Por Marcela Mattos, Sara Resende e Beatriz Borges, G1 e TV Globo.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou nesta terça-feira (4), na Comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Covid, que o presidente Jair Bolsonaro queria que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alterasse a bula da cloroquina para que o medicamento fosse indicado no tratamento da Covid-19 (veja mais no vídeo acima).

A cloroquina, de acordo com estudos científicos, é ineficaz contra a doença. Segundo Mandetta, o pedido para alterar a bula foi negado pelo presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.

O ex-ministro foi à CPI na condição de testemunha, quando há o compromisso de dizer a verdade sob o risco de incorrer no crime de falso testemunho. O Brasil já tem mais de 408 mil mortes por Covid-19.

“Eu estive dentro do Palácio do Planalto quando fui informado, após uma reunião, que era para eu subir para o terceiro andar porque tinha lá uma reunião com vários ministros e médicos que iam propor esse negócio de cloroquina, que eu nunca tinha conhecido. Quer dizer, ele tinha esse assessoramento paralelo", disse Mandetta.
"Nesse dia, havia sobre a mesa, por exemplo, um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido daquela reunião que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando na bula a indicação da cloroquina para coronavírus. E foi inclusive o próprio presidente da Anvisa, [Antonio] Barra Torres, que disse não."
 

Em seu depoimento, o ex-ministro disse ainda que Bolsonaro defendia o uso da cloroquina para o tratamento precoce, mesmo sem evidência científica, e que o presidente deveria ter outras fontes de informação, pois o uso do medicamento não era recomendado pelo Ministério da Saúde.

“Me lembro de o presidente sempre questionar a questão ligada à cloroquina como a válvula de tratamento precoce, embora sem evidência científica. Eu me lembro de o presidente algumas vezes falar que ele adotaria o chamado confinamento vertical, que era também algo que a gente não recomendava", afirmou.

'Eu torcia muito para aquelas teorias de que o vírus não ia chegar no Brasil', diz Mandetta
 'Eu torcia muito para aquelas teorias de que o vírus não ia chegar no Brasil', diz Mandetta

Mandetta disse ainda que o Ministério da Saúde seguia a "cartilha da Organização Mundial de Saúde" e que, se ele tivesse adotado a teoria de que o vírus não chegaria no Brasil, teria sido uma "carnificina".

Ele também afirmou que "do Ministério da Saúde nunca houve a recomendação de coisas que não fossem da cartilha da Organização Mundial de Saúde, dessas estruturas todas".

"Era o que a gente tinha, não por sermos donos da verdade, não. Pelo contrário, nós éramos donos da dúvida, eu torcia muito para aquelas teorias de que 'ah, o vírus não vai chegar no Brasil'. Agora, se eu adotasse aquela teoria e chegasse, teria sido uma carnificina."

 

Em seu depoimento, o ex-ministro também falou que:

  • Bolsonaro queria que a Anvisa mudasse a bula da cloroquina, remédio ineficaz contra a Covid;
  • era "constrangedor" explicar divergências com o presidente sobre medidas de isolamento social;
  • "provavelmente" Bolsonaro se aconselhava sobre a pandemia com fontes de fora do Ministério da Saúde;
  • o governo não quis fazer campanha oficial contra a Covid;
  • a política de testagem em massa foi abandonada depois que ele deixou a pasta;
  • e a falta de unidade na ação do governo confundiu a população e teve impacto na pandemia.

Presidente duvidou de estimativa de mortos

No depoimento, Mandetta também disse que Bolsonaro teve dúvida quando apresentado, ainda no início da pandemia, a uma estimativa de 180 mil mortos até dezembro de 2020, caso o país não adotasse medidas firmes de combate ao coronavírus. Nesta terça, o Brasil já tem mais de 408 mil mortos.

"Eu levei, expliquei. 180 mil óbitos para quem tinha na época menos de mil era um número muito difícil de você fazer uma assertiva dessa. Eu acho que ali ficou dúvida, porque tinha ex-secretários de saúde, parlamentares, que falavam publicamente: 'Olha, essa doença não vai ter 2 mil mortos, essa doença vai durar de quatro a seis semanas'", afirmou o ex-ministro.

"Havia uma construção também de pessoas que falavam absolutamente o contrário. Eu acho que, naquele momento, o presidente entendeu que aquelas outras previsões poderiam ser mais apropriadas para aquele momento."

Mandetta: Minha gestão estimou até 180 mil mortes em 2020
 Mandetta: Minha gestão estimou até 180 mil mortes em 2020
 

Aconselhamento de fora

Mandetta afirmou que Bolsonaro "provavelmente" tinha uma outra fonte de aconselhamento sobre a pandemia que não era o Ministério da Saúde.

“Eu acho que ele tinha uma outra, provavelmente, eu não saberia lhe dizer, mas provavelmente uma outra fonte que dava para ele. Aí, ele teria que dizer, que dava para ele, porque do Ministério da Saúde nunca houve a recomendação de coisas que não fossem da cartilha da Organização Mundial de Saúde", afirmou.

O ministro disse que viu diversas vezes o vereador Carlos Bolsonaro (Republicano-RJ) participando e fazendo anotações em reuniões ministeriais:

“Eu testemunhei várias vezes reuniões de ministros em que o filho do presidente que é vereador do Rio de Janeiro estava sentado atrás tomando as notas da reunião. Eles tinham constantemente reuniões com esses grupos dentro da Presidência.”

Falta de 'unidade' e de 'fala única'

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), fez uma série de perguntas em sequência a Mandetta. Algumas delas foram:

"Na sua avaliação, a postura e as ações do presidente da República contra o isolamento social tiveram impacto no agravamento da pandemia e no aumento do número de mortes? A tragédia brasileira poderia ter sido evitada? O Brasil tinha condições de enfrentar de forma melhor esta pandemia?".

Na resposta, Mandetta disse que faltou ao país ter uma "unidade" no combate à pandemia e uma "fala única" na condução da crise.

"Se a postura trouxe impacto? Sim. Você não pode, em tempos de epidemia... Você tem que ter a unidade, você tem que ter a fala única. O raciocínio não é individual. Esse vírus ataca a sociedade como um todo, ele ataca educação, cultura, esporte, lazer. Ele ataca tudo. Economia, emprego, microempresas. Ele ataca o sistema de saúde a ponto de derrubá-lo e aí sim o sistema de saúde não pode atender quem tem apendicite", afirmou o ex-ministro.
 

Para Mandetta, as falas contrárias à ciência criaram divisões dentro do país e, com isso, parte da população achou que poderia desobedecer medidas de prevenção.

"Então você tem, sim, esse impacto. Porque houve uma ruptura. A medicina ficou completamente dividida. O conselho, de uma maneira, não consegue se pronunciar, as pessoas começaram a ver: 'Sim, eu posso fazer isso, eu sou leal, eu faço dessa maneira'. A tragédia, sim. O Brasil podia mais, o SUS podia mais, a gente poderia mais. Poderíamos estar vacinando mais, desde novembro do ano passado”, disse o ex-ministro.

Mandetta diz que Bolsonaro foi alertado sobre gravidade da pandemia
 Mandetta diz que Bolsonaro foi alertado sobre gravidade da pandemia

Falta de campanha nacional

Mandetta disse também que o governo não quis fazer uma campanha nacional de comunicação contra a Covid-19. O ministro afirmou que, por isso, dava entrevistas diárias para atualizar a população sobre o avanço da pandemia.

"Aquelas entrevistas, elas só existiam porque não havia... O normal, quando você tem uma doença infecciosa, é você ter uma campanha institucional, como foi, por exemplo, a Aids. Havia uma campanha onde se falava sobre a Aids, como pega, e orientava as pessoas a usarem preservativo. Era difícil para a sociedade brasileira fazer, mas havia uma campanha oficial. Não havia como fazer uma campanha [contra a Covid], não queriam fazer uma campanha oficial", declarou.

 
Mandetta: Governo não quis fazer campanha oficial contra Covid
Mandetta: Governo não quis fazer campanha oficial contra Covid

Testagem

O ex-ministro também foi questionado sobre a política de testagens no país. Mandetta disse que o ministério tinha um rumo claro sobre a necessidade de testagem em massa, baseado na ciência, que foi abandonado após a sua saída da pasta.

“Eu acho que nós tivemos em um determinado momento um caminho traçado pelo Ministério da Saúde para testagem, para utilização da atenção primária [...] Nós tínhamos um caminho, nós sabíamos para onde nós iríamos. Nós tínhamos claramente que nós iríamos testar, bloquear ao máximo possível os contágios, identificá-los. E nós iríamos tratar, via atenção primária, e ampliar a nossa rede de atendimento hospitalar. Isso era a maneira como nós focávamos. Nós não tomamos nenhuma medida que não tenha sido pela ciência, e a ciência é essa, é isso que recomendava. Agora, a posteriori, nós vimos pararem muitas coisas e não colocarem outras no lugar. A testagem é uma delas”, disse Mandetta.

Gestão baseada na ciência

Mandetta também disse que sua gestão na pandemia procurava se basear em três pontos principais: defesa da vida, fortalecimento da atuação do SUS e valorização da ciência.

"O que só me resta dizer que a tomada de decisão foi em cima de três pilares: a defesa intransigente da vida, que foi o princípio número um, não haveria nenhuma vida que não fosse valorizada; o SUS, como meio para atingir; e a ciência, como elemento de decisão. Esses foram os três pilares sob os quais nós construímos o eixo de prevenção, de atenção, de testagem, de hospitalização e de monitoramento da doença", afirmou o ex-ministro.

 

Atraso na sessão

O depoimento de Mandetta estava marcado para começar às 10h. O atraso de pouco mais de uma hora ocorreu porque, na abertura da sessão, senadores governistas da CPI reivindicaram aprovação de pedidos para chamar à comissão autoridades ligadas aos governos estaduais.

Uma das estratégias da oposição é envolver governadores nas investigações da CPI, para tirar o foco do governo federal.

O presidente da CPI, senador Omaz Aziz (PSD-AM), e o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) reforçaram aos colegas oposicionistas que o repasse de verbas para estados será alvo da CPI. Aziz e Randolfe disseram que essa questão já está esclarecida e que os oposicionistas estão tentando tumultuar os trabalhos da comissão.

"Ô tropa de choque atrapalhada. Vão para o STF [Supremo Tribunal Federal] para tentar obstruir toda vez, parece que tem uma coisa pessoal contra o relator, toda vez, tem uma paixão pelo relator, homem. Toda vez ficam querendo questionar os trabalhos do relator. Está no plano de trabalho aqui: emprego de recursos federais. Só era ler, homem. Só era se dar ao trabalho de ler o plano de trabalho. Minha questão de ordem é para gente trabalhar", afirmou Randolfe, em meio ao debate no início da sessão.

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Terça, 04 Maio 2021 10:08

Cloroquina para os indígenas

Por Renata Lo Prete.

As denúncias vêm desde o ano passado, mas agora ganharam visibilidade, e o motivo tem três letras: CPI. A Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no Senado vai investigar, apenas nessa seara, 15 potenciais erros da gestão Bolsonaro, entre eles distribuição e prescrição de medicamentos sem eficácia no tratamento da Covid-19. “Um pessoal de Brasília foi à terra yanomami e levou 3 mil quilos de cloroquina”, recorda Junior Hekuari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indigenista Yanomami e Ye’kuana, sobre a comitiva oficial que visitou a etnia no meio de 2020. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele lembra que, embora o governo tenha mais tarde alegado que o objetivo era tratar malária, a recomendação real era para dar o remédio a qualquer um que apresentasse suspeita de infecção pelo novo coronavírus. “Foi totalmente marketing”, diz Junior. Participa também Daniel Biasetto, repórter do jornal O Globo que localizou documentos públicos em Vilhena (RO), distrito responsável por 144 aldeias da Amazônia Legal, orientando explicitamente o tratamento com o chamado “kit covid”. Daniel exemplifica com o caso de Aruká Juma, que era o último homem de sua etnia e foi vítima da doença. “Tudo indica que Aruká morreu por negligência no tratamento”, diz.

 

O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Isabel Seta, Glauco Araújo, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Giovanni Reginato. Nesta semana colaborou também Ricardo Gallo. Apresentação: Renata Lo Prete.

Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça.

Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia...

Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça - e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado.

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Capital recebeu 46,8 mil doses da vacina Pfizer do Ministério da Saúde (MS), que serão destinadas à primeira aplicação de pessoas com comorbidades, gestantes e puérperas e pessoas com deficiência permanente. Comerciante de 63 anos e com problemas circulatório e de pressão foi o primeiro imunizado no Rio..

A cidade do Rio começa a aplicar nesta terça-feira (4) as primeiras doses da vacina da Pfizer. São 46.800 doses, que, por orientação do Ministério da Saúde, foram repassadas à capital na noite de segunda-feira (3).

