. Espero vê-lo logo."
Alberto Fernández, então candidato à presidência da Argentina, faz postagem sobre o ex-presidente Lula — Foto: Reprodução/Twitter
Para Bolsonaro, a menção ao movimento pela liberação de Lula, que foi preso por corrupção na Lava Jato, é "um afronto [sic] à democracia brasileira, ao sistema judiciário brasileiro". Bolsonaro disse que Lula já foi condenado em duas instâncias e tem "outras condenações a caminho".
"Ele [Fernández] está afrontando o Brasil de graça, no meu entender. Estamos aguardando seus passos para, talvez, no futuro tomarmos alguma decisão em defesa do Brasil."
Mercosul
Mais cedo, ainda na saída dos Emirados Árabes, Bolsonaro disse que pretende manter relações bilaterais com a Argentina. Mas afirmou que os vizinhos podem ser "afastados" do Mercosul se o novo presidente interferir no acordo do bloco com a União Europeia.
O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina, que por sua vez é o terceiro do Brasil (atrás da China e dos Estados Unidos).
“Não digo que sairemos do Mercosul, mas poderemos juntar com o Paraguai. Não sei o que vai o que vai acontecer com o Uruguai, vamos ver o que vai ser nas eleições do Uruguai, e decidimos se a Argentina fere alguma cláusula do acordo ou não. Se ferir, nós podemos afastar a Argentina. A gente espera que nada disso seja necessário. Espero que a Argentina não queira, na questão comercial, mudar o seu rumo", afirmou Bolsonaro.
Anunciado em julho após 20 anos de negociação, o acordo foi celebrado pelo governo Bolsonaro como uma maneira de impulsionar a economia do Brasil.
Alguns países, como a França, já sinalizaram que não concordam com os termos da parceria. Fernández defendeu a revisão durante a visita a Lula em Curitiba.
Racha no PSL
Bolsonaro também sobre a agenda interna – mais uma vez, o tema foi a crise do PSL. O presidente afirmou que uma das alternativas pode ser a criação de um novo partido.
"Como senador pode ficar sem partido, prefeito, governador... E eu também posso. Por enquanto, não pretendo, mas eu nunca saltei de paraquedas sem um paraquedas reserva. Então, essa possibilidade sempre vai existir", disse.
"Agora, o ideal numa situação dessa, se porventura não chegar a um acordo, é um novo partido."