Distribuição de cestas agroecológicas foram feitas nesta sexta (27) e ações de conscientização sobre o risco do empreendimento serão feitas também neste sábado (28)
A comunidade de Licínio de Almeida, na Bahia, recebeu na manhã da última sexta feira cerca de 90 cestas agroecológicas como parte da Campanha em Defesa das Nascentes da Serra do Salto: Águas que brotam vidas, realizada pela Associação dos Pequenos Agricultores de Taquaril dos Fialhos, com o apoio da Pastoral da Terra - Bahia (CPT-BA) e do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM). As cestas solidárias foram produzidas em três comunidades que são impactadas por projetos minerários ou pela ameaça dele - Taquaril dos Fialhos (Licínio de Almeida), João Barroca (Caitité) e Guirapá (distrito de Pindaí).
Os alimentos sem agrotóxicos são oriundos da agricultura familiar e foram distribuídos em alguns bairros vulneráveis de Licínio de Almeida. Já as ações de panfletagem com o objetivo reafirmar, junto à população, os riscos do empreendimento mineral da Companhia do Vale do Paramirim, que pretende explorar na região minérios como ferro, ouro, lítio, cobre, manganês entre outros.
“Acredito que essa mineração é um desserviço, não só para a comunidade como para o município como um todo”, afirma Zé da CUT. “É muito triste a gente saber que a gente mora num lugar, onde a gente sobrevive, tem tranquilidade, e a gente ter que sair por causa de uma mineradora que entra e tira tudo que a gente tem”, afirma dona Dalvina, moradora da comunidade. Ambos os depoimentos foram extraídos do documentário “Não é só uma terra...Nada paga a vida que temos aqui”, produzido por Thomas Bauer.
É nesse local onde nasce o rio do Salto, única fonte de água doce que abastece as comunidades dos municípios de Licínio de Almeida, Rio Teotônio, Grajaú e Cauê. Essa região faz parte de um total de 32 municípios ameaçados pelo projeto da Companhia do Vale do Paramirim. A ameaça é tamanha que o local está sendo chamado de “Província Mineral do Vale do Paramirim”, reunindo oito blocos que abrangem oito distritos minerais localizados em uma faixa de 45 mil km² do semiárido baiano, na região centro-sudoeste do estado.
A comunidade é centenária e há consenso de que não se quer que a mineração se instale na região. A soberania alimentar é uma realidade na região, e o projeto de mineração ameaça as condições desse tipo de cultivo pois não há projeto de mineração que não seja invasivo, poluente e que danifique de maneira irreparável a natureza. “Aqui é uma comunidade diferenciada porque consegue se auto sustentar, não há mais o movimento de êxodo trabalhista para colher café em São Paulo, por exemplo, nem cortar madeira, em Minas Gerais. Eles produzem tudo para a subsistência e o excedente vendem em Licínio de Almeida”, conta a militante do MAM que participou da ação, Ione Rochael.