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), a vacina será destinada à primeira aplicação de pessoas com comorbidades, gestantes e puérperas e pessoas com deficiência permanente.

A aplicação da primeira dose da Pfizer no Rio aconteceu pouco depois das 7h, de forma simbólica, na Clínica da Família Estácio de Sá, no Rio Comprido, na Zona Norte.

O comerciante Alexandre Souza Almeida, de 63 anos, era o primeiro da fila e foi vacinado pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

“Sou mais um vacinado e vou sair daqui satisfeito em saber que estou imunizado de alguma forma e não corro mais o risco que corria, de estar circulando entre as pessoas, de ter que voltar ao trabalho, enfim, de tentar voltar a uma vida normal", disse Alexandre, que sofre de problemas circulatórios e de pressão.

Segundo o comerciante, a imunização traz tranquilidade.

"Isso dá muita tranquilidade, não resta dúvida que fiquei muito satisfeito e de ter a honra de ser vacinado pelo nosso secretário".

Apenas doze doses estavam disponíveis na clínica do Rio Comprido nessa manhã, diferente do que a prefeitura havia informado que aconteceria. Segundo o secretário, as vacinas estarão disponíveis à tarde, na quarta (5) e na quinta-feira (6).

Soranz explicou ainda que a vacina da Pfizer é um pouco diferente dos demais imunizantes.

“Com as outras vacinas se aplica 0,5 ml na seringa. E agora, com a vacina da Pfizer, é 0,3 na seringa. (...) Agora, todas as vacinas são boas, todas as vacinas protegem contra casos graves e óbitos por Covid. E a nossa recomendação é que ninguém fique escolhendo vacina nas unidades. Tome a vacina que tiver”.

 

Segundo o secretário, uma parte das vacinas da Pfizer está armazenada com o Ministério da Saúde para ser aplicada como segunda dose na data correta.

Sobre a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro sobre ordem de vacinação de grupos prioritários, Soranz afirmou que não há mudanças no Rio.

"A gente já vinha cumprindo o calendário, dando prioridade para as comorbidades e para as pessoas com deficiência. Então, essa decisão não tem impacto para o Rio".

O Brasil recebeu um total de 1 milhão de dosesda Pfizer na quinta-feira (29) - 500 mil já começaram a ser distribuídas às 27 unidades federativas.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que a vacinação na cidade não precisará ser feita em postos específicos, já que as vacinas podem ser armazenadas em câmaras frias em 2 a 8°C por até cinco dias.

Segundo recomendação do MS, no prazo entre cinco e 14 dias, a temperatura de armazenamento precisa ser entre -25 e -15°C. Durante toda a validade do imunizante - seis meses - é necessário um freezer de ultra baixa temperatura, que mantenha a vacina entre -80 e -60°C.

De acordo com a SES, a primeira remessa será destinada para a primeira dose. Já as doses para a segunda aplicação serão enviadas na próxima remessa.

De acordo com recomendação do Ministério da Saúde, a segunda dose da vacina Pfizer deve ser aplicada em um intervalo de 12 semanas após a primeira dose.

Vacinação no Rio

A cidade do Rio iniciou no dia 26 de abril uma nova fase na campanha de vacinação contra a Covid. Passaram a receber a imunização outros grupos considerados prioritários:

  • pessoas com deficiência;
  • pessoas com comorbidades;
  • profissionais de saúde;
  • profissionais da educação do setor público e privado;
  • profissionais de segurança e salvamento;
  • profissionais da limpeza urbana;
  • rodoviários e profissionais do transporte escolar;
  • idosos em geral que faltaram à vacinação.

Esse público deve respeitar a divisão por idade e por gênero e pode ir a qualquer posto de vacinação. Grávidas com comorbidades são exceção e estão liberadas para se imunizar a qualquer dia, mediante apresentação de laudo com a indicação médica. (Veja o calendário na íntegra ao fim da matéria)

Profissionais de saúde

A prefeitura ampliou a vacinação para essa categoria, incluindo os não idosos. Os grupos de profissionais de saúde estão com faixas etárias diferentes, de 44 anos para baixo, uma idade a cada dia, para ambos os sexos.

Já podem se imunizar:

  • assistentes sociais
  • biólogos
  • biomédicos
  • enfermeiros
  • farmacêuticos
  • fisioterapeutas
  • fonoaudiólogos
  • médicos
  • médicos veterinários e seus respectivos técnicos e auxiliares
  • nutricionistas
  • odontólogos
  • profissionais de educação física
  • psicólogos
  • terapeutas ocupacionais

Calendário unificado

  • Dia 4/5 (terça-feira): Mulheres com 55 anos (8h às 13); Homens com 55 anos (13h às 17h)
  • Dia 5/5 (quarta-feira): Mulheres com 54 anos (8h às 13); Homens com 54 anos (13h às 17h)
  • Dia 6/5 (quinta-feira): Mulheres com 53 anos (8h às 13); Homens com 53 anos (13h às 17h)
  • Dia 7/5 (sexta-feira): Mulheres com 53 anos (8h às 13); Homens com 53 anos (13h às 17h)
  • Dia 8/5 (sábado): Pessoas com 52 anos ou mais
 

Onde se vacinar

A vacinação durante a semana é feita nos postos de saúde e clínicas da família. Há ainda outros postos extras. Confira abaixo a lista:

  • Casa Firjan (Botafogo);
  • Hotel Fairmont (Copacabana);
  • Igreja Nossa Senhora do Rosário (Leme);
  • Imperator (Méier);
  • Jockey Club (Gávea);
  • Museu da Justiça (Praça 15);
  • Palácio Duque de Caxias (Central do Brasil)
  • Museu da República (Catete);
  • Planetário da Gávea;
  • Quadra do Cacique de Ramos;
  • Quadra da Portela;
  • Tijuca Tênis Clube;
  • Cidade das Artes (Barra da Tijuca);
  • Centro Cultural da Marinha, próximo à Igreja da Candelária;
  • Quartel dos Bombeiros (Humaitá - 1º GBM) - Rua Humaitá 126 – Humaitá;
  • Quartel dos Bombeiros (Copacabana - 17º GBM) - Rua Xavier da Silveira 120 – Copacabana;
  • Grupamento dos Bombeiros de Busca e Salvamento (GBS-Barra) - Av. Ayrton Senna 2001 - Barra da Tijuca.

Para saber qual é a unidade de referência da sua residência, acesse o serviço "Onde ser atendido", da Secretaria Municipal de Saúde.

Postos com atendimento a pessoas com deficiência:

  • CMRPD de Irajá: Avenida Monsenhor Felix, 512, Irajá
  • CMRPD do Mato Alto: Rua Candido Benício, 2.973, Praça Seca, Jacarepaguá
  • CMRPD de Santa Cruz: Avenida Felipe Cardoso, s/nº, Santa Cruz
  • CIAD ( (Centro Integrado de Atenção à pessoa com Deficiência): Avenida Presidente Vargas, 1.997, Centro
  • Universidade Castelo Branco: Avenida de Santa Cruz, 1.631, Realengo
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Valor de R$ 150 será pago durante seis meses a famílias com cadastro no CadÚnico, por se enquadrarem na situação de pobreza ou extrema pobreza.

Será realizado nesta terça-feira (27) o depósito do valor referente ao "Bolsa Presença", benefício que concede R$ 150 mensais a famílias de alunos da rede estadual de ensino da Bahia que se enquadram em situação de pobreza ou extrema pobreza. O valor será pago ao longo de seis meses, e as famílias precisam ter cadastro no CadÚnico.

Segundo o governo do estado, o benefício do Bolsa Presença é por família, mas o aluno pode acumular com os demais benefícios que recebe: Parcela de R$ 55 do vale-alimentação estudantil e os R$ 100 se for monitor do programa "Mais Estudo".

Cada beneficiário possui um cartão específico para utilização. O valor poderá ser utilizado para a aquisição de gêneros alimentícios, artigos de limpeza e compras em farmácias ou para outra destinação de interesse da família, como material escolar, por exemplo.

Ainda de acordo com o governo, além da família estar cadastrada no CadÚnico, as condições para que o aluno matriculado receba o auxílio Bolsa Presença são: assiduidade nas aulas ministradas pela unidade escolar em que esteja matriculado, com frequência mínima de 75%; participação do estudante e da sua família nas atividades e avaliações escolares; desenvolvimento do projeto de vida e intervenção social; e manutenção atualizada dos dados cadastrais na unidade escolar e no CadÚnico.

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) disponibilizou um site onde as famílias podem consultar se têm direito ao "Bolsa Presença". Quem não tem acesso à internet poderá ligar para a escola e solicitar a consulta no sistema.

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Por G1 SP — São Paulo.

A Prefeitura de São Paulo decidiu suspender o enterros noturnos na cidade a partir de quinta-feira (29). A decisão ocorre após a queda dos sepultamentos, segundo o Serviço Funerário Municipal.

O horário do sepultamento noturno ocorria desde o fim de março devido a pandemia de coronavírus nos cemitérios da Vila Formosa e Vila Alpina, ambos na Zona Leste; o São Luiz, na Zona Sul; e o Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte. Com isso, os enterros na cidade ocorriam entre 7h e 22h.Os sepultamentos noturnos fazem parte do Plano de Contingência do Serviço Funerário. Caso o número de enterros aumente novamente, a medida pode ser retomada.

Em abril deste ano, já foram realizados 7.422 sepultamentos na cidade. Em março, foram 9.799 enterros. Em fevereiro, 5.964. E em janeiro foram 6.678 sepultamentos.

O número de sepultamentos também inclui enterros realizados em cemitérios particulares e cremações. O número de enterros é menor do que o de mortes, pois os sepultamentos podem ocorrer em outros municípios.

 
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Terça, 27 Abril 2021 09:05

Tsunami de Covid na Índia

Por Renata Lo Prete.
Um número diário de novos casos sem precedente em qualquer outro país, já tendo superado 350 mil. Variantes do vírus alimentando o contágio. Colapso dos hospitais, pacientes morrendo por falta de oxigênio, disparada de sepultamentos e cremações. E desconfiança generalizada de que a contagem de óbitos - na casa dos 200 mil - esteja seriamente subestimada. “Não dava para imaginar que ficaria tão grave. No dia a dia, a mensagem era de que o pior já havia passado”, conta o repórter da Globo Álvaro Pereira Jr., que esteve nas cidades de Nova Délhi e Pune no início de março, como parte das gravações para o documentário “A corrida das vacinas”. De fato, a situação saiu de controle em poucas semanas, disparando alerta global, porque o país é grande produtor do que o mundo inteiro quer. “Se o Brasil ainda esperava receber vacinas prontas da Índia, pode tirar o cavalo da chuva”, alerta o jornalista. Isso porque a prioridade do país, agora, será acelerar a imunização de sua população -inferior em tamanho apenas à da China. Também neste episódio, Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV, explica por que o país asiático está recebendo ajuda internacional em escala a que o Brasil nem de longe tem acesso: “Ela é aliada dos EUA para conter a China e peça-chave na distribuição global de vacinas”.

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Os trabalhadores que tiveram o resultado negativo do Auxílio Emergencial 2021 divulgado no último dia 10 de abril têm até esta quinta-feira (22) para recorrer da decisão. A contestação deve ser feita pelo https://consultaauxilio.cidadania.gov.br/ (veja mais abaixo como fazer).

No início do mês, o Ministério da Cidadania liberou as consultas à nova rodada do Auxílio. Quem já teve o benefício negado naquela data teve até a0 dia 12 de abril para recorrer da decisão. Para uma parcela dos trabalhadores, no entanto, a consulta retornava o status como 'em processamento'.

Parte desse público teve a análise concluída em 10 de abril, com a aprovação de mais 236 mil beneficiário. É para quem teve resposta negativa nessa etapa que vale o período de contestação que termina nesta quinta. O Ministério aponta que ainda há cadastros sendo analisados – o que deve dar origem a novos aprovados e a novos períodos de contestação para eventuais pedidos negados.

Quem receber uma ou mais parcelas da nova rodada do benefício, mas tiver os pagamentos cancelados durante as reavaliações mensais ainda poderá recorrer da decisão.

Nem todas as negativas podem ser contestadas: algumas decisões são finais. Veja mais abaixo a lista dos motivos que podem ou não ser contestados e o que fazer em cada caso.

Verifique o status do benefício

Para fazer a contestação, o trabalhador precisa primeiro verificar se teve o benefício negado.

Isso pode ser feito pelo site https://consultaauxilio.cidadania.gov.br/. O beneficiário deverá informar o CPF, nome completo, nome da mãe e data de nascimento.

