Esta terça-feira, 1 de dezembro, foi dia de celebrar o retorno da produção de urânio na Unidade da Indústrias Nucleares do Brasil - INB em Caetité, na Bahia. Na solenidade, que contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi realizada uma detonação simbolizando o início da lavra a céu aberto em uma nova área, a Mina do Engenho.
“O Brasil tem o domínio tecnológico de todas as etapas da produção do combustível nuclear, o ciclo do combustível nuclear. Entretanto, isso pouco significa se não conseguirmos extrair e agregar valor ao urânio, economizando divisas com importação e gerando emprego e renda para o País. E é aqui, em Caetité, onde tudo se inicia”, falou o presidente da INB, Carlos Freire Moreira, em seu discurso.
Na Unidade de Concentração de Urânio - URA são realizadas as duas primeiras atividades do ciclo do combustível nuclear: a mineração e o beneficiamento do urânio, tendo como resultado o Concentrado de Urânio, também conhecido como Yellowcake (U3O8).
“Esta retomada é a primeira fase para consolidar nossa proposta de tornar o Brasil autossuficiente e um exportador de yellowcake”, afirmou o ministro Bento Albuquerque.
O ministro ressaltou ainda a importância da energia nuclear para uma matriz energética baseada nos princípios do desenvolvimento sustentável . “As mais recentes análises do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da Organização das Nações Unidas, e da Agência Internacional de Energia, não conseguem elaborar qualquer cenário para os próximos 30 anos em que não haja uma significativa participação da fonte nuclear para atender às demandas de geração de energia de base e em larga escala, de modo que, ao lado das renováveis, atenda as necessidades da transição energética para descarbonização da economia”, pontuou o ministro.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, não pôde comparecer ao evento, mas enviou uma mensagem em vídeo demonstrando sua satisfação com a retomada da produção de urânio no Brasil: “Beneficiar urânio como acontecerá em Caetité, na Bahia, representa geração de emprego e renda para todos" destacou.
“Assim quero expressar meu reconhecimento ao Ministério de Minas e Energia e à Indústrias Nucleares do Brasil, reverenciando a perseverança e a determinação dos seus profissionais que tornaram realidade esse marco tão relevante para o Brasil. Parabéns à INB”, finalizou.
A cerimônia foi acompanhada de perto pelos empregados da Unidade em Caetité, e contou com um momento especial: o hino nacional foi cantado por uma empregada, a geóloga Jamyle Praxedes Franco, que trabalha na URA há 13 anos.
Os empregados das outras unidades da INB, e o público em geral, também puderam acompanhar o evento pela internet, através de uma transmissão ao vivo no canal do YouTube da INB e pela TV Brasil.
Produção e fortalecimento da economia
Na Unidade da INB em Caetité foram produzidas 3.750 toneladas de concentrado de urânio entre 2000 e 2015, a partir da primeira área lavrada, a Mina Cachoeira. Desde a exaustão dos recursos passíveis de lavra a céu aberto no local, as atividades de mineração estavam paralisadas.
O urânio é a matéria-prima para fabricação do combustível nuclear que abastece as usinas de Angra dos Reis. A retomada da produção é uma conquista para a INB e, em decorrência, para o País. Também representa um fator importante para a geração de empregos e recursos para a região sudoeste da Bahia. A expectativa é que sejam produzidas 260 toneladas de concentrado de urânio por ano, quando a Mina do Engenho atingir a sua capacidade plena, o que deve ocorrer em 2022.
“Hoje, a INB reinicia a produção de urânio em Caetité, gerando com esse retorno expressivos empregos da ordem de 600 diretos e cerca de 1.800 indiretos. Com isso haverá uma injeção de recursos financeiros na economia local de cerca de 76 milhões de reais ao ano e quase 30 milhões/ano de recolhimento de impostos estaduais e municipais”, afirmou o presidente da empresa.
Carlos Freire também reconheceu a dedicação de todos os empregados: “Apresento nossas justas homenagens a todas as pessoas que participaram dessa trajetória, na pessoa do geólogo Evando Carele Barros, um dos pioneiros neste setor e que até hoje presta contribuição para a INB. Da mesma forma, agradeço a todos os nossos empregados, colaboradores, que com muita determinação, comprometimento e espírito de equipe contribuíram de forma decisiva para que conseguíssemos retomar a produção de urânio em Caetité”.