A consulta também pode ser feita pelos canais da Caixa: pelo auxilio.caixa.gov.br ou pelo telefone 111.

Como contestar

A contestação pode ser feita apenas pelo https://consultaauxilio.cidadania.gov.br, usando o mesmo caminho para verificar o status do benefício.

 

Para quem teve o benefício negado – e se encaixa em uma das situações que permitem a contestação (veja como consultar a lista abaixo) – , a página vai trazer um ícone "Solicitar contestação", informando o motivo da negativa.

Após clicar neste botão, será apresentada pergunta se o beneficiário deseja mesmo apresentar a contestação e, quando confirmar, a contestação será enviada para avaliação da Dataprev.

Só são elegíveis à nova rodada de pagamentos os trabalhadores que tinham o direito reconhecido ao Auxílio em dezembro do ano passado. A Dataprev analisou, entre esses beneficiários, quem se encaixa nas regras deste ano. Assim, quem não tinha direito em dezembro não teve o cadastro analisado, e não terá como recorrer.

O Ministério da Cidadania informa que oferece atendimento telefônico pelo número 121 e pela Ouvidoria por meio de formulário eletrônico. Outra opção é enviar uma carta para o endereço: SMAS - Setor de Múltiplas Atividades Sul Trecho 03, lote 01, Edifício The Union, térreo, sala 32, CEP: 70610-051 - Brasília/DF.

 Auxílio Emergencial 2021 - entenda as regras da nova rodada
Auxílio Emergencial 2021 - entenda as regras da nova rodada

O que pode ser contestado

O Ministério da Cidadania listou os motivos que podem ser contestados e o que deve ser feito. Veja aqui quais são os motivos e o que fazer em cada caso.

 

Contestação durante os pagamentos

O beneficiário também poderá contestar caso receba uma ou mais parcelas e tenha o pagamento cancelado durante as reavaliações mensais.

Nova rodada

A nova rodada do Auxílio Emergencial começou a ser paga em 6 abril, como medida de resgate aos mais vulneráveis em momento de agravamento da pandemia do coronavírus.

Os pagamentos da primeira parcela do benefício, para todos os públicos, vão até 30 de abril.

Para esta semana está prevista ainda o pagamento da primeira parcela para nascidos em abril, maio, e para beneficiários do Bolsa Família com NIS final 1.

A Caixa informou que realizará nesta semana também pagamentos para uma nova leva de aprovados nascidos entre janeiro e maio.

"A Caixa realizará o pagamento do Auxílio Emergencial a 236 mil novos beneficiários aprovados. Desse total, os nascidos entre janeiro e maio receberão a primeira parcela na próxima quinta-feira (15). Os que nasceram depois de maio entram no calendário normal de repasses", explicou, em nota divulgada no sábado (10).

O retorno do benefício será em quatro parcelas, com valores específicos conforme o perfil de quem recebe. O valor médio dessa rodada é de R$ 250, mas pode variar de R$ 150 a R$ 375 a depender da composição de cada família.

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Por G1 SP.

O Instituto Butantan recebeu, na manhã desta segunda-feira (19), mais 3 mil litros do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), matéria-prima para produção da CoronaVac. A matéria-prima vai ser suficiente para produzir mais 5 milhões de vacinas contra a Covid-19. A Coronavac é a vacina contra a Covid-19 produzida pelo Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.

O carregamento, vindo de Pequim, na China, chegou ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, às 6h13. O voo da companhia aérea Turkish Airlines passou por escalas na Turquia e Islândia.

O novo lote do IFA deveria ter chegado no dia 8 de abril. Com o atraso, o Butantan vai completar a entrega das 46 milhões de doses de Coronavac ao Ministério da Saúde até 10 de maio. A promessa inicial era que essas doses seriam entregues ao governo federal até o fim de abril. O atraso ocorre porque o processo de envase e rotulagem, etapa final de produção da vacina, vai demorar 2 semanas.

Inicialmente, o Butantan receberia 6 mil litros do IFA em um único lote, mas o envio da matéria-prima foi dividido. Os outros 3 mil litros do insumo para a Coronavac devem chegar antes do fim de abril, mas ainda não tem data definida.

 
Avião pousa no Aeroporto de Cumbica com insumos para a CoronaVac
Avião pousa no Aeroporto de Cumbica com insumos para a CoronaVac

O Instituto Butantan suspendeu o envase de doses da vacina CoronaVac após atraso na chegada de matéria-prima. No cronograma inicial, o Instituto deveria ter recebido a matéria-prima entre os dias 6 e 8 de abril. Para conseguir completar a entrega de 46 milhões de doses, prevista no primeiro contrato com o governo federal, o Instituto Butantan dependia da chegada do insumo da vacina, que é importado da China.

Em março, o Butantan recebeu uma remessa de 8,2 mil litros de IFA, correspondente a cerca de 14 milhões de doses. Outros 11 mil litros de insumos chegaram ao país em fevereiro.

 

Na semana passada, o Butantan entregou mais 1 milhão de doses da Coronavac ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) e atingiu os 40,7 milhões de doses desde o início das entregas, em 17 de janeiro.

Após finalizar a entrega dos 46 milhões de doses ao Ministério da Saúde referente ao primeiro contrato assinado, o Butantan vai entregar mais 54 milhões de doses ao governo federal até o mês de setembro.

Que vacina é essa? Coronavac
Que vacina é essa? Coronavac

Doses da Coronavac entregues ao Ministério da Saúde em 2021

  • 17 de janeiro: 6 milhões de doses
  • 22 de janeiro: 900 mil doses
  • 29 de janeiro: 1,8 milhão de doses
  • 5 de fevereiro: 1,1 milhão de doses
  • 23 de fevereiro: 1,2 milhão de doses
  • 24 de fevereiro: 900 mil doses
  • 25 de fevereiro: 453 mil doses
  • 26 de fevereiro: 600 mil doses
  • 28 de fevereiro: 600 mil doses
  • 3 de março: 900 mil doses
  • 8 de março: 1,7 milhão
  • 10 de março: 1,2 milhão
  • 15 de março: 3,3 milhões
  • 17 de março: 2 milhões
  • 19 de março: 2 milhões
  • 22 de março: 1 milhão
  • 24 de março: 2,2 milhões
  • 29 de março: 5 milhões
  • 31 de março: 3,4 milhões
  • 5 de abril: 1 milhão
  • 7 de abril: 1 milhão
  • 12 de abril: 1,5 milhão
  • 14 de abril: 1 milhão.
 

Eficácia

Um estudo clínico final sobre a Coronavac mostra que a eficácia da vacina é maior do que nos resultados iniciais divulgados entre dezembro e janeiro. O estudo foi feito pelo Instituto Butantan, que produz a vacina em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.

Segundo artigo científico encaminhado para revisão e publicação na revista científica Lancet, uma das mais respeitadas do mundo, a eficácia para casos sintomáticos de Covid-19 atingiu 50,7%, ante os 50,38% informados inicialmente. Ou seja, a vacina reduz pela metade os novos registros de contaminação em uma população vacinada.

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Por BBC — São Paulo.

O avanço da variante P.1, descoberta em Manaus em janeiro, levou a cidade de São Paulo a mudar sua orientação para todos aqueles que forem infectados por coronavírus. Agora, eles devem procurar uma unidade de saúde assim que surgirem os sintomas, e não mais quando eles se agravarem.

Segundo a prefeitura, a mudança tem três motivos, todos associados à nova variante: agravamento rápido do quadro de saúde, mais jovens atingidos e tempo de internação maior.

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"Não só o processo de internação é mais longo, a viremia (presença do vírus no sangue), mas o agravamento é muito repentino na P.1. Há relatos do atendimento na ponta de jovens que são internados e em 24 horas já precisam ser intubadas. Literalmente isso", afirmou o secretário municipal de saúde de São Paulo, Edson Aparecido, em entrevista à BBC News Brasil.

Levantamentos apontam que a variante, mais contagiosa, já está presente em mais de 80% dos pacientes da Grande São Paulo no início de março. A P.1 tem avançado rapidamente em outras partes do país. No Rio de Janeiro, estima-se que a incidência dela passou de 67% em fevereiro para quase 100% em abril.

 
  • 'Não existe mais grupo de risco': entenda por que cientistas defendem alerta amplo, sobretudo para os mais jovens

Essa variante do coronavírus é mais contagiosa, entre outros motivos, por causa de mutações que facilitaram a invasão de células humanas. Essa característica pode estar ligada a outras duas hipóteses que estão próximas de serem confirmadas por cientistas: agravamento mais rápido do quadro de saúde e maior letalidade.

Até agora há diversos relatos de profissionais de saúde da linha de frente que reforçam essas possibilidades, mas os estudos conclusivos só devem ficar prontos nas próximas semanas. Um levantamento da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), baseado em quase metade dos 55 mil leitos de UTI do país, apontou na onda atual um aumento de 40% no número de pacientes que precisaram ser intubados e receber ventilação mecânica.

"A preocupação de São Paulo se justifica diante de tudo que temos visto em diversas partes do país. A evolução mais rápida, um alastramento muito maior e mudança no perfil de casos, atingindo também pessoas mais jovens. A evolução mais rápida do quadro de saúde é um fato registrado em diferentes localidades", disse o virologista Fernando Spilki, professor da universidade Feevale e da rede Corona-ômica BR MCTIC/Finep, projeto de sequenciamento do Sars-CoV-2.

Mas se o sistema de saúde está em colapso pelo país, com milhares de pessoas nas filas à espera de UTI e falta de insumos e profissionais de saúde, por que São Paulo passou a recomendar que ainda mais pessoas busquem atendimento médico logo no início dos sintomas?

E o que dizer das cidades menores? Elas teriam capacidade de absorver essa demanda ainda maior por atendimento? Dificilmente, afirmam especialistas ouvidos pela reportagem.

Jovens e o atendimento tardio

Uma das principais características associadas à nova variante é a maior incidência entre os mais jovens. A maioria dos casos registrados em 2021 em São Paulo, por exemplo, se concentra entre pessoas de 20 a 54 anos.

 

Dados do governo paulista apontam que na primeira onda da pandemia mais de 80% dos leitos UTIs eram ocupados por idosos e portadores de doenças crônicas, e agora 60% das vagas são ocupadas por pessoas de 30 a 50 anos, a maioria sem doença prévia. Dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) apontam alta de 17% nos pacientes de até 40 anos em UTIs.

A principal hipótese para isso é epidemiológica, e não uma predileção do vírus por mucosas mais jovens. Há uma exposição grande de homens dessa faixa etária, por exemplo, que não podem deixar de sair para trabalhar ou de circular em transportes públicos lotados. Há também aqueles, minoritários, que não deixaram de frequentar festas.

Mas o que o aumento de casos entre os mais jovens tem a ver com o agravamento da doença mais rápido?

Bem, a linhagem do coronavírus identificada em Manaus apresenta mutações nos genes que codificam a espícula, a proteína que permite a entrada do vírus nas células humanas e, portanto, pode facilitar a infecção pelo Sars-CoV-2.

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Por Carolina Fernandes e Fernanda Mueller, G1 SC e NSC.

Uma jovem de 17 anos de Criciúma, no Sul catarinense, que gabaritou a prova de matemática do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi aprovada no curso de medicina na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Carolina Casagrande ficou em 5º lugar. Além de acertar todas as questões em uma das matérias mais temidas pelos estudantes, ela alcançou 980 pontos em redação.

"Nem estou acreditando, me esforcei tanto para isso e agora que consegui, parece que estou sonhando acordada", disse Carolina.

Foi com a nota, desta que foi a sua terceira prova do Enem, que a jovem conseguiu obter a aprovação no curso sonhado. O processo seletivo da instituição em 2021 disponibilizou 2.516 vagas, em que os estudantes tiveram que optar por serem selecionados via nota do Enem ou de provas de vestibulares da UFSC de anos anteriores.

"Eu já tinha uma noção que eu ia acertar, pelo menos, 40 questões de matemática. Mas quando eu vi que realmente tinha sido as 45, conferi aquele gabarito umas três, quatro vezes, porque não conseguia acreditar. Sempre tive facilidade [com a disciplina], desde pequena, quando não via um 10 sabia que podia ter feito melhor ", afirma a estudante.

O ano que passou, segundo ela, foi desafiador por ter que conviver com uma nova rotina de estudos diferente e ter que se adaptar às aulas a distância. Os erros e acertos das provas anteriores também colaboraram para atingir o resultado adquirido. Foram pelo menos oito horas de estudo por dia.

"Eu sempre me preocupei muito com os meus estudos. Lembro de ter sete anos e não querer tirar um 8 em matemática. Eu sabia que o estudo era a ponte para conquistar o meu sonho, então tive que superar as adversidades, mesmo com a pandemia que deixou tudo mais difícil", explica.

Carolina conta que a escolha por cursar medicina surgiu no último ano do Ensino Médio, quando, com a pandemia, aumentou o desejo de "poder ajudar na prática” as pessoas.

"A pandemia me assusta um pouco, mas saber que vou poder contribuir positivamente motivou ainda mais minha escolha. Não tenho muita noção da área, mas tenho certeza que a área de pesquisa me encanta", conclui.

Lista de aprovados

No sábado (17), A Comissão Permanente do Vestibular (Coperve) da UFSC publicou as listas de aprovados no primeiro processo seletivo 2021 do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A etapa online da matrícula para todos os candidatos classificados dentro do número de vagas começa na terça-feira (20) e vai até o dia 23 de abril.

 

As vagas remanescentes de matrículas não confirmadas serão oferecidas em segunda chamada. A Coperve publicou também uma relação com as notas máximas e mínimas dos classificados em cada curso, separadas por categoria, para orientar os candidatos interessados em figurar em lista de espera

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Por Bruna de Alencar.

Dois anticorpos específicos contra o novo coronavírus (IgA e o IgG) foram identificados no leite materno produzido por mulheres que receberam a vacina, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (12) na revista científica americana "The Journal of the American Medical Association (JAMA)".

Os pesquisadores avaliam que o leite materno pode ser uma fonte de anticorpos contra a Covid-19 para os recém-nascidos, embora essa conclusão dependa de novos estudos específicos.

“Os anticorpos encontrados no leite materno dessas mulheres mostraram fortes efeitos neutralizantes, sugerindo um potencial efeito protetor contra infecção em bebês”, afirmam os cientistas no artigo sobre a pesquisa.

Para chegar aos resultados que confirmaram a presença dos anticorpos no leite, os pesquisadores acompanharam um grupo de 84 mulheres em Israel entre 23 de dezembro de 2020 e 15 de janeiro deste ano.

Todas as participantes receberam as duas doses do imunizantes fabricado pela Pfizer-Biontech respeitando o intervalo de 21 dias entre as doses.

Veja como age o coronavírus em um corpo sem proteção e como atua a vacina contra Covid-19
Veja como age o coronavírus em um corpo sem proteção e como atua a vacina contra Covid-19
 

As amostras de leite materno foram colhidas antes e depois da administração da vacina. Após a aplicação do imunizante, os pesquisadores coletaram o leite materno semanalmente durante um período de seis semanas a partir do 14º dia após a primeira dose da vacina. Ao todo, foram colhidas 504 amostras de leite materno.

Dentre as amostras colhidas na primeira semana, 61,8% apresentaram anticorpos IgA contra a Covid. Após a segunda dose da vacina, esse percentual sobe para 86,1%.

Já no caso do anticorpo IgG, os níveis das células de defesa contra a doença permaneceram baixos durante as três primeiras semanas e foram aumentando a partir da quarta semana, após a segunda dose do imunizante. Entre as semanas 5 e 6, 97% das amostras de leite materno testadas apresentaram o anticorpo.

Esse aumento acontece porque a segunda dose da vacina é responsável por estimular o corpo a produzir um número maior de anticorpos, enquanto que a primeira dose ensina o corpo a reagir à doença.

A pesquisa investigou dois anticorpos: O IgA e o IgM. Os anticorpos são proteínas do sistema imune e são uma das frentes de defesa do corpo contra doenças. Existem diferenças entre os anticorpos: o IgA, no geral, protege contra infecções de membranas mucosas presentes na boca, vias aéreas e aparelho digestivo. Já o IgG é o principal anticorpo presente no sangue e age dentro dos tecidos para combater infecções.

Eficácia nos bebês

Os pesquisadores, liderados por Sivan Haia Perl, do Shami Medical Center, apontam que o estudo tem limitações e não permite concluir que bebês estão protegidos contra a Covid por terem recebido anticorpos no leite materno. Eles aponta que não realizaram "nenhum ensaio funcional" para testar a possibilidade, embora estudos anteriores já tenham mostrado capacidade de neutralização dos mesmos anticorpos.

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por.: G1
Vítima é idoso que tinha voltado de viagem nas Filipinas. Com fronteiras fechadas, quarentena obrigatória aos que chegam no país e ampla testagem, país apresenta números mínimos do coronavírus.
Autoridades de saúde do estado australiano de Queensland confirmaram nesta terça-feira (13) (horário local) a morte de um homem de 80 anos por Covid-19. É a primeira morte por coronavírus registrada na Austrália em 2021 — o último óbito documentado no país datava de 28 de dezembro.
De acordo com a chefe do Escritório Médico de Queensland, Jeanette Young, o idoso contraiu a doença nas Filipinas e recebeu o diagnóstico em 25 de março, enquanto cumpria a quarentena obrigatória a todas as pessoas, australianas ou não, que chegam de outros países. Ele foi levado a um hospital, mas não resistiu e morreu na noite de segunda.
A maior cidade de Queensland, Brisbane, e parte do estado foram colocados sob lockdown no fim de março após as autoridades identificarem um grupo de casos de coronavírus em pessoas que já estavam sob quarentena. O isolamento forçado durou três dias, e as outras restrições têm sido paulatinamente retiradas desde então.
Segundo Young, o risco no estado está controlado porque todas as pessoas que estavam no mesmo voo desse idoso já cumpriram a quarentena obrigatória e, portanto, não transmitem mais o vírus. Ela reforçou o pedido para que todos apresentando qualquer sintoma façam o teste da Covid-19.
Por isso, como não há registro de transmissão comunitária do vírus, as medidas de combate ao coronavírus em Queensland serão totalmente retiradas já nesta quinta. Máscaras não serão mais obrigatórias em locais públicos, e encontros entre pessoas não terão mais restrições.
Na quarta-feira passada (7), segundo a emissora ABC, morreu por Covid-19 em um hospital de Brisbane o ex-governador Malcolm Smith, da Papua-Nova Guiné. Porém, como o político viajou do arquipélago vizinho para a Austrália justamente para receber em solo australiano o tratamento contra o coronavírus, a morte de Smith não entrou nas estatísticas do país.
Desde o começo da pandemia, 910 morreram na Austrália por coronavírus. A maioria dessas mortes ocorreu durante um pico entre agosto e setembro, quando a média móvel de novas vítimas chegou a 56 por dia. O país tem cerca de 25,3 milhões de habitantes.
Especificamente no estado de Queensland, desde o começo da crise, houve sete óbitos. O último tinha sido em abril de 2020 — há quase um ano.
Testagem, rastreio e quarentenas
O sistema de testagem em massa, rastreio de contatos e imposição de lockdown em curto período sempre que aparecem casos de transmissão local de Covid — caso de Brisbane no fim de março — tem surtido efeito na Austrália.
Até a morte do idoso, nenhuma nova vítima do coronavírus tinha sido registrada desde dezembro de 2020 no país, que já recebe shows e eventos esportivos. 
Atualmente as fronteiras da Austrália estão fechadas e só podem entrar no país cidadãos australianos ou residentes, membros imediatos da família ou viajantes que estiveram na Nova Zelândia nos 14 dias anteriores. Todos aqueles que chegam ao país precisam cumprir uma quarentena de duas semanas.
Navios de cruzeiro podem entrar em águas australianas, mas os passageiros e a tripulação não podem desembarcar.
Nesta segunda-feira, o governo do estado de Nova Gales do Sul confirmou a veracidade de um documento que previa mais de 25 mil mortos no estado por Covid-19 caso nada tivesse sido feito no ano passado. Ao todo, na região, morreram 56 pessoas em mais de um ano de pandemia.
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Por G1 SC.

Um dia após o Brasil registrar 4,2 mil mortes nas últimas 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar a adoção de medidas restritivas para tentar frear o avanço da Covid-19 no Brasil e disse que não haverá um lockdown nacional.

As ações para restringir a circulação de pessoas têm sido defendidas por autoridades sanitárias para enfrentar a pandemia no país, que vive seu maior pico e responde hoje por um em cada três mortos pelo novo coronavírus no mundo.

Bolsonaro voltou a defender o chamado "tratamento precoce", com o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença e que, segundo a Associação Médica Brasileira, deveriam ter seu uso contra a Covid banido.

O presidente fez uma visita de trabalho no Centro de Eventos onde foi desativada uma unidade semi-intensiva para pacientes com Covid-19.

A governadora em exercício do Estado, Daniela Reinehr (sem partido), recebeu a comitiva presidencial no aeroporto Serafim Enoss Bertaso e acompanha toda a visita. A secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto (Cidadania), também está presente. Todos estão usando máscara de proteção contra o vírus.

O encontro ocorre no Centro de Eventos. A montagem do espaço foi uma das principais medidas do município para enfrentar o colapso no sistema de saúde em fevereiro por falta de leitos para tratamento da Covid-19. No sábado (3), com a transferência do último paciente do local, a estrutura, que tinha 75 vagas, foi desativada.

 
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Por Cristina Moreno de Castro, G1 Minas — Belo Horizonte.

Apenas cinco dias desde o último recorde, Minas Gerais chegou mais uma vez, nesta quarta-feira (7), ao número mais alto de vítimas da Covid-19 registradas em apenas 24 horas. Desde a véspera, foram notificadas no estado 508 mortes em decorrência da doença.

Em todo o Brasil, foram 337,6 mil mortes pela doença registradas até 20h desta terça-feira. Só nas 24 horas anteriores, houve registro de 4.211 óbitos. Foi a primeira vez que o número de um dia ultrapassou 4 mil no país.

Recordes de mortes por Covid em Minas em 2021
Desde o mês de março, números estão piorando rapidamente

Só em Minas Gerais até esta quarta-feira (7), 26.303 pessoas morreram de Covid-19, de um total de 1.182.847 infectados. Foram registrados 13.358 novos casos confirmados no último dia.

Desde o início da pandemia, 97.494 mineiros tiveram que ser internados, na rede pública ou privada. Os outros 1.085.353 ficaram em isolamento domiciliar.

vídeo abaixo mostra a situação da capital, Belo Horizonte. Na cidade, apesar de a taxa de transmissão ter caído, a ocupação das UTIs está perto do limite (leia mais abaixo).

Taxa de transmissão cai, mas ocupação das UTIs está perto do limite em BH
Taxa de transmissão cai, mas ocupação das UTIs está perto do limite em BH
 

Em todo o estado, 1.061.397 pessoas são consideradas "recuperadas". Ou seja, são pessoas que atendem a três pré-requisitos:

  • estão há 72 horas assintomáticas
  • receberam alta hospitalar e/ou cumpriram isolamento domiciliar de dez dias
  • estão sem intercorrências

Dentre as pessoas que morreram por Covid-19 no estado, 78% tinham 60 anos ou mais, 70% tinham alguma comorbidade (especialmente cardiopatia e diabetes) e 55% eram homens.

  • Memorial do G1: conheça os rostos e histórias das vítimas da Covid-19

Dos 853 municípios de Minas Gerais, 808 já tiveram pelo menos um registro de morte causada pela Covid-19 desde o início da pandemia, ou 95% do total.

Publicado em BRASIL E MUNDO
O Brasil bateu nesta terça-feira (6) novo recorde e registrou mais 4.195 mortes por Covid-19, de acordo com levantamento do Conass (Conselho Nacional de Secretários da Saúde).
Segundo dados da plataforma Our World in Data, associada à Universidade de Oxford, apenas dois outros países já tiveram mais de 4.000 vítimas da doença em um só dia: os Estados Unidos, em janeiro deste ano, e o Peru, em agosto de 2020, após a revisão de números represados.
Desde o início de março, o Brasil é o país em que mais se morre por Covid-19. Os Estados Unidos, que estão em segundo lugar nessa lista, tiveram 515 óbitos nesta segunda, o último dado disponível, menos que a metade dos 1.319 registrados por aqui no mesmo dia.
Ao todo, 336.947 brasileiros perderam a vida para a doença causada pelo novo coronavírus.
Também foram confirmados mais 86.979 casos, totalizando 13.100.580.

Publicado em BRASIL E MUNDO

Com todos os leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) da região praticamente ocupados, a maior parte das últimas vítimas da Covid-19 em Guanambi, morreram enquanto aguardavam regulação para um hospital de referência. As mortes ocorreram nos leitos de semi-UTI montados no Hospital Municipal para estabilizar pacientes em estado grave antes da transferência para UTI.

Em março, dos 25 óbitos registrados (50% do total), 15 vítimas (60%) aguardavam regulação para UTI. Os oito últimos óbitos registrados no respectivo mês, se encaixam nesse cenário.

O município confirmou desde o início da pandemia até o momento 50 óbitos, desses, pelo menos 26 (52%) estavam internados em UTIs. O último óbito, registrado nesta quinta-feira (1º), foi de um paciente que estava internado em Vitória da Conquista.

 
 
Publicado em BAHIA E REGIÃO

Por Renato Pavarino, G1 Rio Preto e Araçatuba.

Responsável por acolher os trigêmeos que perderam o pai em um acidente de trânsito e viram a mãe, a avó e a tia morrerem por complicações da Covid-19, o vendedor Douglas Junior Faria Amaral, de 26 anos, começou a receber ajuda e doações de pessoas sensibilizadas com a história dos sobrinhos.

"Recebemos muitas doações de alimentos. Ganhamos tijolos, azulejos, pia e materiais para usarmos na construção do quarto e do banheiro dos meninos. Pedreiros e eletricistas se ofereceram para trabalhar de graça, um arquiteto também vai fazer o projeto sem cobrar nada. Além disso, um site está fazendo uma vaquinha online", diz o vendedor, que também é pai de uma menina de 1 ano e 7 meses.

Morador de Votuporanga, cidade do interior de São Paulo, Douglas relata gratidão, surpresa e felicidade com toda a ajuda que a família está recebendo de amigos e desconhecidos.

"Recebi até uma ligação de um morador dos Estados Unidos. Ele viu a reportagem no G1, entrou em contato conosco e nos enviou uma ajuda. Olha onde a história chegou, é uma coisa surreal. Ficamos muito felizes em sentir todo esse amor. O ser humano é muito bom. Precisamos acreditar nisso", conta Douglas, que sonha em conseguir uma bolsa de estudos para os trigêmeos e afilhados.

"Estudo é tudo. Me preocupo muito com isso, porque estudei em escola pública. Sei como funciona. Meus sobrinhos também precisam de um apoio psicológico. Eles estão abalados com tudo que aconteceu. Um deles até mudou muito de comportamento. Ele era muito tranquilo antigamente", afirma.

Depois de acolherem os trigêmeos Pedro, Paulo e Felipe, que ficaram órfãos aos 5 anos, Douglas e a esposa, Luana Amaral, tentam conseguir a guarda dos meninos na Justiça.

"Conversamos com um advogado. O pedido de guarda provisória deve estar para sair, mas a permanente demora um pouco", conta.

Oito dias de diferença

Ainda tentando lidar com a dor de perder três integrantes da família para a Covid-19 em oito dias de diferença, Douglas relata que a irmã, Karina Angélica Faria, de 33 anos, morreu no dia 13 de março.

Três dias depois, a outra irmã e mãe dos trigêmeos, Ana Paula Faria, de 37 anos, também não resistiu. A última a vir a óbito da família foi a mãe de Douglas, Valentina Peres Machado, de 66 anos, no dia 21 de março.

 

"Fiquei sem chão. Não conseguia acreditar que estava passando por aquilo. Foi terrível enterrar minhas duas irmãs e minha mãe uma atrás da outra, sem poder vê-las pela última vez. Pegaram os corpos, colocaram em um caixão e enterraram", diz o rapaz.

Ana Paula, Karina e Valentina moravam e foram sepultadas em Parisi, cidade onde o pai dos trigêmeos, Renato Santos, sofreu o acidente cinco meses atrás.

"Estava tudo lotado"

A primeira da família que precisou ser internada foi Valentina. Até então, Ana Paula e Karina permaneciam na casa onde moravam, sem apresentar sintomas graves da doença.

Porém, Douglas diz que as duas irmãs pioraram e também precisaram procurar ajuda no posto de saúde de Parisi, cidade que conta com apoio de hospitais da região para atender pacientes com quadros avançados da doença.

"Meu outro sobrinho, de 18 anos, também testou positivo. Os três foram juntos para o posto de saúde. A Ana Paula era quem estava pior dos três. Meu sobrinho recebeu alta, mas minhas irmãs permaneceram internadas porque não tinha vaga disponível em outros hospitais. Estava tudo lotado", diz.

Enquanto aguardava por um leito, Karina piorou repentinamente, sendo necessário que os profissionais de saúde acionassem uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel para atendê-la às pressas

 

"Quatro horas da manhã meu pai, que trabalha na área da saúde, ligou para dar a notícia da morte da Karina. Meu tormento começou nesse momento. Minha vida virou de ponta-cabeça e começou a ficar escura", afirma.

No mesmo dia em que ele enterrou Karina, Ana Paula foi transferida para a Santa Casa de Votuporanga, município a cerca de 16 quilômetros de distância de Parisi.

"Passei a noite inteira no hospital, querendo saber notícia da Ana Paula, mas ninguém me dava. No domingo, um amigo, que trabalha dentro do hospital, ligou e perguntou se minha irmã tomava algum remédio controlado, porque ela estava sedada, mas muito agitada. Fui buscar o remédio e o entreguei para a assistente social", relembra Douglas.

O vendedor relata que a irmã foi intubada, mas não reagia aos medicamentos e, em seguida, sofreu uma parada cardíaca. Assim como aconteceu com Karina, ele recebeu a notícia do óbito de Ana Paula de madrugada.

"A Ana Paula não soube da morte da Karina. Ela estava consciente quando a Karina morreu, mas a gente preferiu não contar, por conta do estado dela. Enterramos a Ana Paula na mesma situação que a Karina. Horrível demais", conta.

Diferentemente das filhas, Valentina estava internada no Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP), unidade referência para mais de 100 cidades da região noroeste paulista.

 

A idosa também precisou ser intubada e chegou a apresentar uma leve melhora. O filho relembra que os médicos começaram a diminuir os sedativos, mas a mãe não reagia.

"Os médicos também disseram que ela estava com febre e poderia ser uma infecção, mas que estavam tentando descobrir o motivo. Depois fiquei sabendo que a infecção tinha tomado todo o corpo dela e que a qualquer momento algum órgão poderia parar. E foi o que aconteceu. Recebi a notícia da morte dela também de madrugada", lamenta.

Nossos filhos

Com a morte precoce de Ana Paula, o vendedor diz que decidiu, junto com a esposa, acolher e cuidar dos trigêmeos.

"Minha vida sempre foi muito organizada e planejada. Eu não tinha planos de ter mais filhos. É uma responsabilidade gigante, mas minha esposa me olhou, disse que eram meus sobrinhos e decidimos que iríamos tratá-los como filhos. Hoje vejo que, realmente, os três tinham que ser nossos", diz Douglas, que tem uma filha bebê de 1 ano e sete meses.

Mulher de 37 anos, mãe de trigêmeos, morre de Covid-19 em Parisi
Mulher de 37 anos, mãe de trigêmeos, morre de Covid-19 em Parisi

Apesar de estarem somente no quinto ano de vida, Pedro, Paulo e Felipe sabem que perderam o pai e a mãe. Douglas diz que os três foram seu alicerce para não entrar em depressão com a morte da mãe e das irmãs.

 

"Eu vi motivo neles para não deitar e ficar chorando. Eles me sustentaram. Nossa vida mudou, mas vamos adaptá-la. Eu e minha esposa éramos pai de uma criança, hoje somos de quatro, e assim será daqui para frente", diz.

Surpresa no parto

Em 2016, Ana Paula entrou na sala de cirurgia para dar à luz gêmeos. Contudo, soube pela equipe médica, durante o parto, que os gêmeos, na verdade, eram trigêmeos.

"Eu sabia que eram gêmeos, e na hora do parto descobri que tinha mais um. Foi um presente de Deus. Primeiro veio o susto, mas depois a emoção”, afirmou a mãe na época.

O parto foi feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na Santa Casa de Votuporanga, em 5 de janeiro.

"Em nenhum exame ou ultrassom que tinha feito durante a gravidez tinha apontado os três, apenas gêmeos. Agora é cuidar dos três. Carinho e amor não vão faltar", disse Ana Paula na época.

Segundo o médico radiologista Alexandre Henrique de Parma, casos como esse podem acontecer, independentemente do profissional ou equipamento de ultrassom usado no exame.

"De maneira geral, casos como esse não são comuns, mas podem acontecer, devido às limitações técnicas do exame em pacientes obesas, onde até mesmo a imagem do feto pode ser confundida. Isso também pode ser ocasionado quando a ultrassonografia não é realizada nos primeiros meses de gestação", afirmou também na época.

Publicado em BRASIL E MUNDO

Por Deutsche Welle.

Em meio à pandemia, manter distância demonstra empatia e respeito para com os outros: é uma forma de proteger tanto estranhos quanto amigos, familiares e a si mesmo da Covid-19.

Ao mesmo tempo, parece errado atravessar a rua evitando contato humano e abster-se de abraçar os amigos e a família. Passou-se a tremer por dentro ao ver multidões nos filmes, embora pessoalmente se sinta falta da proximidade.

Diversos estudos mostram o impacto negativo do distanciamento social. Embora não passe de um minúsculo vírus, o Sars-Cov-2 vem afetando diversos aspectos da vida, especialmente o psicológico.

Impossível imaginar o fim do túnel

A pandemia é como uma interminável viagem de carro, com eventuais engarrafamentos, em que o passageiro fica pensando: "Quanto tempo falta? Quando vamos finalmente chegar lá?" Ao fim, espera-se alívio, o bem merecido descanso após uma temporada extremamente estafante. A expectativa é de volta à boa e velha normalidade, sem máscaras, sem ter que manter distância interpessoal.

Mas será que essa normalidade vai voltar algum dia? O psicólogo Steven Taylor, da Universidade de British Columbia de Vancouver, no Canadá, que também se ocupa da questão, reconhece: "Muitos acham difícil um retorno ao normal, devido a um viés cognitivo."

O efeito de ancoragem ou focalismo descreve a tendência humana a se agarrar à primeira de uma série de informações, baseando nessa primeira impressão todas as ações subsequentes, sejam avaliações, argumentos ou conclusões.

 

"Hoje, em 2021, achamos difícil imaginar um futuro em que se apertem as mãos, abrace e assista a concertos, porque estamos psicologicamente ancorados num presente em que tais coisas são proibidas ou incertas", explica o autor do livro "Psychology of pandemics: Preparing for the next global outbreak of infectious disease" ("Psicologia da pandemia: Preparando-se para o próximo surto global de doença infecciosa").

Antecedentes sem sequelas psicológicas

Observando-se epidemias e pandemias das últimas décadas, "não há qualquer indicação de efeitos de longo prazo sobre o funcionamento psicológico", afirma Taylor. Claro, isso pode se dever ao fato de que foram emergências relativamente brandas, comparadas à da covid-19.

Com a assim chamada "gripe espanhola", entretanto, foi diferente: práticas de higiene como lavar as mãos, cobrir a boca ao tossir e não cuspir no chão provavelmente se tornaram mais comuns depois de 1918. Porém é notável que não houve outras mudanças de comportamento duradouras.

"Considere-se, por exemplo, o uso de máscaras protetoras em público, que era comum e até mesmo compulsório nos países ocidentais durante a pandemia de 1918: o hábito desapareceu rapidamente, depois de a ameaça ter passado", relata o professor.

Com a Covid-19, todos tiveram que se acostumar a usar máscaras. A situação no Ocidente era diferente da dos países asiáticos, onde elas já eram um hábito estabelecido, como forma de impedir a transmissão de resfriados.

"A epidemia de Sars de 2003 em alguns países asiáticos, por exemplo em Taiwan, provavelmente teve uma influência duradoura, e preparou esses países para impor confinamentos rapidamente e logo no começo da covid-19", aponta Taylor.

Não se sobrevive sem contato físico

Logo após o fim da pandemia do novo coronavírus, pode ocorrer uma espécie de breve "loucos anos 20", prediz o psicólogo, "caracterizados por sociabilidade particularmente intensa, mas mesmo isso passará, à medida que as coisas voltarem ao que eram, antes da covid-19".

 

Martin Grunwald, diretor do Laboratório de Háptica do Instituto de Pesquisa Cerebral Paul Flechsig, da Universidade de Leipzig, está confiante: "A maioria vai voltar a apertar as mãos, se abraçar, frequentar bares cheios e assistir a eventos em estádios lotados, como partidas de futebol. Aos primeiros sinais de que o contato com outro ser humano não é mais perigoso, vamos reverter ao velho comportamento."

Isso, porque o toque é algo essencial, no nível biológico: "O organismo humano só se desenvolve no contato mais próximo com o outro. É, por assim dizer, uma experiência fundamental da nossa espécie."

Enfim: o ser humano não pode existir sem o toque. E ele não está só pois todo mamífero que depende dos cuidados dos progenitores na infância precisa de contato físico para se desenvolver devidamente.

"Interação física com o outro está, por assim dizer, no nosso DNA biológico ou social. Ela é configurada por nossas experiências como crianças, como bebês. Vamos encontrar o caminho de volta para essas formas básicas de comunicação", assegura Grunwald.

A instintiva arte do abraço

Considerando que Taylor e Grunwald estejam certos, tão logo haja indicações de que o contato interpessoal não é mais perigoso, virá a vontade de se abraçar novamente. Mas será que todos ainda saberão como se faz? Como abordar os outros? Como comunicar o desejo de proximidade, toque e abraço?

"Certamente vai ser meio desajeitado no início. Você já vê que agora, quando encontramos alguém, não sabemos muito bem como cumprimentar", registra Sabine Koch, professora de terapia de dança e movimento na Escola Superior de Ciências Aplicadas SRH, em Heidelberg, e diretora do Instituto de Pesquisa de Terapias Artísticas da Universidade Alanus, nas cercanias de Bonn.

Muito antes da pandemia, ela já vinha pesquisando os abraços: por exemplo, como ritmos corporais comunicam a necessidade de proximidade. Há três estágios do abraço: primeiro movimentos suaves, redondos, depois o corpo fica mais tenso.

 

Por último vem uma batidinha nas costas ou no ombro, sinalizando o fim do abraço, como que dizendo "Chegou para mim, podemos nos largar". Essa sequência, segundo Koch, é o que compõe um bom abraço.

Durante seu estudo, porém, ela também observou uma exceção interessante: as três fases se aplicam a todas as combinações de mulheres com homens ou de mulheres entre si, mas não quando homens se abraçam. Pelo menos num contexto público, os abraços masculinos começam imediatamente com uma batidinha nas costas, que é um gesto combativo.

Jogo de sensibilidades não verbais

Portanto, a pandemia seguramente não vai fazer que se esqueça como abraçar. Mas Koch parte do princípio que no começo vai haver alguma reserva, uma espécie de fase de transição. A decisão será "se e como o abraço acontece, no nível não verbal, numa negociação do tipo 'Está bem abraçar você agora, ou não?'"

"Nosso estudo também mostrou que os indivíduos têm níveis muito diferentes de sensibilidades não verbais", explica a especialista em terapia de movimento. Ou seja: há quem perceba imediatamente quando alguém dá a batidinha durante o abraço, dando o sinal para se soltar, e dá um passo atrás. Outros notam muito mais tarde, ainda outros não notam nada.

Após a pandemia, a sensibilidade de cada um é especialmente importante. Há sinais reais de que a outra pessoa também quer um abraço? Às vezes não é fácil dizer. Então em caso de dúvida, talvez convenha se conter. Ou perguntar diretamente.

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Por Talissa Medeiros*, G1 Sorocaba e Jundiaí.

Um jovem de Jundiaí (SP) viveu um dos piores momentos de sua vida no mês de março: o pai, a mãe e o avô dele morreram de Covid-19 em duas semanas.

Ao G1, Ryan Henrique Nogueira Lucatto, de 20 anos, conta que todos os membros da família pegaram a doença e, em alguns parentes, ela se agravou bruscamente de um dia para o outro.

O pai dele, Ecio Nogueira Lucatto, de 42 anos, precisou ser internado no início do mês devido às complicações da Covid. Ryan relata que ele sentia muita falta de ar e fraqueza.

Enquanto estava internado, Ecio chegou a fazer uma chamada de vídeo com a família pedindo desculpas por não ter acreditado na gravidade doença. No dia 15 de março, uma segunda-feira, ele foi intubado e acabou morrendo durante a noite.

O avô de Ryan foi a segunda vítima da família. Luis, de 67 anos, foi internado e ficou intubado durante dois dias, mas veio a óbito na mesma semana em que Ecio morreu.

A mãe do jovem, Fernanda Monica de Sousa Lucatto, de 43 anos, também contraiu o coronavírus, mas permanecia estável em relação aos sintomas até então. Segundo o filho, ela piorou de um dia para o outro.

Ryan conta que, quando Fernanda estava na UTI, os médicos permitiram que ele fosse visitá-la para se despedir. A mãe morreu no dia seguinte à visita, 26 de março.

"Os médicos e enfermeiras pediam socorros com os olhos, todos com olhar de tristeza, todos da UTI estão exaustos. Tenha uma imensa gratidão por todos, mas, quando a avalanche chega, leva tudo e já é tarde demais", comenta.

Apoio e carinho

Após a tragédia, Ryan e o irmão foram acolhidos como "filhos" pelos tios, que estão dando todo o suporte que os dois necessitam nesse momento.

Além disso, vizinhos, amigos da família e alguns moradores da cidade se mobilizaram e também estão ajudando os irmãos com campanhas, doações e muito carinho.

"Hoje, eu estou agindo mais pela razão, não pela emoção. Não tenho nem como agradecer", finaliza Ryan.

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A morte do prefeito de Hortolândia (SP), Angelo Perugini (PSD), 65, na quinta-feira (1º), em decorrência de complicações provocadas pela Covid-19, chamou atenção por ter ocorrido apenas três meses depois do início da atual gestão.
A morte do político, que estava em seu quarto mandato à frente da cidade na região metropolitana de Campinas (2005-2012 e desde 2016), faz parte de um cenário comum a ao menos dez cidades de oito estados brasileiros que perderam seus principais governantes para a Covid-19 logo nos primeiros meses do ano. Desses, quatro estavam em sua primeira gestão. Os governantes tinham entre 42 e 73 anos.
Perugini, que completaria 66 anos na próxima terça-feira (6), ficou dois meses internado, com as últimas semanas em um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em São Paulo, intubado.
Uma de suas últimas agendas foi o recebimento do primeiro lote de vacinas contra a Covid-19, que chegou à cidade em 20 de janeiro. Hortolândia, que agora será comandada em definitivo pelo até então vice, Zezé (PL), decretou luto de sete dias pela morte do prefeito. "Seu carisma e sua fé serão sempre lembrados, com carinho, pelos amigos que fez ao longo da jornada", disse, por meio de nota, a prefeitura.
Sete das mortes ocorreram a partir de 14 de março, mês em que os óbitos causados pela pandemia se aceleraram em todo o país. A morte de Perugini ocorreu apenas um dia após o prefeito de Pitimbu (PB), Jorge Luiz (PDT), 43, perder a vida depois de passar três dias internado com Covid-19. O prefeito estava se recuperando em sua casa, mas sentiu falta de ar e procurou atendimento hospitalar em João Pessoa, a 58 km de distância.
Dois dias antes da morte do prefeito paraibano, Tarek Dargham (PTB), 68, que governava Guararapes, na região de Araçatuba, morreu em São Paulo, onde estava internado. O político tinha sido reeleito em novembro do ano passado com 51,56% dos votos.
No último dia 23, a prefeita de Coremas (PB), Francisca das Chagas Andrade de Oliveira, a Chaguinha de Edilson (PDT), 62, morreu em João Pessoa, onde estava internada.
Chaguinha –que também estava em seu segundo mandato, já que tinha sido eleita pela primeira vez em 2016– tinha manifestado no último dia 2 o interesse de a cidade aderir a um consórcio público para comprar vacinas.
No dia 9, ela foi internada na capital e intubada. Seu quadro se agravou e ela morreu na manhã do dia 23. Neste domingo (4), haverá uma missa virtual pelos 67 anos de emancipação política de Coremas e em memória de Chaguinha.
Na posse, o novo prefeito da cidade paraibana, Irani Alexandrino (Republicanos), chorou ao discursar e disse que o momento estava sendo muito difícil para ele.
"Não tenho palavras suficientes para expressar a dor que estamos passando. Coremas está de luto e ainda chora a partida precoce, trágica, da doutora Chaguinha [...] Para mim vai ser sempre a nossa prefeita. Era uma grande amiga, líder."
O prefeito de Campanário (MG), Luiz Antônio Souza Campos (PSC), 65, morreu na madrugada do dia 20 de março no hospital Mater Dei, em Belo Horizonte.
Em 18 de março, foi a vez de o prefeito licenciado de Vitória da Conquista (BA), Herzem Gusmão (MDB), 72, ter sido vítima do coronavírus. Ele morreu na noite daquele dia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Gusmão estava internado desde 26 de dezembro e tomou posse virtualmente em 1º de janeiro.
Treze dias antes de morrer, o prefeito gravou um áudio para informar a população da cidade baiana que retornaria para a UTI. "Quero dizer para minha terra que, por necessitar de mais oxigênio, a equipe médica indicou o meu retorno para tratamento na UTI", disse na ocasião.
Ele estava iniciando seu segundo mandato, em quatro tentativas de chegar à prefeitura –disputou o cargo também em 2008 e 2012, antes de ser eleito pela primeira vez em 2016. Com a morte de Gusmão, sua vice, Sheila Lemos (DEM), assumiu a função.
A primeira das sete mortes de março foi a de Jorge Postal (MDB), 73, que governava São Jorge (RS) e morreu no último dia 14. O prefeito, que já tinha governado a cidade entre 2009 e 2012, teve diagnóstico de Covid-19 no fim de fevereiro e logo teve de ser internado. Após alguns dias no hospital São João Batista, em Nova Prata, onde foi intubado, foi transferido para a UTI do hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, no dia 7.
Outros três óbitos ocorreram ainda em janeiro. O primeiro prefeito a morrer dentro do atual mandato foi Marcelo Puppi (DEM), 61, de Campo Largo (PR), no dia 7 daquele mês. Ele estava internado desde 25 de novembro, dez dias após ter sido reeleito prefeito do município de 133 mil habitantes.
Apenas três dias após ter sido internado, Puppi foi transferido para a UTI, mas não conseguiu se recuperar e estava no hospital na data em que deveria iniciar um novo mandato. Em seu lugar, assumiu Maurício Rivabem (PSL).
A situação foi a mesma enfrentada por Maguito Vilela (MDB), 71, de Goiânia, que não chegou a administrar a capital de Goiás.
Ele tomou posse no hospital, onde estava internado desde outubro devido a complicações decorrentes da Covid-19. Isso significa que ele não participou da reta final da sua campanha eleitoral, tampouco foi às urnas para votar nele próprio nos dois turnos da eleição goiana.
Vilela morreu na madrugada do dia 13 de janeiro no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Com isso, Rogério Cruz (Republicanos), 56, assumiu o governo na capital.
Eleito com 100% dos votos -foi candidato único- para governar Ereré (CE), o professor Otoni Queiroz (PDT), 42, foi outro que não chegou a assumir o cargo. Internado ainda em dezembro, ele morreu em 20 de janeiro.
Em sua última postagem pública numa rede social, em 8 de dezembro, relatou quadro de dor de cabeça, febre e calafrio. A febre aumentou e ele passou a ter dor nos olhos, o que o fez ir para Fortaleza para passar por exames.
"Dentre os exames, fiz uma tomografia do tórax que apresentou 'características de imagem comumente reportadas na pneumonia por Covid-19', com envolvimento de 25-50% do parênquima pulmonar. Falta receber ainda o resultado do exame swab, mas mesmo assim o médico já confirmou que estou com o coronavírus."
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por.: Istoé
A China estava sob pressão nesta quarta-feira (31), depois que o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a citar a tese de uma possível fuga do vírus da covid-19 de um laboratório chinês.
Em uma entrevista coletiva, Liang Wannian, coordenador dos cientistas chineses que colaboraram no relatório preparado pelos especialistas designados pela OMS sobre a origem do coronavírus, expressou incompreensão com as declarações de Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Não entendo a visão dele das coisas porque é uma área que nos afeta, os cientistas”, disse.
Ele não comentou o pedido do diretor da OMS para o envio de uma nova missão de investigação ao país, assegurando apenas que os cientistas chineses continuarão colaborando com os colegas estrangeiros.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, que já foi acusado de ser muito complacente com Pequim, surpreendeu na terça-feira ao pedir mais investigações sobre a teoria de que o coronavírus pode ter escapado do Instituto de Virologia de Wuhan, a cidade do centro da China onde a covid-19 foi detectada no fim de 2019.
Em seu relatório publicado esta semana, os especialistas internacionais enviados a Wuhan pela OMS em janeiro praticamente descartam a possibilidade. O documento considera “extremamente improvável” que o vírus proceda de um laboratório.
Em outra entrevista coletiva, a porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying, repetiu parte do relatório.
“Eles (os especialistas) acreditam que uma fuga no laboratório de Wuhan é extremamente improvável”, afirmou.
Também pediu à comunidade científica que investigue outras partes do mundo, não apenas a China.
A tese de que o vírus saiu do laboratório de Wuhan foi defendida pelo governo do ex-presidente americano Donald Trump, com base em informações do serviço de inteligência.
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Por Fantástico.

A Covid-19 rejuvenesceu no Brasil. Se em 2020 os mais afetados eram dos grupos de risco, principalmente entre os mais velhos, em 2021 o coronavírus passou a atingir e matar muito mais entre os jovens. É o que uma análise da Fiocruz confirmou: as internações de adultos e jovens por Covid explodiram, crescendo num ritmo muito mais acelerado do que no resto da população. 

Entre o começo de 2021 e março, as hospitalizações cresceram 300% no Brasil. Entre pessoas de 40 a 49 anos, esse índice foi quase o dobro. Nas faixas de 30 a 39 anos e de 50 a 59 anos, ficou acima de 500%. Hoje, uma em cada cindo pessoas com Covid internadas em UTIs no país tem entre 18 e 44 anos, segundo a Associação Brasileira de Medicina Intensiva.

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Por G1 SP — São Paulo.

O Instituto Butantan liberou nesta segunda-feira (29) mais 5 milhões de doses da vacina CoronaVac ao Ministério da Saúde.

É a maior remessa já entregue de doses envasadas pelo Instituto, que é responsável pela etapa final de produção.

Em janeiro, o Butantan entregou lote com 6 milhões, mas de vacina já prontas, importadas da China. Veja mais abaixo as datas e quantidades de doses já entregues.

Os caminhões com carregamento da vacina deixaram a sede do Instituto por volta das 8h. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, estiveram no local para acompanhar a liberação.

Durante coletiva de imprensa no local, o secretário estadual da Saúde, disse que o Instituto receberá um novo lote de insumo entre os dias 6 e 8 de abril.

"Acabamos de receber a confirmação da área técnica do Butantan de que do dia 6 a 8 de abril teremos mais três milhões de doses da vacina, que virão através do insumo farmacêutico ativo", afirmou Gorinchteyn.

Com o novo carregamento, o total de vacinas oferecida por São Paulo ao PNI (Plano Nacional de Imunizações) chega a 32,8 milhões de doses desde o início das entregas, em 17 de janeiro. Até o dia 30 de abril, o total de vacinas garantidas pelo Butantan ao país somará 46 milhões.

 

O Butantan realiza uma força-tarefa para seguir envasando, em ritmo acelerado, doses para a entrega ao Programa Nacional de Imunizações. Para dar conta da demanda, o instituto dobrou o quadro de funcionários na linha de envase.

Próximas doses

No final de abril, o número de vacinas garantidas por São Paulo ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) somará 46 milhões. As doses de abril já estão em produção.

O Butantan trabalha para enviar outras 54 milhões de doses para vacinação dos brasileiros até 30 de agosto, totalizando 100 milhões de unidades.

Insumos

No dia 4 de março, o instituto recebeu uma remessa de 8,2 mil litros de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), correspondente a cerca de 14 milhões de doses, desembarcou em São Paulo para serem envasados, rotulados e embalados no instituto.

Em fevereiro, o diretor do Instituto, Dimas Covas, disse que até o Butantan deve receber 6 mil litros insumos em abril. Com eles será possível produzir 8 milhões de doses.

Que vacina é essa? Coronavac
Que vacina é essa? Coronavac
 

Doses da Coronavac entregues ao Ministério da Saúde em 2021

  • 17 de janeiro: 6 milhões de doses
  • 22 de janeiro: 900 mil doses
  • 29 de janeiro: 1,8 milhão de doses
  • 5 de fevereiro: 1,1 milhão de doses
  • 23 de fevereiro: 1,2 milhão de doses
  • 24 de fevereiro: 900 mil doses
  • 25 de fevereiro: 453 mil doses
  • 26 de fevereiro: 600 mil doses
  • 28 de fevereiro: 600 mil doses
  • 3 de março: 900 mil doses
  • 8 de março: 1,7 milhão
  • 10 de março: 1,2 milhão
  • 15 de março: 3,3 milhões
  • 17 de março: 2 milhões
  • 19 de março: 2 milhões
  • 22 de março: 1 milhão
  • 24 de março: 2,2 milhões
  • 29 de março: 5 milhões

Fonte: Instituto Butantan e Governo de SP

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Por Marcelo Pereira, Bom Dia SP.

A força-tarefa do Governo do Estado e Prefeitura de São Paulo dispersaram ao menos 454 aglomerações na capital paulista neste final de semana. Apenas na noite de sábado (27), foram 350 aglomerações.

Este foi o primeiro final de semana da recesso sanitário - feriado prolongado na capital com o objetivo de combater a disseminação do coronavírus.

Na noite deste domingo (28), uma festa clandestina foi flagrada em uma casa noturna na Estrada de Taipas, na Zona Sul de São Paulo. Os responsáveis pelo evento e testemunhas foram encaminhadas para o Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC). Foram formalmente apreendidos equipamentos de som e 3 máquinas de cartões de débito/crédito.

Também na noite deste domingo, moradores registraram imagens de um pancadão na Brasilândia, na Zona Norte da capital, na Rua padre Achiles Silvestre.

A força-tarefa é formada pelo Procon, Secretaria de Saúde , Vigilância Sanitária e Prefeitura de São Paulo.

Médico denuncia festa com som alto ao lado de Unidade de Saúde

Um médico denunciou em vídeo publicado na noite deste sábado (27) uma uma festa clandestina que acontecia com som alto ao lado de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) voltada para vítimas da Covid-19 em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo.

O relato do profissional identificado como o Nelson Müzel viralizou nas redes sociais.

No vídeo de cerca de três minutos, Müzel conta que a unidade tem 73 pacientes internados, entre casos graves e não graves. Ele caminha cerca de 50 metros entre a porta da UPA - localizada na Vila Carmosina - e o estacionamento, onde o som de uma festa clandestina é muito alto. Segundo o médico, o barulho impossibilita a comunicação entre as equipes e os pacientes dentro da unidade.

"Isso é uma falta de respeito com a gente, que está aqui dando o sangue para promover pra esses pacientes qualidade de vida. Estamos trabalhando em condições insalubres. Isso é insustentável. A gente já está num nível de saturação que não dá pra aguentar", afirma Müzel.

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Por G1 BA.

Novas doses da vacina da AstraZeneca, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, chegaram ao aeroporto de Salvador, na manhã desta sexta-feira (26). Conforme o governo da Bahia, a carga, com 347 mil doses dos imunizantes chegou por volta das 10h em um voo comercial.

Segundo o governo, do total de doses, 141 mil foram produzidas pela Fiocruz e 206 mil pelo Butantan. Este é o nono envio que chega ao estado. Com a chegada desta carga, a Bahia totaliza 2.386.600 doses recebidas, desde o dia 18 de janeiro, quando chegou a primeira remessa, segundo informações da Sesab.

A última vez que a Bahia recebeu lotes de vacinas contra Covid-19 foi em 17 de março. Na ocasião, 308,6 mil doses chegaram no estado.

Em entrevista ao Jornal da Manhã, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, antecipou que a capital baiana vai ficar com 60 mil imunizantes.

Na última terça-feira (23) a Bahia ultrapassou a marca de 1 milhão de baianos vacinados com a primeira dose da vacina contra o a doença. Com 1.213.020 vacinados contra a Covid-19, dos quais 303.015 receberam também a segunda dose, até às 15h de quinta-feira (25), a Bahia é o quarto estado do país com o maior número de imunizados.

As vacinas serão enviadas para o interior da Bahia em aeronaves do Grupamento Aéreo (Graer) da Polícia Militar e da Casa Militar do Governador (CMG), após a organização das doses feita pela equipe da coordenação de imunização do estado. Elas serão encaminhadas para as centrais regionais no interior da Bahia e depois despachadas para os municípios.

A previsão de chegada da vacinas em Ilhéus, cidade do sul da Bahia, e Eunápolis, que fica no extremo sul, é no período da tarde. Ainda não há definição sobre o horário exato. Já em Barreiras, no oeste do estado, os imunizantes devem chegar por volta das 16h30.

As doses que chegaram nesta sexta-feira serão enviadas, exclusivamente, aos 280 municípios que aplicaram 85% ou mais das doses anteriores. Esta foi uma decisão da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que é uma instância deliberativa da saúde e reúne representantes dos 417 municípios e o Estado.

 

Esta nova remessa possibilita que continue sendo imunizado o público alvo da primeira fase do plano de vacinação contra Covid-19. Outra definição feita em CIB autorizou os municípios que conseguirem alcançar as metas da primeira fase, a ampliar a aplicação das doses para idosos de 60 anos ou mais, de forma escalonada. A resolução foi publicada em edição do Diário Oficial do Estado desta sexta.

Também em reunião da CIB ficou definido que a população quilombola e pessoas com doença renal crônica em tratamento de hemodiálise poderão ser vacinadas.

Coronavírus na Bahia

A Secretaria Estadual de Saúde divulgou 139 novas mortes por Covid-19 em um único dia, na quinta-feira. Com isso, o estado chegou a 13.631 mortes provocadas pela doença e 783.558 casos confirmados, desde o início da pandemia.

A Sesab informou também que na Bahia, até as 15h de quinta, 228 solicitações de internação em leitos de UTI adulto constavam no sistema da Central Estadual de Regulação. Além disso, haviam também 118 pedidos de regulação para leitos clínicos adulto.

O boletim informou também o número de vacinados no estado. De acordo com a Sesab, 1.213.020 pessoas foram vacinadas contra a Covid-19, dos quais 303.015 receberam também a segunda dose até as 15h de quinta.

Nesta sexta, os idosos com 68 anos ou mais que residem em Salvador terão acesso a primeira dose da vacina contra Covid-19.

Na parte da manhã, das 8h às 12h, serão atendidas as pessoas com 68 anos ou mais nascidos entre 26 de março e setembro de 1952. Já no período da tarde, das 13h às 16h, será a vez dos indivíduos com 68 anos ou mais nascidos entre outubro de 1952 e 26 de março de 1953.

Bruno Reis anunciou na manhã desta sexta, em entrevista ao Jornal da Manhã, que a vacinação contra a Covid-19 para idosos a partir de 67 anos começará na manhã de sábado (27) e os idosos com 66 anos no domingo (28).

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Por G1 BA.

O corpo de uma garota de um ano e 10 meses, que estava sendo velado por familiares na cidade de Itaetê, na região da Chapada Diamantina, na Bahia, foi levado de volta ao hospital depois que um pastor evangélico disse à família que a criança estaria viva. O caso aconteceu na madrugada de quinta-feira (25), após médicos do Hospital Municipal terem confirmado o óbito da menina.

De acordo com informações da unidade de saúde, a criança chegou ao hospital já sem sinais vitais. A equipe médica tentou reanimar a garota por cerca de 30 minutos, e o óbito foi confirmado pelo médico de plantão.

A família seguiu com os procedimentos do funeral durante a madrugada, porém, segundo a prefeitura, durante a cerimônia, parentes da menina procuraram uma unidade de saúde da família, informando que o pastor tinha tido uma revelação e que disse a eles que a criança estaria viva.

Mesmo após os profissionais do posto de saúde atestarem que a criança não tinha sinais vitais, os familiares levaram o corpo novamente ao hospital. A criança foi novamente avaliada pela equipe médica e teve, pela segunda vez, a confirmação da morte.

A Polícia Civil informou que recebeu relatos dos familiares de que a criança teria se movido durante o velório. A ocorrência foi registrada na Delegacia Territorial de Itaberaba e foi encaminhado à unidade de Itaetê, onde aconteceu a "revelação" do pastor, que irá apurar o caso.

 

Disse ainda que, como a causa da morte da garota não estava definida no laudo, expediu as guias para a perícia, que vai definir o motivo do óbito.

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Por Nathalia Passarinho, BBC.

"Você não vai sentir dor". Esta era a promessa que o anestesista Leonardo Camargo costumava fazer quando sedava pacientes para a intubação - a única promessa possível diante dos casos mais graves de covid-19.

Hoje, ele já não sabe se pode recorrer a essas palavras de conforto.

Os estoques de sedativos e bloqueadores musculares estão se esgotando em todos os Estados do Brasil, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). No hospital Tacchini, em Bento Gonçalves (RS), onde Camargo trabalha, os médicos já recorrem a medicamentos em desuso para manter os pacientes intubados e preveem o uso de antipsicóticos com efeito adverso de sonolência como alternativa em caso de escassez total de sedativos.

"A gente está associando sedação com medicamentos que usualmente não se usa em terapia intensiva para manter paciente em ventilação mecânica, como Metadona (opioide) e o próprio Bialzepam (ansiolítico) em comprimido", disse Carmargo à BBC News Brasil.

"São medicamentos que já estavam em desuso e a gente está associando para poder usar e baixar as doses dos outros remédios em falta. Sou anestesista há 15 anos e usei tiopental (barbitúrico usado para indução de anestesia geral) duas vezes lá na época da minha residência. A gente está começando a usar tiopental agora para os pacientes, porque os medicamentos mais modernos estão acabando."

 

Essa semana, porém, a equipe do hospital passou a discutir alternativas mais dramáticas diante de um cenário de falta total de sedativos e bloqueadores musculares usados para intubação.

Camargo conta que está levantando o estoque de antialérgicos e antipsicóticos, por serem remédios que provocam sonolência e leve sedação como efeitos colaterais. Eles seriam usados numa eventual tentativa desesperada de manter os pacientes inconscientes enquanto permanecem intubados.

"Enquanto tiver remédio para alergia, que dá um pouco de sedação, ou remédios antipsicóticos, como Heloperidal, vamos usar para tentar manter os pacientes intubados", disse o anestesista.

Caso o pior cenário se confirme e a escassez de sedativos não seja resolvida no curto prazo, as cenas que o médico descreve se assemelham a imagens dramáticas vistas em guerras: pacientes com dor se debatendo por falta de anestesia, tratamentos improvisados, prateleiras vazias e mais mortes.

"A gente ouve falar que em alguns locais tiveram que amarrar pacientes. Eu não sei se vamos chegar a isso", diz.

"A gente já está verificando o que tem de estoque. Está tentando criar essa contingência e se preparando para o pior."

Outra medida adotada pelo hospital onde Camargo trabalha foi interromper todas as cirurgias eletivas, já que analgésicos e sedativos que tradicionalmente eram usados só nos centros cirúrgicos passaram a ser utilizados, também, para manter os pacientes graves com covid-19 intubados.

 

"O principal malefício é que essa pandemia vai gerar outras pandemias. Quantos pacientes oncológicos vão perder seu tempo de cura? Quantos estão com dor e não conseguem fazer suas cirurgias?", lamenta.

"Sem contar que hoje a gente está com estoques baixando cada vez mais e isso afeta até os profissionais de saúde. Como vai ser daqui uma semana?"

Diretor do CHS diz que medicamento para entubação só dura mais uma semana
Diretor do CHS diz que medicamento para entubação só dura mais uma semana

'Fico nauseado'

Camargo diz que fica "nauseado" em pensar no que pode ocorrer se acabarem os medicamentos, um cenário que ele diz ser possível se não houver reabastecimento em 10 ou 15 dias.

Atualmente, o hospital onde ele trabalha tem 63 pacientes graves na UTI ou em leitos improvisados na sala de recuperação de cirurgias e no pronto socorro. Desses doentes graves, 39 estão intubados e contam com esse esforço de combinação de medicamentos modernos e em desuso para continuarem sedados.

Camargo explica que a presença de um tubo de oxigênio na garganta de alguém, que se prolonga até o pulmão, é um "estímulo muito agressivo".

Não é difícil de imaginar. Um paciente sem sedação se debateria e poderia tentar retirar o tubo com as próprias mãos, ferindo toda a faringe, diz o médico.

"Uma pessoa qualquer vai dar um pulo se você colocar uma colher no fundo da garganta para baixar a língua. Se o paciente intubado acordar, ele vai começar a se agitar, vai começar a brigar com o respirador, em alguns momentos, pode ter a extubação inadvertida por agitação", disse.

 

E, segundo Camargo, seria impossível intubar um paciente consciente, sem sedativo. Numa situação assim, os médicos poderiam se ver rodeados de pacientes se debatendo até morrer por falta de ar.

"A gente ouve falar que em alguns locais tiveram que amarrar pacientes. Eu não sei se vamos chegar a isso. Mas o risco é esse, de não conseguir ventilar os pacientes morrerem se debatendo por falta de oxigênio, porque a gente não vai conseguir fazer a ventilação mecânica."

A intubação é um procedimento importante para pacientes graves com insuficiência respiratória aguda, quando o pulmão perde a capacidade de oxigenar o sangue. Enquanto a máquina faz o trabalho de oxigenação e o paciente permanece sedado, os médicos aguardam que o organismo produza anticorpos contra a covid-19 e a inflamação no pulmão melhore.

Camargo diz que se sente impotente diante da perspectiva de não poder cumprir a própria função de anestesista em um hospital lotado de pacientes precisando de oxigênio.

"A sensação é de um soco no estômago. Nós podemos chegar a não ter remédios para manter os pacientes em oxigenação, em ventilação. Eu sou um anestesiologista que trabalha com essas drogas e eu posso me ver diante da situação de não poder fazer mais nada para manter esses pacientes sedados", lamenta.

"Isso pode acontecer daqui a 10 dias, 15 dias. Não sabemos. Fico até um pouco nauseado."

'Segurou na minha mão'

E o temor de deixar pacientes desassistidos se une ao medo de ver parentes e amigos nos leitos improvisados de UTI. Com o descontrole das infecções no país e os sucessivos recordes de mortes diárias, médicos passaram a ver rostos conhecidos nos leitos dos hospitais onde trabalham.

Publicado em BRASIL E MUNDO
Por.: Achei Sudoeste
Decreto Estadual não permite a comercialização e consumo de bebidas alcoólicas em bares.
Uma mulher foi conduzida para a delegacia, após ameaçar e desacatar policiais em uma abordagem realizada na tarde de ontem, quarta-feira (24), em Caculé.
Era por volta das 16h, quando a equipe da Vigilância Sanitária de Caculé (BA), foi acionada via telefone, para atender a uma denúncia sobre a venda e consumo de bebidas alcoólicas em um bar, no bairro São José. Após comparecer ao estabelecimento e constatar a presença de aproximadamente 15 pessoas, o agente da Vigilância sinalizou a proprietária do bar, que previamente avisou aos presentes, que insistiram em continuar. 
Após a primeira sinalização e saída da equipe da (VS), uma nova denúncia foi realizada, e para ajudar na dispersão, os agentes solicitaram a presença da guarnição da 94ª CIPM, atuante no município, que prontamente compareceu ao local. Com a chegada da PM, os presentes começaram a se dispersar, mas uma mulher que não teve a identidade revelada, resistiu aos comandos e, por um momento, desacatou os policiais presentes, que a conduziram para a delegacia. 
Proibições
Com a divulgação do novo Decreto Estadual nº 20.329, fica proibida a comercialização de bebidas alcoólicas em bares, restaurantes, supermercados e similares no período de 23 de março a 5 de abril.
O intuito da aplicação do novo Decreto, é evitar aglomerações durante o período referente ao feriado da semana santa.
Publicado em BAHIA E REGIÃO
por.: ASCOM-BA
O Governo do Estado da Bahia prorrogou até o dia 5 de abril o toque de recolher em todo o território baiano, ficando determinada a restrição de locomoção noturna das 18h às 05h.
O decreto que determina as medidas está publicado na edição do Diário Oficial do Estado desta quinta-feira (25), e proíbe a qualquer indivíduo a permanência e o trânsito em vias, equipamentos, locais e praças públicas no horário estabelecido.
Também fica vedada, em todo o território do estado, a prática de quaisquer atividades esportivas coletivas amadoras até o dia 5 de abril. Serão permitidas as práticas individuais, desde que não gerem aglomerações.
Seguem suspensos eventos e atividades, em todo o estado, independentemente do número de participantes, ainda que previamente autorizados, que envolvam aglomeração de pessoas, tais como: eventos desportivos coletivos e amadores, cerimônias de casamento, eventos recreativos em logradouros públicos ou privados, circos, eventos científicos, solenidades de formatura, passeatas e afins, bem como aulas em academias de dança e ginástica, até o dia 05 de abril.
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Por Kleber Tomaz, G1 SP — São Paulo.

enfermeira Mônica Calazans, primeira pessoa vacinada no Brasil contra a Covid-19, relata caos em hospitais de São Paulo por causa do aumento no número de pacientes internados com a doença. Segundo o Conselho Regional de Enfermagem (Coren), o sistema hospitalar no estado está comprometido em razão da "capacidade dos leitos já esgotada ou próxima do esgotamento em vários municípios".

“Eu acho que o caos está por conta das internações [nos hospitais]. O número de internações está muito grande. O número de casos está aumentando. Essa é a grande questão”, falou Mônica na última sexta-feira (19) ao G1.

Até quarta-feira (22), São Paulo tinha mais de 30 mil internados com coronavírus em hospitais. Desse total, aproximadamente 12 mil eram pacientes infectados pelo vírus que estavam em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Com os dados incluídos nesta quarta, o estado chegou ao total de 68.904 óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia e 2.352.438 casos confirmados.

“Apesar de todo esse caos que a gente está passando, eu peço muito a Deus proteção para mim quando saio para cuidar das pessoas”, disse Mônica, que continua atuando como enfermeira na linha de frente de combate à Covid.

Em 17 de janeiro, ela ficou conhecida ao tomar a primeira vacina Coronavac no país. Depois, em 12 de fevereiro recebeu a segunda dose.

 
Número de internações por Covid em SP mais do que dobra em março em relação a fevereiro
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Mas, aos 55 anos de idade, ela quer ser reconhecida mesmo por trabalhar em dois hospitais da capital: o Pronto Atendimento (PA) de São Mateus, na Zona Leste, e o Emílio Ribas, no centro.

Segundo Mônica, essas unidades estão lotadas de pacientes com suspeita de Covid e casos confirmados da doença.

“Tudo lotado”, falou na sexta-feira (19) ao G1 a enfermeira sobre a situação do PA São Mateus, antes de sair de férias de lá, no início de março. “Muita gente procurando, muito paciente grave, e esse problema, que a gente está enfrentando, que é a questão das vagas nos hospitais”.

No Pronto Atendimento, Mônica, outros enfermeiros e a equipe médica atendem casos suspeitos de coronavírus. Como lá não é uma unidade de internação, os pacientes que precisam ser internados aguardam em quatro macas a abertura de vagas nos hospitais para tratamento em leitos ou em UTIs.

Em março, começou a aumentar o número de pacientes nessa situação de aguardar vagas. Como outros hospitais que estão recebendo pacientes também estão lotados, acabam impactando”, falou Mônica.

Segundo ela, a lotação nos grandes hospitais impede a transferência de pacientes que precisem de internação para esses locais. “Isso não acontece somente com o PA São Mateus. Isso acontece com todos os outros hospitais, com todas as outras unidades que não têm estrutura para o paciente ficar internado.”

Um dos hospitais que podem receber os pacientes é o Emílio Ribas, onde, desde maio do ano passado, Mônica trabalha em UTIs com contrato emergencial por conta da pandemia.

Lotado, lotado, lotado. Você não tem noção. Você não tem noção. Está lotado”, disse Mônica sobre os dez leitos de UTI exclusivos para Covid no Emílio Ribas. “Eu nunca vi o que a gente está passando hoje, nunca. Trabalhei 23 anos dentro de uma UTI, eu nunca peguei uma situação dessa”.

Segundo a enfermeira, nesse mais de um ano em que trabalha na linha de frente no combate à Covid, o que mudou foi o perfil dos internados com a doença.

“Ano passado, o idoso era o foco. Você recebia muito idoso, de 72, 74, 80, 81 [anos], nessa faixa etária. E hoje já não, você pega 45, 36, 26”, disse Mônica. “Pacientes com idade de 26 anos sem comorbidade. Até hoje ninguém conseguiu explicar isso. Ela é cruel, ela é cruel. É uma doença que não escolhe quem ataca.”

Mônica falou da tristeza no que chamou de “distanciamento familiar” em razão da doença. “O que mais me marcou nesse um ano foi o ‘distanciamento familiar’. É muito triste quando você põe o paciente na ambulância e fala para um familiar: você não vai junto”, disse a enfermeira.

Emoções diversas já foram sentidas por Mônica durante a pandemia. Seja a de felicidade por descobrir que um paciente se recuperou. Seja a de tristeza ao saber que um deles morreu. Ela já perdeu a conta do número de pacientes que viu morrer em razão do coronavírus.

“Um número grande, eu não consigo te falar em número”, disse ela, que conta o número de pessoas conhecidas que perdeu para a doença. “De amigos, 11. Sete eram da área da enfermagem, auxiliar, técnico... nesta semana, eu perdi três vizinhos próximos. E um da igreja.”

Mônica conta que sai de casa para trabalhar e ir ao mercado. Mas sempre protegida com máscara, e usando álcool em gel. Além de evitar aglomerações. De acordo com as autoridades sanitárias, essas medidas reduzem o risco de contrair o vírus.

“As pessoas precisam ter é consciência. Sair de casa se houver necessidade mesmo”, falou a enfermeira, que lamenta a realização de festas com aglomerações de pessoas. “Essas festas clandestinas que acontecem... Fica também difícil controlar tudo isso. Acho que depois dessa pandemia muita gente vai rever os seus valores.

Enquanto isso, Mônica só tem uma certeza. “O meu papel agora é esse: conscientização das pessoas. A gente precisa dar um breque enquanto todas as pessoas não forem vacinadas. Mas até você colocar isso na cabeça das pessoas é muito difícil. Mas a gente não pode desistir. ”

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